Parábolas e Ensinos de Jesus

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CAPÍTULO 98

O PARALÍTICO DA PISCINA

“Havia uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Ora, em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, há um tanque, que em hebraico se chama Betsaida, o qual tem cinco alpendres. Nestes jazia um grande número de enfermos, cegos, coxos, paralíticos, esperando que se movesse a água. Porque descia um anjo em certo tempo ao tanque, e agitava a água;

e o primeiro que entrava no tanque, depois de se mover a água, ficava curado de qualquer doença que tivesse. Achava-se ali um homem, que havia trinta e oito anos estava enfermo. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim desde muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são?

Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água for movida; mas enquanto eu vou, outro desce antes de mim. Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.

Imediatamente o homem ficou são, tomou o seu leito e começou a andar.

Era sábado aquele dia, pelo que disseram os Judeus ao que havia sido curado: Hoje é sábado, e não é lícito levar o teu leito. Ele respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda. Eles lhe perguntaram: quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?

Mas o que havia sido curado, não sabia quem era, porque Jesus se tinha retirado, por haver muita gente naquele lugar. Depois Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha, já estás são; não peques mais; para que te não suceda coisa pior. O homem foi dizer aos judeus que Jesus era quem o havia curado. Por isso os judeus perseguiram a Jesus, porque fazia estas coisas nos sábados. Mas Jesus disse-lhes: Meu Pai não cessa de agir até agora e eu também; por isso, pois, os judeus procuravam com maior ânsia tirar-lhe a vida, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. "


(João 5:1-18.)

O progresso humano tem como base a Revelação. Ela a luz que em todos os tempos tem iluminado as gerações para que conheçam os esplendores divinos.

Sem Revelação não há Ciência, nem Arte; não há Filosofia, nem Religião.

Na infância do Espírito, a Revelação é como um véu que deixa passar unicamente uma certa porção de luz, para que não se lhe ofusque o entendimento; mas, à medida que o Espírito evolui; à proporção que a inteligência se desenvolve, o sentimento se aperfeiçoa e o Espírito cresce em conhecimentos, a Revelação lhe abre horizontes novos, auxiliando sua ascensão para a posse da liberdade total no seio dos espaços infinitos.

Se consultarmos a História da Ciência, veremos que os novos inventos e as novas descobertas são oriundos da revelação pessoal, cujo executor, Espírito missionário que aqui veio para tal fim, não é mais que um emissário do invisível que, no momento da realização de sua tarefa, é cercado dos Mensageiros da Imortalidade para o bom cumprimento da tarefa que veio desempenhar.

A navegação marítima e aérea; a locomoção terrestre pelo vapor e pela eletricidade, aí estão como provas do que dizemos, do progresso que nos anima bafejado pelo calor intenso da Revelação.

A Arte de hoje está mais aperfeiçoada que a de ontem.

Novos instrumentos têm facultado aos homens trabalho que ontem lhes seria impossivel executar.

O mesmo se vê na Filosofia e na Religião. Segundo a Lei Mosaica e o atraso daquela época, Deus vingava a iniquidade dos pais nos filhos até a 3a geração".

Por essa ocasião proclamava-se a lapidação de adúlteras na praça pública e prevalecia a lei da resistência: “dente por dente, olho por olho".

Depois, com a evolução religiosa, os profetas, sob o influxo da Revelação, ou seja, da comunicação dos Espíritos encarregados do progresso humano, projetaram mais intensamente a sua luz, até a recepção do Cristianismo, doutrina excelente que não se pode comparar ao Mosaísmo.

Daí a distinção da Velha e da Nova Dispensação: Antigo e Novo Testamento.

A Nova Dispensação marca uma nova era no mundo; pois, abolidos os artigos e parágrafos do Código Antigo, que lesavam a Lei do Perdão e da Caridade e proclamados estes Preceitos como único meio de salvação, deu-se Deus a conhecer na magnitude de seu amor, confirmando o que dissera pela boca do profeta: “Não quero a morte do ímpio, mas sim que o ímpio se converta e se salve. "


(Ezequiel 18:23.)

Na escala evolutiva dos conhecimentos religiosos, como em todas as manifestações do pensamento, a evolução, seja no terreno material ou no plano espiritual, não faz transições bruscas. Com muita razão disse o filósofo: Natura non facit saltus, “A Natureza não dá saltos".

