Entre Irmãos de Outras Terras

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Capítulo III

Frutos verdes


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O espírita, herdeiro de conhecimentos superiores, esbarra com ressentimentos e mágoas, nutrindo atitude perfeitamente nova quando posta em confronto com a de outros princípios religiosos.

Admitindo a continuidade da vida, além da morte, não recebe ofensores à maneira de inimigos ou irresponsáveis. Acolhe-os como sendo companheiros transviados que é preciso recuperar para o bem.

À face disso, assaltos morais apresentam para ele importância relativa, conquanto lhe doam nos brios.

Porque alimentar ódio a alguém, se está convicto, pela lei da reencarnação, de que esse alguém se lhe pode abrigar nos braços, na feição de um ente querido na equipe familiar?

Por outro lado, não pode ignorar o mal de que foi objeto, certo quanto se acha da lei de responsabilidade individual. Daí o comportamento equilibrado que as circunstâncias lhe sugerem: serenidade sem indiferença, dentro da qual reconhece que não lhe adianta perder tempo com pesares ocultos ou reclamações descabidas.

Com isso, recolhe todas as manifestações de injúria, maldade, agressividade ou incompreensão dos outros, com a tranquilidade do cultivador que recebe de um companheiro vastas coleções de frutos verdes, para os quais não há colocação na área de seus interesses.

E como sabe que o responsável pela produção se esmerará em fornecer-lhe frutos maduros, em tempo adequado, espera por eles com paciência.

Por essa razão, se o espírita lança mão de algum desforço perante ataques do caminho, essa desforra é sempre a resposta do serviço mais eficiente a todos os desafios de que foi alvo. Recordemos isso, à frente de agravos ou menosprezos.

Para nós, as palavras do Cristo (Mt 5:44) “amai os vossos inimigos” e “orai pelos que vos perseguem e caluniam”, não significam carta-branca aos irmãos que se chafurdaram no mal e nem nos determinam exibir suposta superioridade diante deles. Querem claramente dizer que não devemos cortar os fios de amor fraternal que nos identificam uns com os outros, conferindo-lhes o direito de serem responsáveis pelos erros que praticam e que nos cabe envolvê-los nas vibrações restauradoras da prece, prosseguindo, de nossa parte, na construção imperturbável do bem, que renderá sempre luz e verdade, alegrias e bênçãos para eles e para nós.




(Silver Spring, Maryland, EUA, 10, Junho, 1965.)

(Psicografado por Waldo Vieira.)



Kelvin van Dine
Francisco Cândido Xavier


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