Diálogo dos Vivos
Versão para cópiaDiante da atualidade
As presentes ocorrências do mundo nos levaram, antes da reunião, a longas conversações sobre os problemas da preservação do homem, no tocante à paz. Lembrávamos as guerras do passado e os conflitos da nossa época, imaginando como deve ser o nosso comportamento diante das grandes lutas da atualidade.
Como agir contra a insegurança? De que modo assegurar a tranquilidade e os valores da existência? Com semelhantes perguntas em nossa mente fomos aos estudos programados. O Livro dos Espíritos nos ofereceu a questão 738 a exame. () E vários comentaristas se expressaram sobre o tema.
Ao final das atividades o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio em nome dos companheiros e em meu próprio nome, rogando a sua cooperação para que seja lançada com os seus comentários em nossas publicações conjuntas.
Nas grandes calamidades que irrompem na Terra, cada criatura pode construir o seu próprio refúgio.
Comumente no mundo interpretamos por abrigo a fatia de espaço fechado que destinamos aos serviços de proteção e segurança.
Entretanto, embora respeitemos os redutos a que se acolhem as multidões nas horas de crise, buscando a preservação própria, consideramos que ainda mesmo segregada em forte redoma, do ponto de vista material, a pessoa humana não está livre da trombose ou da parada cardíaca, do colapso nervoso ou da tensão emocional. Isso nos induz a reconhecer que em qualquer situação difícil, muito acima dos lugares de privilégio, precisamos de apoio íntimo que nos faculte serenidade e discernimento. Uma fortaleza na qual possamos colaborar dignamente na supressão do tumulto por fora, conservando a paz por dentro.
Não obteremos isso, porém, fugindo da realidade, mas enfrentando-a através da ação construtiva, de modo a descortinar-lhe todas as lições e aproveitá-las.
Nunca disporemos de asilo seguro, escondendo-nos em praias desertas, bojos metálicos, covas de pedra ou furnas da natureza.
O abrigo real de cada um está no íntimo de si mesmo.
A certeza de que não nos achamos sós nos campos do Universo, a confiança na sobrevivência do Espírito além da morte, a fé na sabedoria da vida, a aceitação do dever de praticar o bem e a dedicação à ordem são materiais dos mais importantes com que se constrói a cidadela da consciência tranquila.
À frente de semelhante verdade, não temas a ventania das paixões desencadeadas, quando as tempestades da renovação agitam a Terra.
Conserva a calma e confia no Poder Maior que te insuflou a força da vida. Calma, no entanto, não significa inércia. Define o estado íntimo de quem se prepara, a fim de fazer o melhor, sejam quais forem as circunstâncias.
Ora trabalhando e espera construindo.
E, convençamo-nos todos, em todas as eventualidades, de que o abrigo invulnerável está sempre em nós mesmos, quando aceitamos a responsabilidade de viver com base na justiça e na misericórdia de Deus.
Há muitas expressões impróprias na linguagem humana Quando falamos dos finados, daqueles que morreram, damos à morte um sentido absoluto que ela jamais possui. O que se finda com a morre não é o ser humano, mas apenas uma existência do ser imortal, numa breve passagem pelo Plano Físico. Mas a intuição da eternidade da vida gerou também algumas expressões acertadas. Ao falar de restos mortais, colocamos o problema da morte em seus devidos termos. Restos, nada mais do que restos de um processo biológico pelo qual o ser humano real se liberta do seu envoltório animal.
Que segurança queremos ter no frágil escafandro do corpo? Que abrigo nos pode dar a garantia de preservação diante do perigo? Em que espécie de refúgio poderemos escapar da morte? Não obstante, essa garantia que procuramos no Exterior está em nós mesmos, em nossa própria natureza de seres imortais. A vida aparente extingue-se com a morte, mas a vida real nunca se extingue.
Geração e corrupção constituem os pólos da existência física. Aquém de um e além de outro, a verdadeira vida se mantém inalterável. Trazemos essa verdade em nós como potência, mas precisamos transformá-la em ato na nossa consciência para podermos superar as ilusões do efêmero. Inútil querermos agarrar-nos a uma vida que se esvai a cada minuto que passa. E chamamos a isso atitude positiva, quando a positividade está precisamente no contrário, na certeza de que nada nos pode livrar da morte corporal.
Mas temos uma tarefa a cumprir nesta breve existência. Temos de aprender a confiar no espírito. E para isso precisamos desenvolver as nossas faculdades espirituais. O egocentrismo exagera o instinto de conservação. Mas as guerras, os flagelos, os cataclismos esmagam o nosso egoísmo e nos obrigam a sair de nós mesmos e nos tornamos capazes das virtudes heroicas que nos elevam acima de nós mesmos. Foi isso que o Cristo ensinou ao dizer que os que se apegam à vida perdê-la-ão, mas os que a perderem por amor à verdade a encontrarão.
A morte não é o fim. Nunca seremos finados. A morte é apenas a passagem de uma condição perecível para a incondição da verdadeira vida.
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