A leitura da História Religiosa vem em apoio desta afirmação.

Na junção do Mosaísmo com o Cristianismo aparece a figura majestosa de João Batista, o maior dos Profetas, ora com o machado em punho a cortar pelas raízes as árvores estéreis, ora de pá, charrua e picareta, derrubando outeiros, arrasando montes, nivelando vales, de modo a aplainar veredas novas ao intelecto humano, onde a semente do Cristianismo deveria germinar, brotar, crescer, florescer e frutificar!

Entrelaçando num mesmo elo as verdades religiosas proclamadas na Antiga Lei com as erigidas pela Nova Lei, o Profeta separa e exclui, como quem separa o joio do trigo, as ideias nocivas ao desenvolvimento humano, para que possam prevalecer as verdades promissoras que o Cristo gravou nos corações dos que querem seguir seus passos amorosos.

Em torno dessas verdades se reuniram os humildes, os sedentos de justiça, os famintos de verdades novas, os sofredores vencidos ao peso do mundo, os aflitos a quem as trevas oprimiam a razão, os perseguidos por amor à Justiça, todos os que, extasiados ante a grande figura do Profeta, tomaram novas veredas, que deveriam conduzi-los a Jesus.

E foi para estes que o Mestre prometeu o galardão nos Céus; foi para estes que reservou as bem-aventuranças, inclusive a graça de serem chamados filhos de Deus, e de verem a Deus.

Enfim surgiu o Cristianismo, que apresenta uma concepção de moral inexcedível, embora no sentido filosófico e científico (pois o Cristianismo é Filosofia, Ciência e Religião). Mas o Cristo não disse tudo, dado o atraso do povo de então. Foi o que deu motivo à Terceira Revelação, a mais extraordinária e pujante manifestação da Vida na Eternidade.

A Humanidade não para a sua marcha e quando parece deter-se por um instante, as águas se agitam ao influxo dos anjos e os coxos continuam a caminhar em busca da perfeição!

Existia em Jerusalém uma fonte que o povo considerava milagrosa;

segundo acreditavam, periodicamente descia àquelas paragens um anjo, que movimentava as águas: o enfermo que se achasse no tanque no momento em que se movia a água, de lá saía completamente são.

Como é natural, uma romaria de estropiados procurava na água de Betsaida a cura para seus males.

Dentre um número avultado de coxos, cegos e paralíticos, que lá se achavam à espera que a água se moves-se, estava um homem que havia 38 anos ficara paralítico. Jesus, cujos olhares perscrutadores desciam aos foros mais recônditos da consciência humana, tomado de compaixão pelo mais enfermo de todos os doentes e o mais desprotegido que lá estava, e para dar um ensinamento que deveria repercutir através das gerações, sem aguardar a agitação das águas, ele próprio, revestido do poder que lhe vinha de Deus, deliberou curar o paralítico, cujos 38 anos haviam sido de martírio e, portanto, de reparação dos pecados que havia cometido. E com um gesto de generosidade se dirige ao enfermo e lhe diz: “Queres ficar são?" O doente, com sua crença infantil e sem conhecer aquele que consigo falava, lhe responde: “Senhor! Não tenho quem me ponha no tanque quando a água se mover. " Disse-lhe então Jesus: “Levanta-te, toma o teu leito e anda. " E imediatamente, ao influxo da Divina Palavra, a paralisia desapareceu; os membros desataram-se-lhe e o homem ficou são!

São muitos os ensinamentos que colhemos deste episódio. No primeiro realça o fato físico da cura, que ultrapassa todo o entendimento humano;

no segundo, o ensino moral que a Nova Revelação salienta e explica, tal como nenhuma outra filosofia é capaz de fazer.

A poderosa ação de Jesus, cuja autoridade sobre os Espíritos maléficos era extraordinária, aliada à manipulação dos fluidos atmosféricos convertidos em substância medicamentosa, explica a cura do enfermo há tantos anos paralítico.

A Fluidoterapia já representa hoje um papel de destaque na Medicina e os próprios médicos não desconhecem o seu valor, embora lhe dêem nomes novos, como sugestão, hipnotismo, etc. Esse método de curar foi usado pelos apóstolos e discípulos de Jesus, e os médiuns-curadores dele se utilizam, atualmente, com grande proveito.

