Eles Voltaram
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Prefácio de Emmanuel
Caro leitor:
Este é um livro em que a saudade se transformou em certeza de reencontro.
Chorados no Plano Físico, os comunicantes amigos, que se fazem autores deste volume, regressaram do Mais Além com as notícias da própria sobrevivência.
As páginas aqui enfileiradas dispensam comentários nossos.
Leiamos quanto nos dizem os mensageiros que as entreteceram e os judiciosos apontamentos em torno. Na essência, ei-los afirmando que a morte não existe e que se encontram plenamente redivivos, exaltando a fé em Deus, honorificando os ensinamentos de Jesus e esclarecendo que a vida é imortal.
Uberaba, 30 de janeiro de 1981.
Carta de Evaldo Augusto dos Santos
— Minha filha, se algum dia você estiver com algum familiar ou alguém passando muito mal, não faça promessa para que Deus lhe dê vida, não. Diga o seguinte: Meu Deus, se for para felicidade dessa pessoa, para seu bem, dê-lhe vida! Caso contrário, que seja feita a Sua Vontade!
D. Vivita, quando recebeu este conselho de sua mãe, hoje uma sábia velhinha de 84 anos, nunca poderia imaginar que seis anos depois estaria dentro de um avião com um filho à beira da morte, e que este conselho lhe daria forças de sustentação. Ela esclarece:
— Dentro do avião eu tive muita força. Lembrei-me do conselho de minha mãe. Quis afastar essa lembrança, mas uma força maior disse-me: Faça o que sua mãe lhe ensinou. Então, com a mão no peito de meu adorado filho Evaldo, firmei o pensamento em Deus e disse baixinho: Meu Deus, meu Pai Todo Poderoso, se for para meu filho viver e ser feliz, dê-lhe vida, salve-o, eu Lhe imploro. Não sendo possível, que seja feita Sua santa Vontade! Nesse momento eu fui sentindo o coraçãozinho de meu filho diminuir as batidas, até a última. O piloto olhou para mim, eu fiz um sinal negativo com o dedo polegar para baixo, indicando que tudo estava acabado, sem que meu marido visse, com receio de que ele se sentisse mal. Só Deus mesmo para ajudar-me tanto. No dia seguinte, o aviador confessou-me: — A senhora é mulher de fibra, não se desesperou e eu tive cabeça para pilotar o avião.
Tarde ensolarada de 1º de junho de 1975.
Desde o dia anterior, quando houve uma festa de aniversário, a família de D. Vivita — seu esposo e filhos —, usufruía momentos felizes na fazenda de um casal amigo, distante 20 minutos de avião de Cáceres, cidade onde residiam, no Estado do Mato Grosso.
Evaldo, o menino mais velho, foi surpreendido pela sua mãe preparando-se para nadar no rio Paraguai. Ela já o havia alertado do perigo das arraias — peixes com caudas afiladas e providas de ferrões peçonhentos —, e o repreendeu:
— Meu filho, eu disse para você não nadar no rio. Se uma arraia lhe ferir, você vai morrer de dor.
E, num desabafo, ele respondeu:
— A senhora fica falando: você morre, você morre. Se eu morrer, depois quem vai ficar morrendo é a senhora.
A fazenda tinha muitos atrativos e Evaldo abandonou a ideia de nadar no rio. Mais tarde, calçado de botas, aproximou-se de um cavalo, quando um menininho da fazenda o alertou, dizendo que aquele animal era muito bravo, em fase de amansamento. Mas, Evaldo não tinha medo de animais, principalmente de cavalos. Adorava e dominava-os com facilidade. Apesar de contar apenas 13 anos de idade, seu pai o considerava melhor que muitos cavaleiros da fazenda. Aproximou-se com calma, acariciou, como se aquele animal fosse um velho conhecido. Não montou de início, pois uma tangerineira próxima, com frutas maduras no alto, atraiu a sua atenção. Dirigiu-se, então, para a árvore, puxando o cavalo, e logo em seguida, subiu nele para alcançar as tangerinas. Ao apanhá-las, escorregou e, na queda, introduziu uma perna na roda do laço, que fica preso no arreio. A sua queda assustou o animal que o arrastou por alguns metros, parando logo em seguida espontaneamente. Evaldo foi socorrido de pronto, não mostrando ferimentos graves, apenas escoriações nas costas, mas estava desfalecido, sendo levado às pressas de avião, para Cáceres, a cidade mais próxima. Em pouco mais de meia hora o menino era atendido no Pronto Socorro da cidade, quando o médico disse que nada mais podia fazer. Evaldo havia falecido no percurso.
Um menino expansivo e feliz
Evaldo Augusto dos Santos, filho do Sr. João da Silva Santos e D. Genoveva Augusto dos Santos — mais conhecida pelo apelido de Vivita, nasceu em 27 de novembro de 1961, na cidade de Goianésia, Estado de Goiás. Sempre foi um menino estudioso, muito alegre e comunicativo. Todas as suas fotos revelam um sorriso aberto e encantador. Na festinha da véspera do acidente, como sempre, expansivo e feliz, cantou a música sertaneja de sua predileção.
Desde tenra idade, ele demonstrou grande interesse e afeição aos cavalos. Mesmo lembrando-o filho de fazendeiro, esta afeição sempre foi fora-de-série.
Certa vez, sua tia Amália, desejando pintar, em pratinhos de porcelana, uma lembrança aos sobrinhos, perguntou a cada um qual o bichinho de preferência. Quando chegou a vez de Evaldo ele respondeu de pronto: “cavalo”. Nessa época ele estava com apenas 4 anos de idade.
D. Vivita recorda-se também que seu filho, quando tinha uns 6 anos, insistiu muito e conseguiu que sua mãe lhe fizesse companhia para assistirem a um filme de TV, já tarde da noite, sobre cavalos. Ela, não tendo o hábito de assistir a filmes pela televisão, teve de ceder à forte insistência de Evaldo, que acompanhou “El Blanco” até o fim, sem cochilar.
E, dentre outros fatos, relacionados com esse amor do nosso pequeno cavaleiro, temos a frase dita por ele, um mês antes do acidente fatal, em conversa descontraída com D. Irani, amiga da família, residente em Cáceres: “Se algum dia eu morrer no lombo de um cavalo, morrerei feliz.”
Em Uberaba, a busca de notícias do saudoso filho
Estávamos no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais, na tarde de 25 de abril de 1980, quando o médium Chico Xavier, que atendia a fila de pessoas que se forma habitualmente às sextas-feiras, chamou-nos para mostrar uns desenhos feitos por um garoto. Foi quando conheci D. Vivita, que estava diante do médium pedindo notícias do seu filho Evaldo, desencarnado há quase cinco anos.
Naquele momento, ela explicava que encontrou tais desenhos, uma semana depois do acidente que vitimou seu filho, feitos pela criança num dos seus cadernos escolares, em certo dia do mês de maio de 1975, no máximo um mês antes de sua desencarnação.
— Os desenhos são muito interessantes. Vamos torcer para que ele dê uma mensagem — afirmou Chico —, nada prometendo.
