Dádivas de Amor

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Capítulo V

Peregrinação


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Sofres, alma querida, os contratempos

Do dever a cumprir… O anseio, a prova,

O medo, a incompreensão, a insegurança…

E isolas-te no lar, cuja paz te renova.


Quando a tristeza te procure a vida,

Não te acomodes sob o desalento…

Ouve os irmãos do mundo que te buscam,

Marcados de fadiga e sofrimento.


Venho de minha ronda costumeira…

Numa choça de latas e bagaços,

Vi pobre mãe, a sós, ninando em pranto

Um filho morto nos seus próprios braços.


Num telheiro a cair, encontrei um velhinho…

Ele viu-me e falou em voz sumida e mansa:

— “Moça, eu estou morrendo a pedir quem me faça

Uma prece de paz e de esperança…”


Mais adiante, achei um hanseniano amigo

Que, em me vendo, clamou: — “Minha irmã,

[por quem és,

Dá-me água, por Deus! Já não mais me equilibro!…

Quero buscar o poço e caíram-me os pés…”


Logo após, descobri triste mulher enferma,

Erguendo, quase morta, a seguinte oração:

— “Meu Deus, além do amparo que me envias,

Se possível, Senhor, dá-me a bênção de um pão…”


Por isso, coração, não te dês à amargura,

Esquece-te a servir, sem perguntar a quem…

O Cristo que buscamos nos espera,

Entre leiras de amor, na plantação do bem.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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