O Espiritismo, revelando à Humanidade onde haurir as forças e consolações nas vicissitudes da vida, ensina que podemos perfeitamente, por intermédio dos mensageiros de Deus, conseguir a cura de nossos males.

Não há milagres nesta ordem de fatos, mas simplesmente fenômenos de uma natureza toda espiritual, que os inscientes não podem compreender por não se dedicarem ao estudo de suas leis e à investigação de sua origem.

Encarado pelo lado científico, o fato aí está, tal como narra o Evangelho, e em Ciência não é costume admitir-se unicamente palavras;

exigem-se fatos, e fatos que se possam verificar, como aconteceu ao do paralítico da piscina, o qual não passou despercebido aos sacerdotes do tempo de Jesus.

Encarando a narração do Evangelho pelo lado moral, perguntamos a nós mesmos: por que só um enfermo mereceu a graça de cura sem a agitação das águas, enquanto os outros permaneceram esperando o momento azado para entrar no tanque?

É que, sem dúvida, todos os que ali estavam, como acontece ainda hoje com a maioria dos enfermos que buscam as curas espíritas, buscavam unicamente a cura do corpo, a cura dos males físicos, enquanto que o paralítico provavelmente não só desejava a liberdade do corpo, como também a do Espírito.

A “água movida" poderia restabelecer o físico, mas, como matéria que é, não atingia a alma. É o que acontece às águas de várias fontes, mesmo do nosso país — Caldas, Lindóia, Caxambu, Cambuquira.

As nossas águas termais curam também os que têm dinheiro e que delas se abeiram em estações. Os que não o têm, ficam ao redor das piscinas sem terem quem os ponha nos tanques, ao moverem-se as águas, mas, muitas vezes, recebem do Alto a virtude que os liberta dos males. E assim como a água do Poço de Jacó não saciava e nunca saciou completamente a sede da samaritana, a água da piscina, a seu turno, não podia também curar completamente os enfermos; era uma cura aparente, exterior, que deixava os enfermos, sujeitos a moléstias ainda mais graves.

Mas o ponto principal do trecho evangélico é que, sem entrar na piscina, o paralítico havia 38 anos, ficou são.

Mas qual o motivo, já perguntamos, por que Jesus limitou a cura a um, quando tantos se achavam em redor da piscina? Seria porque Jesus não poderia ou não quereria curar os outros?

É, talvez, porque só o paralítico, pela sua crença estivesse apto a receber a cura, e os outros, não. É, com certeza, porque os outros não acreditavam que Jesus pudesse curá-los, e tivessem mais fé na água da piscina do que no Mestre; preferiam a água material à espiritual!

Pode ser ainda porque os demais, em grande atraso espiritual e moral, rejeitaram as exortações do Mestre, pois não era costume ir Jesus curando cegamente sem anunciar aos enfermos a Palavra da Vida.

Parece não haver dúvida sobre esta hipótese da exortação. As palavras do Mestre, ao encontrar-se ele com o paralítico no templo — “Olha, não peques mais para que te não suceda coisa pior", dão indício de que houve, por ocasião da cura, exposição doutrinária que enunciou o motivo da moléstia.

Ocorrendo a cura do paralítico num sábado, os Judeus, que eram fiéis observadores dos dias, das horas, das práticas exteriores e ritos de sua Igreja, revoltaram-se contra Jesus por haver “violado o sábado", e quiseram impedir o “curado" de levar sua cama. Mas os recém-sarado, sem obedecer ordens subalternas, limitou-se a responder: “Aquele que me curou, disse — Toma o teu leito e caminha. " “Ele me disse que caminhasse, eu não posso deixar de ouvir sua palavra para ouvir a vossa, que nunca teve poder de me curar, nem mesmo de me colocar no tanque quando a água se movia. " Voltando à recomendação de Jesus — “Olha, não peques mais para que não te aconteça coisa pior", parece querer o Mestre dizer ao paciente, como nos íamos referindo, que aquela enfermidade tinha por causa o pecado que ele cometera. Cessada que foi a ação do pecado, sob a palavra de Jesus, cessou imediatamente a moléstia, sendo restituída a liberdade ao doente.

