Capítulo V

Males menores


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Maldade é sempre treva no coração, que nos cabe evitar a benefício dos outros e em favor de nós mesmos.

Entretanto, nos chamados males da Terra, é indispensável discernir as lições do Senhor nos mínimos ângulos de cada dia, para que lhes percebamos a valiosa função na garantia do bem.

Observemos a natureza.

Quase sempre, a plantação é amparada pelos detritos do campo para atingir a produção desejável.

Para que o leito do rio se não desfaça, atendendo aos requisitos do charco, a dureza da pedra e a secura da areia lhe defendem a segurança.

O minério anônimo, para entrar no campo das formas, não prescinde do fogo que lhe plasma as figurações.

E o próprio pão que regala à mesa é sempre um fruto da bondade da vida, filtrado através de dilacerações incontáveis.


Aprendamos a receber os males menores que nos asseguram paz e triunfo sobre os grandes males do mundo.

Rara percentagem das súplicas que sobem da Terra ao Céu recolhe, de retorno, a assistência precisa, na forma imediatista de alegria ou de reconforto.

Quase todas, para alcançar o objetivo a que se propõem, obtêm do Senhor os males menores por resposta providencial e oportuna.

Aqui, é uma enfermidade-socorro que te preserva o Espírito contra o assalto das tentações.

Ali, é um obstáculo-bênção que te impede a adesão à irresponsabilidade e à loucura.

Além, é um amor-ferramenta que te obriga ao sacrifício constante, na sublimação de ti mesmo.

Acolá, é um desencanto-auxílio, constrangendo-te ao reajuste da própria alma.

Adiante, é uma dificuldade-luz, impelindo-te à comunhão com as Esferas Superiores.

Abençoemos as pequenas aflições e os humildes tropeços da estrada, de vez que a luta bem vivida e o trabalho bem realizado constituem os únicos recursos de ascensão ao verdadeiro bem.


Muitas almas com os bens aparentes do mundo compram apenas desilusão e tragédia, amargura e arrependimento, enquanto que muitas outras se elevam diariamente da vida física às culminâncias da Luz, conduzidas pelos supostos males que lhes minavam a passageira existência.

Recordemos a cruz do Cristo… Quando se ergueu, diante dos homens, era humilhação e derrota, mas, aceita com amor e renúncia, converteu-se em caminho de paz e ressurreição.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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