D. Vivita não deu nenhuma outra informação de sua família ao médium, agradeceu e afastou-se, permitindo que ele continuasse atendendo às demais pessoas da fila. Afastamo-nos também, continuando o nosso assunto fora do salão. Assentados num banco do pátio do Grupo Espírita da Prece, à sombra de uma árvore amiga, conversamos longamente. Ela havia chegado há poucas horas de Goiânia, com a grande esperança de receber notícias de seu inesquecível e querido filho.
— Perdi 18 quilos em dois meses. Sofri demais. Toda a família sofreu muito com a perda do nosso filho. E, seis meses após o acidente, mudamo-nos para Goiânia, a fim de evitar recordações que agravassem a nossa dor — foram as suas primeiras palavras.
— A senhora está hoje aqui pela primeira vez? — perguntamos.
— Sim. Mas, há muito tempo tenho tido vontade de vir. Minha família é católica, mas desde a perda de meu filho, orientada por amigos, tenho pensado em conversar com o médium Chico Xavier, esperando receber mensagem do meu filho.
Com o desenrolar da entrevista, em face dos atuais problemas que a família vinha atravessando e daqueles curiosos desenhos, fomos achando que Evaldo, mais hoje, mais amanhã, conseguiria uma oportunidade para se comunicar com sua mãe, e anotamos os dados com o maior zelo possível. Chegamos a orientar D. Vivita, quando nos disse que voltaria a Goiânia no dia seguinte, para que esperasse a reunião da noite próxima, do sábado, que ela ignorava, caso não recebesse mensagem na reunião de que participávamos.
Os demais esclarecimentos da mãe de Evaldo, nesse diálogo fraterno, permitiram a elaboração de tudo o que foi narrado, até aqui, neste Capítulo.
18 horas. Um companheiro chama-nos para a segunda etapa da reunião daquela sexta-feira, pois Chico Xavier já havia atendido a todos e tomava assento à mesa.
Como de costume, a reunião se desenvolveu até às primeiras horas da madrugada, quando, no final, o médium psicografou publicamente várias mensagens. Em seguida, iniciando a leitura das mesmas, por ordem de recebimento, chamou em voz alta a destinatária da primeira mensagem da noite:
— D. Genoveva!
Ela se aproximou, e muito emocionada — ouvindo palavras que traziam o selo inconfundível da autenticidade —, reencontrou-se, após cinco anos, com o seu querido filho Evaldo.
Querida mãezinha Genoveva. Peço a sua bênção de paz e amor.
E tudo passou tão depressa. A felicidade na Terra, querida mamãe, é um intervalo para que se conquistem forças para a continuação das tarefas por nosso burilamento. Lembro-me do papai João, de nossas horas felizes na fazenda e na cidade, no convívio do lar e fico a pensar se alegria será preparação para a dor ou se a dor é a véspera de alegrias maiores. Não quero dizer que estamos infortunados ou que somos vítimas de sofrimentos insuportáveis. Acontece que o tempo de que já disponho aqui na 5ida Espiritual me ensinou a refletir e mentalizar para o bem da família inteira.
Peço-lhe calma e fé em Deus nos tempos que atravessamos. Se for possível, continue a senhora mesma, sem mudança, esposa de meu pai e nossa mãe em casa, vivendo na confiança de dias melhores. Tudo está seguindo o curso natural das ocorrências que terminam em renovação e, de nossa parte, guardamos o dever de realizar o melhor ao nosso alcance, a fim de que a tranquilidade e a alegria se façam bagagem de luz para quantos nos cercam.
Lembre-se de mim mesmo. Sei que encontrou o meu desenho, () feito num instante de meditação. Meditação de menino, é verdade, e criação estruturada com as linhas de uma criança, pois vou contar-lhe agora o que sucedeu. Semanas antes do acidente, que me impôs a caída do corpo físico, tive um sonho estranho, dormi e me reconheci na figura de um homem enérgico e autoritário. Estava cercado de servos que me obedeciam, e de pessoas que me observavam com temor. Cheguei a identificar o tempo. Achava-me numa tarde quente, descansando em larga varanda da fazenda, quando enxerguei de longe um servidor furtando laranjas. Não tive o cuidado de ponderar se esse homem havia tomado qualquer alimento durante aquele dia, ou se desejava socorrer alguma criança doente. Irritei-me de tal modo que o chicote não me bastou para castigá-lo. Determinei fosse o pobre atado à cauda de um potro selvagem e ordenei que o animal o arrastasse pelo campo ainda não destocado. Não me valeram súplicas e nem solicitações dele ou de ninguém. O infeliz, em breves minutos, apresentava-se na condição de um farrapo sangrento. Quando os quadros me fixaram profundamente na memória, acordei espantado.
Passei o dia amargurado sem saber a razão, no entanto; as imagens do sonho me perseguiam. Fiz então o desenho, não pensando em mim, mas no que vira, fora de meu próprio corpo, experimentando a necessidade de recordar o que havia observado, sem coragem de transmitir o ocorrido a pessoa alguma.
A vida se incumbiu de me mostrar que também um animal espantadiço estava à minha espera, que o desejo de apanhar uma tangerina me assomou à cabeça e o choque inesperado no animal me obrigou a cair e ser arrastado até perder o veículo físico que me servia de corpo para entrar na primeira juventude, aqui, na 5ida Espiritual. A vovó Amélia se encarregou de me explicar tudo e aprendi, por mim mesmo, que os nossos gestos são vivos dentro de nós e quando esses gestos não se harmonizam com o bem que é a lei de Deus, somos compelidos a consertá-los, entendendo alguma coisa da vida.
Querida mãezinha, rogo-lhe paciência e coragem, serenidade e confiança. Não se impressione com notícias negativas que lhe venham de Goianésia. Não deixe o papai, a sós, com as responsabilidades da vida. Temos não só a Eliane que necessita de sua presença, mas também o Evelson e o Evandro, irmãos queridos aos quais peço me auxiliem na conquista da paz em nosso favor.
Mamãe querida, a mulher perdoa sempre. Não fosse pelo sacrifício das mães eu creio que o mundo seria uma selva sem traço de organização. Esqueça desgostos e contratempos e guarde o seu coração querido na mesma altura da qual a senhora sempre nos ensinou a fazer o bem que nos seja possível. Tenho procurado reconfortá-la, entretanto, sou eu quem recebo o amparo de sua bondade como sempre. Continuo sendo o seu filho, o seu menino que lhe tem tanto amor. Fique conosco sem alteração.
Ainda não estou tão forte que não necessite de sua paz a fim de permanecer tranquilo. Rogo-lhe serenidade, não só por mim, mas também por vovó Amélia e por vovó Anita que são para seu filho outras mães pelo coração. Espero em Deus que tudo dê certo, na soma de paz que anseio fazer com a reunião das parcelas de nossas provas. Sei que as suas parcelas são de lágrimas, no entanto, as lágrimas do coração materno significam perdão e amor. E, por isso, confio em que a nossa conta em família terminará em luz e bênção, segurança e alegria.
Mãezinha querida, não posso continuar escrevendo. Muitas lembranças aos irmãos e um grande abraço ao papai João.
Com o seu coração querido, deixo o coração de seu filho que lhe beija as mãos pedindo a Deus abençoá-la e fortalecê-la sempre.
Todo o amor do seu filho, sempre seu,
Evaldo Augusto dos Santos
NOTAS E IDENTIFICAÇÕES
1 — Mãezinha Genoveva (D. Vivita) e papai João — Já nossos conhecidos.