Mas os judeus eram cegos de Espírito, não viam o que Jesus lhes mostrava; como acontece com a maioria da Humanidade atual, ainda semelhante a um rebanho de ovelhas cegas guiado por cegos, os judeus, em vez de aprenderem a lição que lhes era oferecida, deliberaram perseguir a Jesus, sob o pretexto de que ele curara num sábado!

Então o Mestre dirige-se animosamente a eles e diz-lhes: “O meu pai não cessa de agir", quer dizer: “O que está descrito na vossa Lei, que Deus descansou no 7o dia, após a criação do mundo, não é verdade, porque Deus, o meu Pai, trabalha sem cessar, e eu também trabalho sempre. " E assim, prodigalizando a todos os momentos de sua vida na Terra, lições substanciosas e edificantes aos que dele se acercavam, Jesus estabeleceu o amor a Deus e a Caridade, princípios básicos da Religião que devemos abraçar.

A RESSURREIÇÃO - O ESPÍRITO - A FÉ “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos, ouvirão a voz do Filho do Homem e sairão: os que fizeram o bem para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição do juízo. "


(João 5:28-29.)

“Quando vier o Espírito da Verdade, que procede do Pai, dará testemunho de mim, e vós também dareis porque estais comigo desde o começo. "


(João 15:26-27.)

“Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações; e eu vos confiro domínio real, assim como meu pai mo conferiu, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino; e vos sentareis sobre tronos para julgardes as doze tribos de Israel. "


(Lucas 22:28-30.)

“O Espírito é que vivifica, a carne para nada aproveita. "


(João 6:63.)

“Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a este sicômoro: arranca-te e transplanta-te no mar; e ele vos obedeceria. "


(Lucas 17:6.)

Completara-se o período de 40 dias durante o qual Jesus, Senhor e Salvador nosso, depois da crucificação e morte de seu corpo, permanecera com seus discípulos, congregando-os num mesmo Espírito para que pudessem, Igreja Militante, dar começo à nobre missão que lhes havia sido outorgada.

As aparições diárias de Jesus àquela gente que deveria secundá-lo no ministério da Divina Lei, haviam abrasado seus corações; e seus suaves e edificantes ensinamentos, cheios de mansidão e humildade, tinham exaltado aquelas almas, elevando-as às culminâncias da espiritualidade, saneando-lhes o cérebro e preparando-os, vasos sagrados, para receber os Espíritos santificados pela sua Palavra, como antes lhes havia ele prometido, conforme narra o Evangelista João.

Tinha o Mestre de deixar a Terra, transpor os mundos que flutuam em derredor do Sol e elevar-se à sua suprema morada, para prosseguir na tarefa que Deus lhe confiara.

Avizinhava-se o momento da partida. Ele iria, mas com ampla liberdade de ação. Sempre que lhe aprouvesse viria observar o movimento que se teria de operar entre as “ovelhas desgarradas de Israel", as quais ele queria reconduzir ao “sagrado redil".

Ao dar-lhes suas últimas instruções, recomendou-lhes que não saíssem de Jerusalém, (Lucas 24:49), onde veriam o cumprimento da promessa de que lhes falara, e que era a comunhão com o Espírito.

Nesse ínterim, os discípulos o interrogaram a respeito do tempo em que o reinado de Deus viria estabelecer-se no mundo. Ao que lhes respondeu: “Não vos compete saber tempos nem épocas da transformação do mundo, mas sim serdes minhas testemunhas em toda a Terra, da Doutrina que ouvistes, para que o Espírito seja convosco. " Deveriam os discípulos identificar-se com o Espírito e conhecer o Espírito da Verdade, para, com justos motivos, anunciar às gentes, a Nova da Salvação que liberta-las-ia do mal.

Quem seria, pois, esse Espírito da Verdade, esse extraordinário Consolador que, portador de todos os dons e com todos os poderes, viria realizar tão grande missão?

Seria um ente singular, miraculoso, abstrato, sem significação decisiva e patente para os novos arautos, propulsores do progresso humano?

Certamente que não. O Espírito Santo, Espírito da Verdade. Espírito Consolador, conquanto representado em unidade a Ciência o Amor, a Filosofia, há de forçosamente constituir a coletividade de Espíritos evoluídos, não mais sujeitos às vicissitudes terrenas, e em completa harmonia de vistas para o bom exercício da alta missão que, de fato desempenharam e continuam a desempenhar.

