Conversa Firme

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Capítulo VIII

Assunto de brigas


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Notas do Além, quanto à brigas,

Prezada Tereza Marta,

É aquilo que você pede

No texto de sua carta.


Existe uma briga boa,

É aquela de que provém

A ideia de se fazer

A paz, o progresso, o bem…


Algum de nós tem um plano

Para a vida em derredor,

Surge alguém apresentando

Um plano muito melhor…


Escutam-se bate-bocas,

Pareceres diferentes,

Amarguras momentâneas,

Companheiros descontentes…


Parece uma tempestade…

Toda a equipe em convulsão…

Mas se o bem palpita em todos,

O conflito não foi vão.


Afirma-se a caridade,

A tolerância aparece,

A humildade acende a luz

No combustível da prece.


Ressurge o clima do amor

Na paz que se lhe consente,

A briga deixa de ser

E o trabalho segue à frente.


Esta é a rixa proveitosa

Em que o melhor se detém,

Construindo e restaurando

Sem prejuízo a ninguém.


Entretanto, o desacordo

No capricho pessoal

É sempre invasão das trevas

Trazendo a forca do mal.


Nós mesmos, quanto ao assunto,

Ao tempo que nos alcança,

Temos histórias amargas

Arquivadas na lembrança.


Matilde brigou com Nélia

Em rumorosa contenda,

Com três mortes sem razão

Nos colonos da fazenda.


Zequinha entestou com Lopes

Disputando bagatela,

Depois fizeram as pazes…

Quem morreu foi Felisbela.


Recorde as velhas demandas

No Roçado da Mutuca…

Com tiro vai, tiro vem,

Morreu a filha de Juca.


De tanta luta em família

Enlouqueceu Dona 1rene,

Ateando fogo em casa

A jorros de querosene.


De tanto atrito no lar,

Na Fazenda Serafina,

Neneco perdeu a casa

Com fósforo em gasolina.


A briga nas boas obras

Com problemas de alarmar,

São outras tantas histórias

Que precisamos lembrar.


O Centro da Caridade

Por brigas de Conceição,

Depois de tanto trabalho

Acabou de supetão.


O Círculo da Bondade

Feito por damas de prol,

Apagou-se pelas brigas

De Donana do Paiol.


Irmão Nico ergueu o grupo:

— “A Paz Que Nunca Se Atrasa” —

Mas brigou com tanta gente

Que arrasou a própria casa.


Havia um Grupo de Estudo,

Na antiga Mata das Flores,

A briga enrolou a escola

Em chusmas de obsessores.


Brigava tanto, mas tanto,

O nosso irmão Nicolau,

Que após seis anos de prece,

Transformou-se em bate-pau.


É isso aí, minha irmã,

No lugar em que estiver,

Aja muito, fale pouco,

Faça o melhor que puder.


Quanto ao mais, no dia a dia,

Fique ligada no bem,

Que a briga, de qualquer modo,

Não dá camisa a ninguém.




Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier

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