ENTRE DUAS VIDAS

Versão para cópia
Capítulo XII

Raphael Miralles Placência

Meus queridos filhos Milton e Jonas, Deus nos abençoe.

Estou escrevendo com dificuldade, mas com muita alegria para afirmar-lhes que estou presente.

Ainda não estou em condições de grafar os meus pensamentos com segurança, mas posso dizer que muito grande é o meu contentamento, podendo falar de minha satisfação em abraçar os meus filhos queridos.

Peço a vocês dizerem à nossa Celsa que estamos unidos pelo coração e que as lutas terminadas em Ponta Porã já vão longe. Graças a Deus, até mesmo de meu braço já estou restaurado e também que tudo faço hoje para fazer desaparecer as lembranças dos meus tempos menos felizes da canha.

Graças a Deus, estou recuperado e a minha família na Terra é agora o meu maior troféu, porque em nossa querida Celsa e em todos os nossos queridos filhos, tenho a minha maior alegria. Deus os conserve a todos sempre assim. Trabalhando e fazendo o melhor para que a Vontade de Deus seja cumprida.

Meus filhos, desejava escrever muito, mas não posso ainda. A todos os nossos entes queridos, as minhas lembranças, particularmente à nossa querida Elma, sempre tão carinhosa e tão dedicada a nós todos.

Velem, meus filhos, pelos nossos tesouros da alma — a nossa querida Celsa e os corações abençoados que se ligam aos nossos.

Deus os abençoe. Estamos juntos, João, Matilde, Francisco José, dos quais tenho recebido muito amparo na 5ida nova.

Para vocês, meu Nenecho e meu caro Jonas, com um abraço ao nosso irmão Adalberto, deixo todo o coração reconhecido de vosso pai


Raphael

(Uberaba, 9 de maio de 1971)



A recepção mediúnica da mensagem de Raphael foi muito demorada e com a letra típica de pessoa já fatigada na vida física, vazada na velha ortografia, sendo a sua assinatura idêntica à deixada no mundo, na opinião de seu filho Milton Placência, entrevistado por nós em Uberaba, na noite de 9 de maio de 1971.

Raphael Miralles Placência nasceu na cidade de Luque, na República Argentina, e desencarnou em Ponta Porã, Estado de Mato Grosso, no dia 22 de abril de 1952, aos 57 anos de idade, vítima de problemas cardíacos, alcoólatra crônico que fora, além de tabagista inveterado.

Sua esposa, D. Maria Celsa Blanco, então com 80 anos de idade, reclama até hoje porque o seu sogro era o fazendeiro mais rico do Paraguai, e Raphael gastou tudo que tinha com bebida [na mensagem o Espírito se refere aos “tempos menos felizes da canha” (cana, cachaça)], conquanto tenham todos os seus oito filhos sido criados dentro de extremada correção, sem que nenhum conseguisse estudar. Somente Milton é que se preocupou com o Espiritismo.

Fato digno de nota, e o médium Xavier o desconhecia por completo, o que vem comprovar a autenticidade da mensagem, é que o Sr. Raphael chamava o filho Milton pelo apelido de Nenecho, somente até os seus 15 anos de idade, passando, daí por diante, a chamá-lo pelo nome de registro.

O comunicante era um hábil carpinteiro e tinha um braço defeituoso (de nascença). Conversando com o médium Chico Xavier, este nos afirmou que vira o Espírito com o braço perfeito, o que, em última análise, vem confirmar apenas mais um dos pontos básicos de Doutrina Espírita, ou seja, que tão logo retorne ao Plano Espiritual, determinado Espírito que não tenha se comprometido de modo grave com a lei de Causa e Efeito e tenha aceito a sua deformidade física como fármaco eficaz para erradicar complexo de culpa existente de longa data na intimidade de seu perispírito, consegue ele retomar o corpo na situação anterior, isto é, sem qualquer defeito físico.


Elias Barbosa


Raphael
Francisco Cândido Xavier

Este texto está incorreto?