Dádivas de Amor
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Alma querida, às vezes, choras Na rotina que acolhes por dever Pelo fio das horas Que o relógio te aponta No que tens a fazer. É a profissão que te reclama tempo, É o lar, pedindo-te atenção, Através de pequenos compromissos, E o tempo voa Qual dádiva do Céu que passa em vão. Mas a rotina inclui outros problemas: É o carinho de alguém que chega de improviso, É o amigo que vem Recordar quanto é preciso Trabalhar para o bem. É o parente que chega para confidências, Largou-se do trabalho por minutos, Num estreito intervalo. Fala das provações que está sofrendo E faz-se imprescindível confortá-lo. E o dia passa nas tarefas E nos encontros com que não contavas… O Sol se foi e eis que a sombra se inclina Por toda a casa e ouço-te o lamento: — “Como é triste a rotina!” Entretanto, alma irmã, ainda hoje, Pude cumprimentar pessoas generosas Aturdidas por amargura imensa… Desejam trabalhar mas não conseguem, Algemadas ao peso da doença. Acompanhei equipes de visita Aos irmãos que tateiam livros, vasos, flores, Segregados em rude solidão… Anseiam abraçar amigos que aparecem Mas estão cegos da visão. Diversos companheiros vi, de perto, Mostrando no silêncio Raciocínios agudos… Pretendem dialogar, trocando ideias, Entretanto, estão mudos. Abeirei-me de muitas criaturas Em estradas e ermos esquecidos Aguardando o socorro que não vem… Recordam com saudade os entes que mais amam E não surge ninguém!… Reflete nos irmãos, em grandes provas, Que vivem sem a mínima esperança, Da esperança que adoça os dias teus… E, louvando a rotina que te guarda, Rende graças a Deus!… |
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