Escultores de Almas

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Capítulo III

Voz que não fala


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Eu sou a criança.

Ando pelo mundo, bastante incompreendida e também muito pouco compreendendo do que se passa em meu derredor.

Muitos pais rejeitaram-me obstinadamente sob os mais variados pretextos.

Evitam-me qual se eu lhes fosse um flagelo sobre a Terra.

Chegam a temer-me ansiosamente.

Outros, privados da minha presença, lamentam-se e deploram a minha falta, qual a flor buliçosa ausente do jardim.

Muitos exploram a minha inocência, abusam de minha fragilidade e dilaceram as minhas esperanças.

Outros me abandonam, quando mais necessito de carinho e de apoio.

Há, felizmente, os nobres corações que se preocupam comigo. Que choram com o meu desamparo e choram a minha fome, estendendo-me os braços fraternais através da bolsa generosa.

Jesus, eu te peço, Senhor: Multiplicai esses corações que pulsam junto a mim, essas mãos que me afagam, essas mentes que me educam e retificam.

Eu sou a criança. Falo a voz de todas as línguas e de todos os quadrantes do mundo. Choro o pranto dos órfãos, choro a tristeza dos viciados e suplico a misericórdia dos justos e a bondade dos felizes.

Eu sou a criança. Minha voz fala em silêncio, dirigindo-se a todos os corações que já possam compreender.




Meimei
Francisco Cândido Xavier

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