Doutrina e Aplicação

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Capítulo III

Servir em silêncio


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[Meu caro Átila.] O discípulo do Senhor não é chamado tão somente ao curso verbal. Aprendizado e aplicação constituem a realização.

Não te prendas, desse modo, à indagação que perde o valor do tempo. Pensa e age ao padrão de idealismo redentor que abraçaste.

As sementes divinas devem frutificar em nossos próprios caminhos, através do esforço perseverante.

Na fase evolutiva que nos é própria, vemos aqueles que possuem a vida e os que são possuídos por ela. Os primeiros aproveitam o dia, enriquecendo-se de valores permanentes, no rumo das aquisições eternas. Os segundos são aproveitados pelas forças que orientam as horas, no jogo das circunstâncias fatais.

Uns criam luz e sabedoria. Outros descansam e sofrem os conflitos da sombra.

Governando com as diretrizes superiores, convertem-se na instrumentalidade dos Celestes Desígnios. Submetendo-se às causas de ordem inferior, perseguem a ociosidade, ainda mesmo quando o regalo inútil se lhes apresente aos olhos mortais com rotulagem fascinante.

Necessário se faz marcharmos, com desassombro e serenidade, dilatando a capacidade receptiva, à frente da Majestade Criadora.

O fenômeno nos Círculos físicos e espirituais não têm outro objetivo senão acordar a mente para a revelação do Mais Alto.

Provar a divindade em nós — herdeiros da Grandeza Universal — é muito mais que positivar a sobrevivência, além da morte.

Guardar a bondade e o entendimento na direção do Amor Supremo vale mais que o poder de demonstrar a existência dos anjos.

O Reino do Senhor começará no indivíduo ou jamais se estabelecerá na Terra, porque Deus visita o homem e educa-o através do próprio homem.

O processo de autoaprimoramento, na sublimação do raciocínio e do sentimento transforma-nos em servos da Lei Soberana e Compassiva, constituindo, em nossa esfera de edificações presentes, o ministério maior.

Espiritualizemo-nos, portanto, no caminho da perfeição e prossigamos com Jesus.

Não importa a incompreensão. Cada criatura vê o horizonte que os próprios olhos podem abranger.

Quem ama não discute. Serve em silêncio, semeia o bem à distância da preocupação de recompensa e segue adiante.

O trabalho cristão é a nossa alavanca renovadora.

Busquemos a ciência, realizando a santidade.

Os dias escoam-se apressados. As formas refundem-se, incessantemente.

A morte que modifica e seleciona, pune e corrige, atinge os próprios mundos.

Detendo o Tesouro do Conhecimento Divino, elevemos nosso coração aos santuários eternos.

Responsáveis pelas dívidas que criamos no passado, com a falsa aplicação das bênçãos recebidas, somos também candidatos à riqueza imperecível do futuro.

Situados entre os séculos que se foram e os milênios que virão, temos um diamante sublime a lapidar para o Supremo Senhor — nosso próprio coração, que dorme ainda no berço de aspirações primárias, bafejado pelos raios de luz celeste.

Aperfeiçoemos o caminho, aperfeiçoando-nos.

Trabalha e auxilia sempre, auxiliando a ti mesmo.

Unamo-nos espiritualmente, em derredor do Cristo. Gravitemos, felizes, em torno d’Ele.

O sol comunica-se com o verme, a milhões de quilômetros.

O Mestre sustentar-nos-á, igualmente, nas profundezas de nossa humildade, abençoando-nos os propósitos de ascensão, com a luz do Seu Inextinguível Amor.




Agostinho
Francisco Cândido Xavier


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