2 — Semanas antes do acidente, que me impôs a caída do corpo físico, tive um sonho estranho, dormi e me reconheci na figura de um homem enérgico e autoritário. — Assim ele inicia a descrição de seu sonho, que, na verdade, era uma recordação muito viva de cenas de uma vida anterior, quando cometeu uma falta grave, necessitando de uma reparação em nova existência física, em nova reencarnação, em face das determinações das Leis Divinas, invariavelmente justas e misericordiosas.
A bisavó Amélia (Espírito) encarregou-se de lhe explicar o porquê de tudo, e aprendi — diz ele —, por mim mesmo, que os nossos gestos são vivos dentro de nós e quando esses gestos não se harmonizam com o bem que é a Lei de Deus, somos compelidos a consertá-los, entendendo alguma coisa da vida.
Naquela noite do sonho, o seu corpo físico repousava, mas, num processo de desdobramento, Evaldo viu o seu passado longínquo, arquivado na memória do corpo espiritual; é o que podemos deduzir de suas palavras: Fiz então o desenho, não pensando em mim, mas no que vira, fora de meu próprio corpo, experimentando a necessidade de recordar o que havia observado. Dessa forma, ele recebeu uma grande bênção, evidentemente sob a assistência de Protetores Espirituais, que o prepararam para o resgate que se aproximava.
Podemos entender, agora, o porquê da grande e precoce predileção do garoto pelos cavalos, além de um domínio fácil, que chamava a atenção, sobre estes animais: Evaldo era um cavaleiro reencarnado. Digno de nota é que a informação de sua mãe a respeito de tais pormenores da vida dele — pequeno, mas grande cavaleiro —, foi-nos prestada numa entrevista que antecedeu ao recebimento da carta psicografada, que viria elucidar o seu passado.
Para um estudo dos palpitantes temas aqui abordados superficialmente — reencarnação e sonho, os livros: O Evangelho Segundo o Espiritismo () e O Livro dos Espíritos (e ), ambos de Allan Kardec, trazem esclarecimentos básicos e excelentes.
3 — Vovó Amélia — Amélia Josefina de Paiva, bisavó materna, desencarnada.
4 — Eliane, Evelson e Evandro — Irmãos.
5 — Vovó Anita — Anita Pereira dos Santos, avó paterna, desencarnada há mais de vinte anos.
6 — Finalizando estas Notas, queremos destacar, para a nossa meditação; dois trechos de atenciosas cartas que recebemos de D. Vivita:
A) “Estou enviando pelo Correio uma caixa com mensagens que mandei imprimir. São para o senhor e para Chico Xavier, de quem guardo profundo carinho e respeito: Seguem algumas coisas de meu filho que lhe prometi. Observe um cartãozinho antigo que ele escreveu ao pai, no Dia dos Pais; veja a semelhança da assinatura dele, com a psicografada pelo Chico Xavier, fiquei impressionada.” (Goiânia, 23/6/1980.)
B) “Não imaginas como estou me sentindo depois que recebi a mensagem. Graças a Deus já estou sentindo paz neste coração que há muito tempo andava tão aflito. Pretendo voltar a Uberaba, muito breve, se Deus o permitir. Até um dia, se Deus quiser e muito obrigada.” (Goiânia, 13/5/1980.)
Poucas semanas antes do acidente fatal, Evaldo fez estes desenhos num dos seus cadernos escolares. No último desenho, talvez mostrando um despertar no Além, ele atribuiu à criatura no túmulo, com a cabeça erguida, a seguinte frase, aqui pouco legível: “Que barulho é este aqui?”
Carta de Felipe Meneghetti
Felipinho era um jovem alegre, expansivo e muito amoroso. Tinha o dom de unir as criaturas que o cercavam. Sempre prestativo e afável, unia os amigos e aproximava fraternalmente os familiares.
Esportista dedicado, principalmente em natação, ganhou neste esporte 13 medalhas e alguns diplomas de 1º e 2º lugar. Estudante responsável, completou a 6ª série do 1º Grau com bom aproveitamento.
Um garotão com esta bela personalidade, ao regressar à Pátria Verdadeira, teria de deixar — como realmente aconteceu — uma saudade imensa nos corações de seus entes queridos.
Com apenas 14 anos de idade, vitimado por moléstia ganglionar incurável, Felipe Meneghetti — Felipinho na intimidade — após sete meses de padecimentos, com várias tentativas terapêuticas, deixou o Mundo Material aos 24 de julho de 1978, na cidade de Campinas, Estado de São Paulo.
Nascido a 25 de junho de 1964, em Ribeirão Preto/SP, era filho do Tenente Helder Meneghetti e de D. Wilma Crispim Meneghetti.
“Quando eu morrer…”
Quando a família adquiriu um lote no Vale Verde, próximo de Campinas, SP, para passar fins-de-semana, o entusiasmo de todos foi grande, especialmente de Felipinho, que adorava o verde: o verde das plantas, o verde da água do rio, o verde do Guarani Futebol Clube, seu time predileto…
Num domingo de muito trabalho e alegria no Vale Verde, Felipinho e sua mãe, em momento de repouso e descontração, permutaram estes pensamentos:
— Se a sua mãe morrer, você toca esse lote para a frente — afirmou D. Wilma.
— E se eu morrer, a senhora também toca — responde o filho.
Fazendo um retrospecto das ideias de Felipinho, expostas nos últimos tempos de sua vida terrestre, mesmo antes de dezembro de 1977, quando a moléstia se instalou insidiosamente, sua mãe observa que ele falava sempre em morte.
Frequentemente, brincava com seus colegas dizendo: “Quando eu morrer, puxarei as pernas de vocês à noite.”
Ou, quando seus pais negavam-lhe alguma coisa, mesmo coisas corriqueiras, ele gostava de dizer: “É, depois vão levar flores no túmulo para mim.”
Parece que ele vinha sendo preparado espiritualmente para a grande viagem, o que explica essas ideias inabituais, premonitórias, para um jovem tão saudável e amante da vida. Sabemos que todos nós, por exemplo, durante o sono físico, podemos receber ensinamentos e avisos preciosos (que se registram no subconsciente), preparando o nosso coração para os imprevistos que nos aguardam.
Diálogos inesperados
Profundamente abalados com a perda do querido filho, seus pais, embora católicos, orientados por amigos, procuraram consolo e esclarecimento na Doutrina Espírita.
Leram inicialmente os livros Perda de Entes Queridos (de D. Zilda G. Rosin) e Jovens no Além (Espíritos Diversos, médium Francisco C. Xavier, Caio Ramacciotti, Ed. GEEM.), que lhes proporcionaram muito conforto e paz.
Sete meses após a desencarnação do filho, D. Wilma começou a frequentar mensalmente as reuniões públicas do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, onde trabalha Chico Xavier. Quando ia, enfrentando longas filas, conseguia estabelecer contatos rápidos com o médium e, posteriormente, na segunda parte da reunião, recebia sempre por via psicográfica notícias breves, confortadoras, de que Felipinho estar bem amparado.
Em princípios de maio de 1979, numa reunião de sexta-feira, Chico surpreendeu D. Wilma, ao atendê-la na fila, com a pergunta:
— Quem é Ana?