O Espírito Santo não é um símbolo, uma entidade abstrata, misteriosa, mas as altas individualidades, os ilustres sábios e santos do Mundo Espiritual, que assumiram o encargo de executar a lei Divina, e o fazem aqui na Terra pelo ministério dos profetas, ou seja, pelos médiuns, porque profeta, na linguagem antiga, outra coisa não é senão médium.

O Evangelho emprega no singular a expressão Espírito Santo, não para designar uma pessoa, mas uma coletividade, como nós empregamos a palavra governo, para exprimir a junta governativa de um país ou de uma cidade.

Os discípulos que iam receber a investidura de Apóstolos, constituíam a Igreja Militante, isto é, a que age na Terra; assim como os Espíritos que compõem a unidade santificante, constituem a Igreja Triunfante.

De maneira que, em rigor, podemos afirmar que, atualmente, segundo se depreende do trecho, Pedro, Paulo, João, todos os Apóstolos e os chamados Santos que se distinguiram por suas virtudes, fazem parte dessa Unidade — Espírito Santo, assim como no tempo em que eles estavam no mundo, outros Espíritos Santos, do mundo Espiritual, vieram testemunharlhes e transmitir, por seu intermédio, as mensagens divinas que lhes cabia divulgar.

Mas, narram os At que, havendo Jesus concluído os ensinos preparatórios para que seus discípulos pudessem receber o Espírito, estes viram o Grande Messias, de volta à eterna morada, ir-se elevando aos ares até que desapareceu as olhos de todos.

Maravilhados com tão singular ascensão, cheios de alegria, admirados do extraordinário poder do Divino Mestre, eles se mantinham, olhos fitos no céu, quando foram atraídos por dois elevados Espíritos que, trajando vestiduras brancas, se puseram a seu lado, e lhes perguntaram: “Galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus que se elevou neste momento dentre vós para ser acolhido nos Céus, pela mesma maneira virá, quando precisar visitar a Terra. "


(Atos 1:10-11)

Quantos fenômenos interessantes, quantos fatos espíritas de aparições, de comunicações, de visões, narra o Evangelho! Quantas provas de imortalidade deu o ilustre Nazareno a seus discípulos! Quantas luzes irradiam desta passagem que estamos estudando!

Como poderiam aparecer dois varões com vestiduras brancas, se não houvessem Espíritos no Espaço? Donde poderiam vir eles se não houvesse uma outra Vida além do túmulo? Como poderia Jesus ficar quarenta dias, depois de sua morte, com seus discípulos, se o homem fosse todo matéria?

E como poderia ele se elevar aos espaços se esse corpo, que sobrevive à morte corporal, não fosse de natureza espiritual, como o proclamou o Apóstolo dos Gentios! .

Foram esses fatos portentosos que ergueram os galileus conturbados pela morte de seu Mestre; foram essas aparições que os encheram de fé e fizeram que arrostassem todos os tropeços, afrontassem todos os suplícios, vencessem todas as barreiras! Foi o grito da Imortalidade que lhes despertou o raciocínio, venceu-lhes a timidez, vivificou-lhes o cérebro e o coração para que saíssem por toda parte a anunciar a todas as gentes, a Palavra do Deus Vivo, os esplendores da Vida Eterna!

Ao influxo de generosos sentimentos, cheios de vida, revestidos de energia, iluminados por essa Esperança que só a verdadeira Fé pode dar, é que eles, descendo do Monte das Oliveiras, onde haviam recebido as ordens do Filho de Deus, voltaram para Jerusalém, onde ficaram aguardando a recepção da ilustre visita do Espírito Consolador, para iniciarem a missão redentora que com tanta coragem desempenharam.

E, então, passaram, mais ou menos dez dias em profunda meditação, em fervorosas orações, mantendo, na doce calma do Cenáculo, os sentimentos da mais viva Fraternidade, que os envolvia com as meigas carícias dos olhares de Deus.

Dentre todos, além dos onze apóstolos, salientavam-se as santas mulheres, e o total formado era de 120 pessoas, que perseveraram unânimes em oração e recordando os altos ensinamentos que seu Mestre lhes legara.

A História do Cristianismo é a suave melodia que canta a glória desses acontecimentos maravilhosos de que nos falam as Escrituras, começados no Sinai e sancionados pelos reaparecimentos do Grande Enviado.

