Entre Irmãos de Outras Terras

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Capítulo XIX

Problema de direção

Muita gente procede assim, por falta de uma palavra amiga que lhe favoreça a direção. Quantas vezes, nós próprios anestesiamos a noção de responsabilidade ao elixir da conveniência e teremos procedido também desse modo, em estâncias do passado, diante das tarefas renovadoras de outras reencarnações?

Nenhuma intenção de fazer pejorativa a identificação do companheiro de ideal e trabalho a que podemos designar como sendo meio-espírita, de vez que o nosso propósito é aquele dos irmãos empenhados em elevar o nível de rendimento da família na prosperidade doutrinária.

Os espíritas de metade existem e decerto que grande merecimento possuem pelas qualidades respeitáveis que já apresentam, mas devemos ajudá-los através da oração a complementarem as realizações edificantes que se encontram intimados a fazer.

São eles habitualmente pessoas convictas das realidades do espírito; contudo, não se apercebem da importância disso, exaltando fenômenos e não levantando sequer uma palha na divulgação da verdade.

Acreditam que é preciso trabalhar nas boas obras e nunca se animam a mínima tarefa. Destacam a excelência da seara espírita e recusam qualquer compromisso de trabalho dentro dela.

Fogem de colaborar na ação construtiva, e, se encontram confrades zelosos e disciplinados em serviço, costumam interpretá-los por irmãos tendentes a fanatismo e covardia.

Estão invariavelmente prontos a receber o socorro do passe ou do amparo espiritual e são alérgicos aos aborrecimentos, mesmo pequeninos, quando se trata de prestarem algum auxílio aos outros.

Dizem-se prudentes e se fazem tão arredios da edificação espírita, em nome da prudência, que chegam a entravar o passo de numerosos irmãos dispostos a trabalhar.

Aceitam os preceitos espíritas, mas habituam-se, de tal maneira, a seguir os preconceitos do mundo, que chegam a abraçar as piores diretrizes sociais, sob a alegação de que a fraternidade precisa estar com todos.

Revelam-se por excelentes conversadores, destacando a verdade com o verbo quente e expressivo nas horas de céu calmo; todavia esmorecem na palavra frouxa e morna, quando as nuvens borrascosas da mentira exigem o testemunho da verdade.

Reflitamos no assunto e pausemos para autoexame. Reconheçamos a grandeza da redentora Doutrina dos Espíritos que nos traz as bênçãos de Jesus por inteiro. Evitemos a nossa classificação deficitária de aprendizes com aproveitamento de metade que, ao invés de situar-nos no caminho do meio, nos deixa para trás, no meio do caminho.




(Londres, Inglaterra, 10, Agosto, 1965.)

(Psicografado por Waldo Vieira.)



André Luiz
Francisco Cândido Xavier

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