Ela recordou-se, de pronto, de sua avó, falecida há mais de 10 anos. D. Ana Franco, com certeza, estava presente à reunião! Neste encontro o médium nada mais esclareceu.
Na seguinte visita mensal de D. Wilma aos trabalhos de Uberaba, no dia 15 de junho de 1979, em novo encontro com Chico, estabeleceram o interessante diálogo:
— Quem é Mariquinha? — perguntou o médium.
— Não sei.
— Procure verificar. Ela diz que é tia. E quem é Ursulina?
— É a mãe do meu marido, já falecida.
— Estas duas senhoras estão aqui dizendo que o Felipe está bem.
O diálogo encerrou-se aqui. O médium continuou a atender a pessoa seguinte que o aguardava na fila, e D. Wilma, meditativa, daí a pouco recordou-se de sua amiga Mariquinha, desencarnada no início do ano de 1978. Ela não pertencia à família, mas Felipinho a chamava carinhosamente de tia. Só mesmo, sob forte emoção, para esquecer a grande amiga…
Na segunda parte dos trabalhos, em noite alta, D. Wilma teve a grande felicidade de receber uma carta do inesquecível filho, confirmando um sonho nítido que tivera dias antes, quando viu o médium psicografando notícias de Felipinho para ela.
A carta, pelo correio mediúnico, trouxe à família um novo alento, novas esperanças e a certeza na imortalidade da alma e na comunicabilidade dos Espíritos. Com provas indiscutíveis, com revelações totalmente desconhecidas do médium, o filho inesquecível mostrou aos seus carinhosos pais que continua vivo, participando sempre da vida familiar, provando que houve, com a sua morte física, apenas uma separação imaginária.
Hoje os pais de Felipinho são espíritas convictos, dedicados ao estudo doutrinário e operosos no campo assistencial.
Querida mãezinha Wilma, abençoe-me.
Quase um ano. Separação imaginária. Digo isso porque se o corpo acabou se desmoronando, à maneira de uma gaiola destrambelhada, isso não me alterou de forma alguma.
O papai Helder, por intuição, sabe que vou sempre à nossa casa, compartilhando de suas meditações e das melodias que escuto nascendo da inspiração dele, como a beleza das águas claras quando borbulham na fonte.
Mãezinha, estou grato por haverem procurado o melhor lugar para o nosso reencontro: o bem ao próximo. Ensinem ao nosso querido Fernando esse mesmo caminho que nos reúne para a viagem na direção de Jesus.
Não preciso contar-lhes que sofri muita falta de casa. Apesar daquelas minhas ideias de que o corpo estava pifando, no íntimo nutria o desejo de regressar ao nosso convívio. A doença; pouco a pouco, me estragou as peças da embalagem que me retinha na Terra física, mas, por dentro de mim mesmo, estava o anseio de retorno aos braços dos meus.
Quando o grande sono apareceu para mim, tive a ideia de que sonhava com a morte, e foi a morte mesmo que me pilotava. Acordei não sei como, depois de haver repousado, ignorando por quanto tempo, e as lágrimas vieram marcar a minha nova situação. Entretanto, em meio de tanta gente estranha, descobri duas mães que me acolheram carinhosamente. A vovó Ana e a vovó Ursulina me podaram o medo e o Jair Presente, a quem a senhora e o papai recorreram, de princípio, em meu favor, tem sido para mim um outro irmão mais experiente, que não me deixou continuar bancando o bebê chorão.
Graças a Deus, tudo vai assumindo uma feição diferente na vida de seu filho por aqui e espero para breve tempo retornar aos estudos e solidificar-me nas ideias mais claras em que presentemente devo viver.
Estou grato pela força que fazem no sentido de compreendermos juntos a nova condição em que nos vemos. As atitudes em casa são de grande auxílio para nós quando os nossos se empenham na conformação com os desígnios da vida, que são os desígnios de Deus.
Mãezinha, agradeço os seus pensamentos enviados ao meu coração de suas atividades no Grameiro. Ali, vendo tantas crianças amparadas pelo amor dos pais que as amam sem que lhes sejam filhos, estou aprendendo a ser mais irmão de todos aqueles que necessitam de apoio e bênção, com o ideal da família que ainda não conseguiram de todo realizar.
Diga ao papai e ao querido Fernando de minhas saudades e alegrias e todos estejam informados de que vou fazendo o melhor que posso, principalmente no esforço de recuperar as minhas próprias energias.
O irmão Ítalo está conosco e abraça a nossa irmã Ronnie.
Mãezinha Wilma, não posso escrever mais. O gongo do horário já bateu para mim e por isso paro neste ponto do papel com um beijo de respeitoso amor em seu coração querido.
Muito carinho e gratidão de seu filho sempre seu, cada vez mais reconhecido,
NOTAS E IDENTIFICAÇÕES
1 — Quase um ano. — Felipinho desencarnou em 24/7/1978 e esta carta data de 15/6/1979.
2 — Se o corpo acabou se desmoronando, à maneira de uma gaiola destrambelhada, isso não me alterou de forma alguma. — A comparação é perfeita: o pássaro 1o seu Espírito) se libertou da gaiola, que por sua vez, arruinada, já havia cumprido a sua função. O seu amiguinho Mauro, quando leu a carta, contou à D. Wilma que Felipinho lhe havia dito, em um de seus últimos encontros: “eu não falo aos meus pais, mas sinto que o meu corpo está desmoronando”.
3 — O papai Helder, por intuição, sabe que vou sempre à nossa casa, compartilhando de suas meditações e das melodias que escuto nascendo da inspiração dele. O Tenente Helder, regente de Banda Sinfônica, não se considera compositor, mas confirma que muitas vezes, meditativo, cria melodias no pensamento, sem registrá-las em pautas.
4 — Nosso querido Fernando — Fernando Meneghetti, seu único irmão.
5 — Minhas ideias de que o corpo estava pifando — Ele sempre usava a expressão: “estou pifando”, inclusive na véspera de seu desenlace.
6 — Vovó Ana — Ana Franco, bisavó materna, falecida há aproximadamente 16 anos.
7 — Vovó Ursulina — Ursulina Maria Silva, avó paterna, falecida em 22/8/1976.
8 — Jair Presente — Jovem desencarnado em 3/2/1974, filho de José Presente e de Josefina Basso Presente, casal residente em Campinas, SP, amigos dos pais de Felipe. Jair é co-autor dos livros Jovens no Além e Somos Seis.
9 — Mãezinha, agradeço os seus pensamentos enviados ao meu coração de suas atividades no Grameiro. — Trata-se da instituição espírita “Casa da Sopa”, localizada no Jardim Campineiro, em Campinas/SP, que oferece, em média, 800 pratos de sopa ao dia, de 2ª a sábado. Inicialmente funcionou no Bairro do Grameiro, onde o Movimento Assistencial Espírita “Maria Rosa” tem hoje a sua sede.
10 — O irmão Ítalo está conosco e abraça a nossa irmã Ronnie. — Na véspera do recebimento da carta do filho, D. Wilma ficou conhecendo na fila de atendimento do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, D. Ronnie Venturini Assis, residente em Campinas/SP, que a procurou em nome de D. Wandir Dias, diretora do M.A.E. “Maria Rosa”. O irmão Ítalo, pai de D. Ronnie, desencarnou em 6/7/1978.
