Capítulo XXXVI

Aos trabalhadores da Verdade


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Nos tempos atuais, todo o trabalho de quantos se devotam à disseminação das teorias espiritistas deve ser o de colaboração com os estudiosos da Verdade. Não é o desejo de proselitismo ou de publicidade que os deve animar, porém, a boa vontade em cooperar com os seus atos, palavras e pensamentos, a favor da grande causa.

Todos nós objetivamos, com a nossa árdua tarefa, ampliar o conhecimento humano, com respeito às realidades espirituais que constituem a vida em si mesma, a fim de que se organize o ambiente favorável ao estabelecimento da verdadeira solidariedade entre os homens.



A fenomenologia, nos domínios do psiquismo, em vosso século, visa ao ensinamento, à formação da profunda consciência espiritual da Humanidade, constituindo, desse modo, um curso propedêutico para as grandes lições do porvir. É por essa razão que necessitamos de operar ativamente para que a Ciência descubra, nos próprios Planos físicos, as afirmações de espiritualidade.

Pode parecer que o materialismo separou para sempre a Ciência da Fé; isso, porém, não aconteceu, e o nosso trabalho de agora simboliza o esforço para que os investigadores cheguem a compreender o que o Céu tem revelado em todos os tempos.



A psicologia antiga pecava extremamente pela insuficiência dos seus métodos. O ser pensante achava-se, para ela, isolado do corpo, estudando assim os seus fenômenos introspectivos de maneira deficiente e imperfeita.

A psicologia moderna vai mais longe. A sua metodologia avançada estuda racionalmente todos os problemas da personalidade humana, unindo os elementos materiais e espirituais, resolvendo uma das grandes questões dos cientistas de antanho.

O corpo nada mais é que o instrumento passivo da alma, e da sua condição perfeita depende a perfeita exteriorização das faculdades do espírito. Da cessação da atividade deste ou daquele centro orgânico, resulta o término da manifestação que lhe é correspondente: daí provém toda a verdade da “mens sana” e o grande subsídio que a psicologia moderna fornece aos fisiologistas como guia esclarecedor da patogenia.

O corpo não está separado da alma; é a sua representação. As suas células são organizadas segundo as disposições perispiríticas dos indivíduos, e o organismo doente retrata um espírito enfermo. A patologia está orientada por elementos sutis, de ordem espiritual.



Os porquês da evolução anímica devem impressionar a quantos se consagram ao estudo. Os progressos da vida terrestre podem ser verificados pelos geólogos, pelos antropologistas. Há no planeta toda uma escala grandiosa de ascensão. No fundo de vossos oceanos ainda existem os infusórios, os organismos unicelulares, que remontam a um passado multimilenário e cujo aparecimento é contemporâneo dos princípios da vida organizada do orbe.



Que longa tem sido a trajetória das almas!..

A origem do princípio anímico perde-se dentro de uma noite de labirintos; tudo, porém, dentro do dinamismo do Universo, se encadeia numa ordem equânime e absoluta.

Da irritabilidade à sensação, da sensação à percepção, da percepção ao raciocínio, quantas distâncias preenchidas de lutas, dores e sofrimentos!.. Todavia, desses combates necessários promana o cabedal de experiências do Espírito em sua evolução gloriosa. A racionalidade do homem é a suprema expressão do progresso anímico que a Terra lhe pode prodigalizar; ela simboliza uma auréola de poder e de liberdade que aumentam naturalmente os seus deveres e responsabilidades. A conquista do livre arbítrio compreende as mais nobres obrigações.

Chegado a esse ponto, o homem se encontra no limiar da existência em outras Esferas, onde a matéria rarefeita oferece novas modalidades de vida, em outras mais sublimes manifestações, as quais escapam naturalmente à insuficiência dos vossos sentidos.



Os Espíritos se regozijam a cada novo passo de progresso da ciência humana, porque dos seus labores, das suas dedicações, brotará o conhecimento superior que felicitará os núcleos de criaturas, porquanto ficará patente, plenamente evidenciada, a grande missão do Espírito como elemento criador, organizador e conservador de todos os fenômenos que regulam a vida material.

Quanto mais avançam os cientistas, mais se convencem das realidades de ordem subjetiva, nos fenômenos universais.

As palavras natureza, fatalismo, tônus vital, não bastam para elucidar a alma humana quanto aos enigmas da sua existência; faz-se mister a intervenção das sínteses espirituais, reveladoras das mais elevadas verdades.

É para essas grandiosas afirmações que trabalhamos em comum, e esse desiderato constituirá a luminosa coroa da Ciência do porvir.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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