Quem estudar com boa vontade e critério, todo esse desenrolar de manifestações espíritas, todos esses fenômenos supra-sensíveis e supranormais relatados por todos os profetas e patriarcas referidos no Velho Testamento e referendados, no Novo, por uma soma não menos considerável de fatos, que estão em íntima ligação com o Mundo Espiritual; quem estudar com espírito desprevenido todas essas manifestações espíritas que tanta esperança nos vêm dar, não pode deixar de ter uma fé viva, robusta, inteligente, racional, de que o fim da Religião é preparar-nos, não só para a vida presente, como também e, especialmente, para a futura, onde, na Pátria Invisível, prosseguiremos nosso labor de aperfeiçoamento pua nos aproximarmos de Deus.

Justificada nesses princípios, nossa Fé se ergue poderosa, inabalável, semelhante àquela “casa construída sobre a rocha", lembrada na parábola.

É o sentimento da Imortalidade que nos anima, é a certeza da outra Vida que nos faz viver nesta com a fronte erguida, sem desfalecer, embora sangrando os pés por estradas pedregosas, dilacerando as carnes nos espinhos que tentam impedir nossa marcha triunfal para o Bem, para a Verdade, para Deus.

É, revestidos da Imortalidade, que singramos os mares borrascosos da adversidade em frágil batel, sem que ondas impetuosas nos afastem do norte da Vida.

Sem essas luzes que nos vêm do Além, sem essas claridades que surgem dos túmulos, sem esse poderoso farol habilmente manejado pelos Espíritos do Senhor, como poderíamos manter a estabilidade na Fé?

Sem dúvida alguma, o Espiritismo é a base em que se fundamenta essa crença que nos arrima e fortalece.

É ele ainda que nos ensina a benevolência, o amor, a humildade, o desapego aos bens do mundo; as altas lições de altruísmo, de abnegação que a Imortalidade nos impõe.

Como poderíamos, ante uma sociedade materializada e metalizada, renunciar a gozos, fortuna, posições, comodidades, se não tivéssemos a certeza das nossas convicções e se essas convicções não se assentassem em fatos positivos, palpáveis, visíveis, tangíveis que os Espíritos nos proporcionam?

Como poderíamos, nesta época de depressão moral que atravessamos, de mercancia vil, de rapina descarada, de toda sorte de baixezas, como poderíamos esforçar-nos para nos livrarmos da corrupção do século, até com prejuízo da nossa vida material?

Qual é o homem racional que, tendo certeza de que tudo acaba no túmulo, renuncia a fortuna, prazeres, bem-estar, em benefício de terceiros, em benefício de outros que terão também, forçosamente, como fim da existência, uma cova rasa no quadrado de um cemitério?

Qual é esse louco que, podendo comer, beber, folgar, alimentar-se do suco da vida, tendo certeza de que tudo termina com a morte, vai viver do bagaço, vai repartir o seu sangue com os maltrapilhos e párias que enchem as ruas e as praças?

Olhai as grandes catedrais com todas as suas pompas, perscruta seus sacerdotes, observa os felizes do mundo com suas comodidades, sua fortuna, inquiri suas crenças e vereis que a Fé não lhes anima o coração!

Saí pelas ruas, pelas praças, agitai a bandeira da imortalidade e vereis todos esses gozadores atirar sobre vós e o vosso estandarte, as mais duras imprecações, as mais loucas diatribes!

É que lhes falta a Fé para o raciocínio, falta-lhes o critério que nasce da mesma fé, falta-lhes a verdade para melhor se guiarem na trilha do dever imposto por Deus.

Entretanto, assim como pensam, agem. Só crêem nesta vida, aproveitam dela tudo o que ela tem de bom, porque, de fato, é irrisório e irracional sacrificar prazeres e comodidades para ter em recompensa as voragens do nada.

Sem a Fé, nenhum sentimento generoso poderá erguer a alma humana;

sem a Fé, nenhuma caridade, nenhuma esperança, nenhuma virtude pode nascer, crescer, florescer, frutificar na consciência dos homens.

A Fé é o principal motor da Religião, é o fator de todos os atos nobres, de todos os arroubos da alma, de todas as boas ações.

Ela remove todas as dificuldades para aquele que caminha para Deus;

brilha na inteligência como o Sol no espelho das águas; dignifica o homem, eleva-o, ilumina-o e o santifica!