Carta de Edvaldo Roel da Silva Júnior
O menininho Edvaldo Júnior era uma das grandes alegrias do casal Edvaldo Roel da Silva e D. Maria Abadia da Silva, residente em Uberaba, Minas Gerais. Formava com os seus irmãos Rogério, Elizete e Sandra uma constelação familiar muito feliz.
Júnior nasceu em 2 de dezembro de 1970. Apesar de doentinho, com enfermidade congênita no coração, levava uma vida quase normal.
Aprendeu muito cedo a escrever o seu prenome com letras maiúsculas, vendo o trabalho de seu pai, pintor de letras. Escrevia EDVALDO no chão, nas paredes, onde pudesse, com muita graça, despertando a atenção dos familiares, sempre enfeitando a parte superior da primeira letra com pequenos rabiscos.
Gostava de estudar, mas frequentou escola apenas três meses — a Escola Estadual “América” —, pois desencarnou precocemente, em 7 de maio de 1979, antes de completar 9 anos de idade, deixando seus pais desconsolados.
Poucos dias depois do doloroso acontecimento — escreve a confreira e amiga Profª Izabel Bueno, residente em Uberaba/MG, que, atendendo gentilmente a nosso pedido, entrevistou os pais de Júnior —, uma amiga presenteou sua mãe com o livro Luz Bendita (Emmanuel, médium F. C. Xavier, Rubens S. Germinhasi, Ed. Ideal.), que lhe trouxe muito conforto e grande meditação sobre a vida além-túmulo.
Os familiares do menino Edvaldo não são espíritas. Conheciam o médium Francisco Cândido Xavier de vista e pelos programas de televisão, mas nunca haviam conversado com ele.
Em julho de 1979, sua mãe, D. Abadia, foi ao Grupo Espírita da Prece pela primeira vez, em companhia de sua irmã, e conversou com o médium sobre a desencarnação de seu filho, dando referências somente de nome, idade e data de seu falecimento.
Naquele encontro, Chico Xavier lhe informa que o Espírito do menino Edvaldo estava amparado por sua avó Maria de Carvalho, ao que Dona Abadia responde que a sua avó não tinha esse nome. Em seguida, o médium lhe disse que estava falando no seu ouvido que era sim, Maria de Carvalho. Foi então que Dona Abadia se lembrou do seu nome verdadeiro, recordando o fato de todos a chamarem por Augusta, pedindo desculpas ao médium.
Em outubro de 1979, a mãe volta ao Grupo Espírita da Prece e coloca sobre a mesa um pedido de notícia, recebendo no final da reunião a seguinte informação dos Espíritos:
“Filha, Jesus nos abençoe.
O querido filho permanece reconstituindo as próprias forças espirituais junto de abnegados Benfeitores da Vida Maior.
Confiemos no amparo de Jesus, hoje e sempre.”
Depois, em janeiro de 1980, dia 25, voltou Dona Abadia ao Grupo Espírita da Prece, conversando rapidamente com Chico Xavier durante o atendimento que antecipa o trabalho, tendo o médium convidado a mesma a voltar à noite para a reunião.
O casal Edvaldo Roel da Silva compareceu já no fim da reunião e qual não foi a sua surpresa, quando foi lida a mensagem psicografada do menino Edvaldo, com provas de perfeita identificação.
Querida mamãe Abadia. Peço a sua bênção.
A vovó Maria de Carvalho e a tia Amélia, que me diz ser nossa tia desde que a senhora ainda era menina, me trouxeram até aqui para escrever que estou bem. A notícia é para o seu coração, para o papai Edvaldo, para a Elizete, para a Sandra e para o Rogério.
Quando cheguei para a casa de vovó Maria eu ainda estava muito doente, mas já melhorei e estou de novo numa escola com muitos amigos da minha idade.
Tudo é tão lindo, mas eu ainda sinto muita falta de sua presença, do papai e dos irmãos, mas estou informado de que devo ser forte para vencer e dar aos meus entes queridos as alegrias que lhes devo.
A vovó Maria diz para não chorarmos com tristeza. Tenho a ideia que vejo a senhora chorando e pensando em mim. Se isso é assim mesmo quero tranquilizá-la, afirmando que vou sempre indo para melhor.
Mamãe Abadia, abrace o papai, as meninas e o Rogério por mim, e peço ao seu coração querido receber muitos beijos de seu filho, sempre seu filho do coração,
NOTAS E IDENTIFICAÇÕES
1 — “O seu pai, em suas informações, disse-nos (à entrevistadora, Profª Izabel Bueno) ter estabelecido para acreditar na veracidade de uma mensagem de seu filho:
1ª) — Que a assinatura fosse idêntica à que escrevia o menino antes de aprender a ler e escrever; e também, a que aprendeu na escola. Verificamos que a mensagem foi assinada conforme a identificação estabelecida: o prenome como aprendeu em casa, antes de frequentar a escola, até os dois pequenos rabiscos em cima da letra “E” (plenamente reconhecidos por seus pais), e o nome de família assinado da forma aprendida na escola. [Ver fac-símile do final da carta de Edvaldo à pág. 60 do livro impresso]
2ª) — Que na mensagem houvesse referência à sua mãe, avó do menino, mas, com o seu verdadeiro nome: Maria de Carvalho, pois; a mesma era chamada de Augusta de Carvalho, porque não gostava de seu nome legítimo. Todos a chamavam de Dona Augusta. No seu atestado de óbito consta Maria de Carvalho, o que surpreendeu a muitos de sua família que ignoravam o seu verdadeiro nome.
Na mensagem Edvaldo se refere inicialmente à “Vovó Maria de Carvalho”, numa perfeita identificação. Dona Maria de Carvalho desencarnou há 11 anos na cidade de Uberaba, Minas Gerais.
Satisfeitas as duas condições estabelecidas pelo pai, não houve dúvidas sobre a aceitação da mensagem pela família e por todos que tiveram o conhecimento do fato.”
2 — “Mas, como para completar a identificação, aparece outra prova irrecusável de referência: a tia Amélia. Informou-nos Dona Abadia, mãe de Edvaldo, que a tia Amélia era sua vizinha do tempo de menina, muito amiga de sua família, e a quem ela chamava de tia, por amor e admiração. Certificamo-nos de que, quando Dona Abadia se casou, a tia Amélia já havia desencarnado. Seu nome era Amélia Alves Carvalho e desencarnou há 16 anos em Uberaba.”
3 — Quando cheguei para a casa da vovó Maria eu ainda estava muito doente, mas já melhorei e estou de novo numa escola com muitos amigos da minha idade. — Esta frase define, perfeitamente, a vida de uma criança após a sua desencarnação. No Mundo Espiritual existem cidades com lares, escolas, templos, instituições, hospitais, locais de recreações, etc. O corpo espiritual sofre as consequências dos problemas (traumas e doenças) do corpo material, necessitando de refazimento ou tratamento após a morte física. Edvaldo não precisou de hospitalização, tendo sido conduzido para a casa de sua vovó Maria, que já estava no Além havia 11 anos. E quando Júnior se recuperou, voltou a frequentar uma escola que, naturalmente, funciona nos moldes das escolas terrenas, também com crianças agrupadas pela idade e grau de instrução.
4 — Tenho a ideia que vejo a senhora chorando e pensando em mim. — Júnior disse uma verdade, pois não há barreiras, nem com a morte física, para aqueles que se amam, permanecendo unidos pela sintonia mental. A Humanidade encarnada e desencarnada está mergulhada num fluido universal que permite a propagação do pensamento, unindo as almas afins.
5 — “Para a família a mensagem representou a esperança e a consolação na certeza da continuidade da vida depois da morte. A mãe de Edvaldo nos afirma (à entrevistadora) com um sorriso de felicidade que o seu maior conforto é de saber que o seu filho continua vivo. Isso trouxe alegria e paz a seu lar, para prosseguir nas lutas da existência com os outros filhos que Deus lhe deu: Sandra, Elizete, Rogério (citados na mensagem) e Andreia, nascida recentemente. Verificamos, assim, mais um dos inúmeros casos que a Doutrina Consoladora dos Espíritos esclarece para manter viva a chama da esperança no difícil percurso da existência humana.”
Primeira Carta de Orlando Sebastião Duarte
Cumpridor de seus deveres, estudioso, calmo, Landinho era um bom filho. Amoroso, não dormia sem antes beijar seus pais — Sr. Wilson Santos Duarte e D. Marlene Boleta Duarte, residentes em Poços de Caldas, Minas Gerais —, dizendo-lhes: “Durmam com Deus.”
Ele passou por um teste difícil: ganhou uma moto e não se descontrolou, não fugindo de sua linha de conduta. Provou que era responsável, não criando nenhum problema para a sua família.
Apesar de ser sociável, cultivando muitas amizades com os moços de sua idade, não deixava de participar dos passeios programados pela família. Ainda 15 dias antes de seu falecimento, fizeram um gostoso e alegre piquenique familiar. Mas, para o sábado de 8 de setembro de 1979, combinou pescar numa represa com três colegas: Marco Antônio, Vlademir e Gerson, pela primeira vez sem a sua família. Orlando Sebastião Duarte, chamado Landinho na intimidade, nascido em 20 de março de 1963, estava com 16 anos de idade.
Na manhã de sua saída para o passeio verificaram-se fatos curiosos.
Ao sair, D. Marlene, sua mãe, iniciava as tradicionais e amorosas recomendações, quando foi interrompida de forma inabitual pelo filho, dessa maneira:
— Eu sei, mamãe. É para mim não pisar no barro, não entrar na água, tomar muito cuidado. Mas a senhora pode ficar tranquila; o que eu vou fazer está certo.
Landinho deu a partida, tirou o carro da garagem, e acenou com a mão em despedida.
Porém, surpreendentemente, ele voltou e tornou a sair, várias vezes em meia hora, com explicações não convincentes. Sabe-se que ele ia até à Vila Cruz, bairro onde residem sua avó e as famílias dos garotos, seus companheiros de passeio. Preocupado com essa conduta estranha, seu pai o alertou:
— Meu filho, assim a gasolina vai acabar. Quando voltar da beira do rio você não terá mais gasolina.
Hoje a família acredita que ele deve ter tido algum pressentimento, e prolongou a despedida final de seus entes queridos, porque, ao regressar da represa, já noite, a Variant, com os quatro garotos, ao passar sobre a ponte do Lambari precipitou-se de uma altura de 5 metros, chocando-se com o leito pedregoso do rio. Todos faleceram no local do acidente, deixando seus familiares profundamente desconsolados.
“Papai, mais vale um amor verdadeiro do que uma tonelada de ouro”
Destacando um aspecto da bela personalidade de Landinho — o seu amor filial —, transcreveremos, na íntegra, a comovente página em saudação ao seu progenitor, no Dia dos Pais de 1979, um mês antes de sua desencarnação:
Papai
Papai, Papai, como o senhor é bom para mim, Papai.
Papai, não tenho nem jeito de agradecer, Papai.
Acho que o único jeito, Papai, é ser fiel e sincero para o senhor, Papai.
Papai, Papai, Papai, se eu pudesse o cobriria de ouro, Papai!
Mas acho que isto não adiantaria, Papai, porque mais vale um amor verdadeiro do que uma tonelada de ouro.
Papai, como o senhor é bom para mim, Papai.
Vou me esforçar agora para lhe dar todo o conforto em sua velhice e na velhice da mamãe, assim como o senhor me dá em minha mocidade.
Papai, o senhor é o melhor do mundo, Papai!…
Respostas de Paz após 54 dias de sofrimento e de súplicas
A leitura do livro Somos Seis (Espíritos Diversos, Francisco C. Xavier e Caio Ramacciotti, Ed. GEEM), presenteado por uma senhora amiga, foi o primeiro contato sério e profundo dos pais de Landinho com o Espiritismo.
Embora o avô paterno fosse espírita convicto, o Sr. Wilson, pai de Landinho, até então nunca acreditou no Mundo dos Espíritos, dizendo sempre: “morreu, acabou”.
Após a leitura das mensagens de jovens desencarnados no referido livro, o Sr. Wilson e D. Marlene se interessaram em conhecer outras obras semelhantes, lendo a seguir Presença de Laurinho, que apresenta mensagens do jovem Laurinho, psicografadas pelo médium Chico Xavier. Gostaram muito e procuraram a autora do mesmo, D. Priscilla Pereira da Silva Basile, residente em Casa Branca/SP, que lhes orientou como chegar até o médium Xavier.
Já na semana seguinte, na reunião de sexta-feira do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas, os pais de Landinho conseguiram expor o doloroso problema ao médium, quando este lhes transmitiu o seguinte recado do Espírito do Dr. Nelson de Paiva (médico e amigo da família, desencarnado em Poços de Caldas, Minas, em 1969): “Ele, que havia operado com sucesso a mãe de Landinho há 20 anos, na hora do acidente tentou salvar o garoto e seus colegas, mas nada pôde fazer porque era chegada a hora. Que ficassem tranquilos, pois o filho deles estava bem amparado no Mundo Espiritual.”
Com este afetuoso recado do médico inesquecível, o casal retornou ao convívio de seus familiares mais consolado.
Mas, dentro de duas semanas voltaram a Uberaba, quando o Sr. Wilson manteve este interessante diálogo com o médium, na tarde de 2 de novembro de 1979, no decorrer da primeira parte dos trabalhos públicos do Grupo Espírita da Prece:
— Senhor Chico, boa tarde. — Boa tarde.
— Eu estou aqui porque 54 dias atrás perdi um filho num acidente. Meu pai era espírita e faleceu há dois anos. O avô da minha patroa também era espírita e faleceu há mais de 20 anos. Gostaria de saber do senhor se, por intermédio dos dois, poderia receber notícia de meu filho.
Em seguida, cabisbaixo, o médium afirmou [pela psicofonia]:
— Eu sou a Maria Duarte!
— Maria Duarte? — respondeu o Sr. Wilson, não se lembrando, naquele momento, de sua cunhada Maria Aparecida de Oliveira Duarte, desencarnada em 1954.
— Eu sou a Mariinha, uai!
— Nossa Senhora! — exclamou muito surpreso o pai de Landinho, ao identificar, agora, a sua cunhada chamada Mariinha na intimidade. Disse-nos: “Eu quase morri”, quando recebeu tal comunicação mediúnica.