Não há palavra que ocupe menor número de letras e mais saiba falar ao cérebro e ao coração.

Com uma só sílaba exprime tudo o de que necessita a criatura para conseguir a sua salvação.

Ter Fé é ter certeza nos nossos destinos imortais, é guiarmo-nos por essa estrada grandiosa, iluminada, que o Cristo nos legou.

Ter Fé é ser possuidor do maior tesouro que a alma humana pode adquirir na Terra.

Foi interpretando essa grande virtude, que Paulo dedicou toda a sua grande Epístola aos romanos à Fé, chegando a afirmar que todos os grandes da Antiguidade, pela Fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram as promessas, taparam as bocas aos leões, extinguiram a violência do fogo, evitaram o fio de espadas; de fracos se tornaram fortes, fizeram-se poderosos e puseram em fuga exércitos estrangeiros!

O Espiritismo vem fazer realçar estes três fatores do progresso humano: a Ressurreição, o Espírito e a Fé, como partes integrantes de um mesmo todo e Indispensáveis ao outro, testemunhos vivos que se afirmam e se completam.

Colunas principais do Cristianismo, são eles que nos dão a visão da Outra Vida, na qual colheremos os frutos do nosso trabalho, dos nossos esforços pelo nosso próprio aperfeiçoamento.




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Mateus 28:2

E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra, e sentou-se sobre ela.

mt 28:2
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Mateus 28:3

E o seu aspecto era como um relâmpago, e o seu vestido branco como neve.

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Mateus 28:4

E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados, e como mortos.

mt 28:4
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Mateus 28:5

Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi crucificado.

mt 28:5
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Mateus 28:6

Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia.

mt 28:6
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Mateus 28:7

Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dos mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito.

mt 28:7
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Mateus 28:8

E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos.

mt 28:8
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Mateus 28:9

E, indo elas, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram.

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Lucas 17:6

E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.

lc 17:6
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Lucas 17:6

E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.

lc 17:6
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Lucas 22:28

E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações.

lc 22:28
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Lucas 24:2

E acharam a pedra revolvida do sepulcro.

lc 24:2
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Lucas 24:3

E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.

lc 24:3
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Lucas 24:4

E aconteceu que, estando elas perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois varões, com vestidos resplandecentes.

lc 24:4
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Lucas 24:5

E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhe disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?

lc 24:5
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Lucas 24:6

Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galileia,

lc 24:6
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Lucas 24:7

Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.

lc 24:7
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Lucas 24:8

E lembraram-se das suas palavras.

lc 24:8
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Lucas 24:9

E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.

lc 24:9
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Lucas 24:10

E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos.

lc 24:10
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Lucas 24:11

E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.

lc 24:11
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Lucas 24:12

Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro, e, abaixando-se, viu só os lenços ali postos; e retirou-se admirando consigo aquele caso.

lc 24:12
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Lucas 24:49

E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai: ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.

lc 24:49
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João 5:1

DEPOIS disto havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

jo 5:1
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João 5:28

Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.

jo 5:28
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João 6:63

O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.

jo 6:63
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João 15:26

Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim.

jo 15:26
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João 20:2

Correu pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.

jo 20:2
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João 20:3

Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro.

jo 20:3
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João 20:4

E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.

jo 20:4
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João 20:5

E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou.

jo 20:5
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João 20:6

Chegou pois Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis,

jo 20:6
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João 20:7

E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte.

jo 20:7
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João 20:8

Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.

jo 20:8
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João 20:9

Porque ainda não sabiam a Escritura: que era necessário que ressuscitasse dos mortos.

jo 20:9
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João 20:10

Tornaram pois os discípulos para casa.

jo 20:10
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João 20:12

E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.

jo 20:12
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João 20:13

E disseram-lhe eles: Mulher, porque choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.

jo 20:13
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João 20:14

E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.

jo 20:14
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João 20:15

Disse-lhe Jesus: Mulher, porque choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.

jo 20:15
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João 20:16

Disse-lhe Jesus: Maria! Ela voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer, Mestre).

jo 20:16
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João 20:17

Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.

jo 20:17
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João 20:18

Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto.

jo 20:18
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Ezequiel 18:23

Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor Jeová: não desejo antes que se converta dos seus caminhos e viva?

ez 18:23
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Atos 1:10

E estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco,

at 1:10
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