Daí a poucos segundos, Chico estendeu-lhe a mão [em transe mediúnico], dizendo:
— Eu sou Antônio Duarte! Como vai mano, você está bom?
Emocionado, Sr. Wilson nada conseguiu responder. “Quase morri outra vez”, afirmou-nos. Seu irmão, esposo de D. Mariinha, faleceu em 1972.
E a Entidade espiritual continuou:
— Eu estou aqui para falar que podem ficar despreocupados. Ele vai bem, estamos olhando por ele.
Poucos segundos após, o médium voltou a falar [mediunizado]:
— Sou médico da família!
— Sr. Chico, o Sr. vai me desculpar, mas na minha família não tem médico. Tenho dois irmãos advogados, mas médico não tenho.
— Você não entendeu, eu sou médico de confiança da família, eu sou Paiva.
— Dr. Nelson?
— Eu sou Nelson de Paiva. Estamos cuidando de seu filho num Hospital da Eternidade. Não se preocupem, ele está bem melhor.
Após estas três comunicações mediúnicas seguidas, de seres queridos, em prazo curto, o pai de Landinho teve uma crise de choro e não mais pôde manter diálogo. Afirmou-nos: “Eu gelei”. Ele ia falar mais, mas não tive condições de ouvir”.
Na segunda parte daquela mesma reunião de 2 de novembro de 1979, em noite alta, Chico Xavier psicografou uma longa, confortadora e elucidativa carta do jovem Orlando Sebastião Duarte aos seus queridos pais, abordando temas e citando nomes totalmente desconhecidos do médium, provando com clareza — em pleno Dia de Finados — que continuava vivo, muito vivo, e com o mesmo amor no coração.
Era a Resposta de Paz, após 54 dias de grande aflição, às sentidas súplicas endereçadas ao Mais Alto.
Querida mãezinha e querido papai, peço para que me abençoem.
Ainda estou bastante aturdido pelo que nos sucedeu, mas a vovó Pierina me diz que será de utilidade lhes escrever, dando notícias e aqui deixo o meu pensamento correr na forma de letras.
Ainda não me tomei conta do acontecido. Saímos da represa depois de algumas horas de divertimento em contato com a Natureza, para a volta. O escuro da noite, que se derramara de todo, ao que julgo, não nos permitiu enxergar os detalhes da ponte. Os faróis estavam defeituosos, mas não havia em nós a disposição de parar, imaginando que seria coisa simples numa estrada que nos era familiar.
Conversávamos animadamente e não vimos que íamos cair de parafuso nas pedras que calçam as águas do Lambari. A queda foi violenta e nenhum de nós dispôs de tempo para pensar. Nem vimos contato com a água e nem sentimos dor alguma. Tudo foi um momento de freio na pedra. O que apareceu depois não foi para vermos. Afirmo o que tenha sido o que experimentei. As únicas palavras que me servem para definição aproximada do que desejo explicar é que tombei num pesadelo do qual me demorei a sair…
Tinha ideia de que a nossa Variant teria tomado a forma de um avião despencando ribanceira abaixo, ao encontro daquela muralha deitada no chão, e de que tudo estava escuro em torno de nós. Lutava para acordar, mas sem recursos para isso. Queria tocar os companheiros, cuja respiração pressentia perto de mim, entretanto achava-me num pesadelo e quem se vê numa situação dessas, não pensa em braços sem possuí-los…
Nessa condição estive até que um sono me entorpeceu a cabeça… Não mais consegui raciocínio para comandar a mim próprio. Entreguei-me àquela força estranha que me apagava de todo.
Depois, foi o acordar… Estávamos os quatro companheiros hospitalizados num instituto para nós desconhecido. De amigos, não havia sinal. O espanto se fazia meu sócio de todo instante, sem que fosse possível consultar o ânimo dos amigos que enxergava perto… Diálogo a diálogo, reconheci o meu avô Sebastião e a vovó Pierina, o Dr. Nelson de Paiva com outros médicos e enfermeiros nos tratavam, mas soube de todas essas identificações após algum tempo de surpresa em que não conhecia meios para conhecer ninguém. Agora estou melhor e espero continuar progredindo em domínio próprio.
Querida mamãe, o Gerson ainda luta mais do que nós, porque a mãezinha dele, Dona 5ilma, está ligada em seu coração de filho pelos cadeados do sofrimento na inconformação. Sei que não se pode pedir a um coração de mãe para que se modifique, porque Deus criou as mães diferentes no amor, entretanto o Gerson precisa de auxílio para asserenar-se. Os Diandas, com o apoio que recebem, vão melhorando, principalmente o Marco Antônio, que tem muita fé no coração. E assim vamos seguindo para adiante.
Quanto a mim, peço-lhes para viver. O papai está aí precisando de sua assistência constante. A Dulcineia, o Antônio, a Maria Aparecida são complementos de nós mesmos.
Mamãe, rogo-lhe paciência e segurança de fé. Agradeço as preces por mim e peço para que continuem, porque as orações em nós, pelo menos para mim funcionam por bálsamos, que nos aliviam os pensamentos, principalmente quando se faz qualquer esforço para lembrar o que deve ser esquecido.
Papai Wilson, o vovô Sebastião está comigo e abençoa-o.
Vou terminar, porque assim é preciso. Envio lembranças a todos os nossos.
Perdoem-nos pelo acontecido. Todos os nossos familiares podem crer que estávamos sóbrios. Nenhum de nós se excedeu em qualquer brincadeira. É natural estejamos preocupados com os julgamentos que se façam a nosso respeito, mas temos conosco a tranquilidade de quem não se complicou em problema algum. Diz meu avô que mais tarde compreenderemos a ligação de tudo o que nos ocorreu com o passado, em outras experiências, o que minha cabeça ainda não tem lugar para entender.
Pais queridos, abençoem-me e me desculpem, um dia retomarei o lugar do filho que lhes deve retribuir o amor que lhes devo. Com o amparo de Jesus, estarei melhorando cada vez mais.
Querida mãezinha, um beijo de muito carinho em sua face querida e para o coração de meu pai toda estima respeitosa, com o abraço muito saudoso do seu filho
NOTAS E IDENTIFICAÇÕES
1 — Vovó Pierina — Bisavó materna, desencarnada em 1961.
2 — Os faróis estavam defeituosos — Esta afirmativa só foi confirmada um mês depois desta mensagem, isto é, três meses após o acidente, com a liberação da Variant pela Delegacia de Polícia. Ao desmontarem o carro, constataram que houve um curto-circuito, queimando toda a instalação elétrica.
3 — Águas do Lambari — O acidente fatal deu-se no rio Lambari, município de Poços de Caldas, Minas Gerais.
4 — Estávamos os quatro hospitalizados num instituto — Não devemos estranhar tal referência, porque numerosas outras informações espirituais revelam a existência, no Mais Além, de hospitais, residências, escolas, oficinas de trabalho, etc. — construídas isoladamente ou constituindo cidades.
5 — Avô Sebastião — Sebastião Duarte, avô paterno, desencarnado em 1977.
6 — Gerson — Gerson Henrique de Paiva, amigo de Orlando, desencarnado no mesmo acidente.
7 — Os Diandas — Refere-se aos irmãos Marco Antônio e Wlademir Dianda, desencarnados no mesmo acidente.
8 — Dulcineia — Dulcineia Boleta Duarte Vasques, irmã, casada com Antônio Vasques.
9 — Antônio — Antônio Vasques, cunhado.
10 — Maria Aparecida — Maria Aparecida Duarte, irmã mais nova.
11 — Diz meu avô que mais tarde compreenderemos a ligação de tudo o que nos ocorreu com o passado, em outras experiências, que minha cabeça ainda não tem lugar para entender — Como a evolução do Espírito se faz através de aprendizados em reencarnações sucessivas, que; obedecem a Orientações Superiores — baseadas em Justiça e Amor Infalíveis —, colhemos sempre numa existência reflexos de vidas anteriores. Assim, conforme a explicação de Landinho, o retorno precoce dos quatro jovens para o Grande Além estava no programa das Leis Divinas.
Rasgando Nuvens de Tristeza
Querida mãezinha Marlene e querido papai Wilson, peço para que me abençoem.
Desejo expressar-me com a segurança da alegria do rapaz que se sente agradecido a Deus e à vida pelos pais que tem. Digo assim porque estamos registrando a necessidade de rasgar essas nuvens de tristeza que os nossos entes mais queridos estão formando sobre nós.
Acreditem que depois de tanto esforço para endereçar-lhes as nossas notícias, estamos quase que na estaca zero.
O papai Wilson vem desanimando, a mãezinha Marlene procura fixar apenas o lado triste que já passou como qualquer tempestade, a Dona Neuza chora sem consolo e a Dona Wilma conserva os olhos vermelhos como quem injetou lacre na córnea.
E nós prosseguimos lutando. Quando a gente imagina que já saiu das pedras do Lambari, eis-nos de novo, nas telas mentais que se corporificam em nossas ideias obrigando-nos ao trabalho gigantesco de reiniciar o serviço da reforma íntima para a aceitação da vida por verdadeira dádiva de Deus. Afinal de contas, aquele sábado de tantas sombras precisa acabar.
Nossas mães e pais queridos com os nossos parentes e amigos nos convidaram para a missa do chamado Sétimo Dia, na 1greja de São Sebastião, e ainda estávamos cambaleando, quando minha avó Pierina e outros parentes dos meus companheiros nos incitaram a acompanhar o ofício religioso em nossa memória e em nosso auxílio.
Olhem que eu estava exausto, quase que apagado ainda no choque sofrido, mas me lembro que as conversas todas foram de aceitar a vontade de Deus, de nos entregarmos todos a Deus, de respeitar as leis de Deus e de nos conformarmos com o que Deus nos enviasse, e até hoje nada.
Aquelas promissórias assinadas na 1greja, diante dos símbolos veneráveis da religião, estão todas aguardando pagamento. Ninguém se lembrou de resgatar os votos feitos.
O choro continuou, dia e noite, e sou eu por enquanto o único a dispor de alguma calma para fazer o riso possível de maneira a zombarmos de nós mesmos. O Gerson, o Marco Antônio e o Wla estão murchos.
Será ótimo, mãezinha Marlene, que a sua disposição de servir advogue a nossa causa, suplicando às nossas mães, pois considero Dona Neuza e Dona Wilma por mães também, tanto quanto os meus companheiros a consideram, para que nos entreguem a Deus, como prometeram sob a guarda de São Sebastião.
Pensem que os votos e promessas formulados ao Céu são todos válidos e legítimos. Os prejudicados com o atraso somos nós, aqueles mesmos rapazes que foram declarados libertos da vida física.
Reconhecemo-nos claramente lesados, mas não proclamo isso à maneira de cobrador dessa piedade. Quem pede compaixão somos nós para que possamos deslanchar para outros ainda este ano, antes que o nove de setembro próximo apareça no calendário.
Quem tiver alguma queixa contra nós que nos perdoe. Não fomos imprudentes, porque temos consciência de que estávamos sóbrios na ideia de pescaria na represa, que não passou de um passeio inocente, e por isso nada temos com a morte que nos surpreendeu. E se estivéssemos em erro, o que não sucedeu, já teríamos pago com essa mesma morte a falta cometida. Aí não ficou nenhum de nós quatro para contar o caso, por isso o assunto é quadripartido. Somos quatro irmãos pedindo aos nossos para ficarmos todos em dia com as orações, porque do jeito em que vamos as preces da família estão num lado muito diferente onde acreditamos que a fé em Deus deva morar.
Espero fazer algum sorriso em meu pai Wilson e em meus irmãos. Que a Dulcineia, o Antoninho e a Aparecida me auxiliem, porque o negócio é viver, tanto aí quanto aqui, com a certeza de que o infinito amor dos Céus nos acompanhe e garanta.
Não me interpretem mal nos conceitos que emito. Não estou desprezando a dor das nossas queridas famílias e sim buscando acordar as pessoas que amamos para que nós todos possamos largas o brejo e caminhar para a frente.
O vovô Sebastião e a vovó Pierina nos trouxeram o apoio de muitos benfeitores, dentre os quais saliento não só o nosso médico Dr. Paiva, mas igualmente o Padre Francisco de Paula Victor, de Três Pontas, e a Irmã Esther, de Barretos. Mas enquanto os pais queridos não nos soltarem da corda de lágrimas e ressentimento, estaremos na mesma.
Auxiliem-nos e perdoem-nos. Aqui traço o ponto final. Com todos os nossos no pensamento, deixo à querida mãezinha Marlene e ao querido papai Wilson todo o coração do filho sempre grato
NOTAS E IDENTIFICAÇÕES
12 — Carta psicografada pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, Uberaba, MG, em 25/7/1980.
13 — Dona Neuza — Mãe de Wladimir e Marco Antônio Dianda.
14 — Dona Wilma — Mãe de Gerson Henrique de Paiva.
15 — O nosso médico Dr. Paiva — Dr. Nelson de Paiva, de Poços de Caldas, médico e amigo da família, desencarnado em 1969.
16 — Padre Francisco de Paula Victor, de Três Pontas — Também citado na primeira carta de Nestorzinho, será identificado no .
17 — Irmã Esther, de Barretos — Desconhecida da família de Orlando, foi identificada pelo Sr. Aníbal Rodrigues, de Barretos, SP, em atenciosa carta, datada de 11/11/1980, aqui transcrita em seus tópicos principais: “Em atenção à sua carta que me pede informações sobre a Irmã Esther, informo-lhe que não tive nenhuma dificuldade em consegui-las, eis que a referida senhora outra não é que avó de minha nora Maria Cristina. Posso-lhe assegurar que se trata de uma pessoa boníssima, cuja vida na Terra foi inteiramente dedicada ao bem comum, tendo como objetivo primordial a caridade. Foi uma das fundadoras do Centro Espírita Amor, Fé e Caridade, desta cidade, onde militou cerca de 35 anos com dedicação, responsabilidade e muito amor. Dirigiu o Lar das Crianças de Barretos, que abriga cem menores carentes, do sexo feminino, durante 20 anos, com carinho e abnegação. Esther de Araújo Reis, mais conhecida por Irmã Esther, nasceu em Pinhal, SP, a 9/7/1896 e faleceu em Barretos, SP, a 29/11/1975.”
18 — Agradecemos ao confrade e amigo Milton Muniz, de Poços de Caldas, a gentileza de entrevistar os pais de Orlando, com vistas ao presente trabalho.
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