Estamos no Além

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Capítulo VI

Roberto de Salas


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Quase dois anos após a separação brusca de seu filho único — jovem de 20 anos, no auge da fama como grande craque de basquete —, D. Maria Stíbolo de Salas recebeu, em Uberaba, bela mensagem do Mundo Espiritual, reencontrando-se com seu querido Roberto — o popular Garibaldo —, que lhe ofertou notícias e orientações perfumadas com muito amor.

“Se a mensagem nos trouxe paz, luz, ensinamentos cristãos e mais confiança em Deus, como não nos sentirmos beneficiados?”, afirmou-nos D. Maria, categórica, em entrevista recente.

E, completando sua análise, ela observou que tudo isso foi exposto dentro de seu estilo de falar, bem característico, sempre com bom humor e algumas gírias.

Vamos conhecê-la?


MENSAGEM


“Ficou a saudade, mas vamos abatê-la com a força da esperança. Confiemos. Estaremos todos juntos.”

Querida mãezinha, peço-lhe me abençoe.

Venho até aqui com o meu avô Diógenes para rogar-lhe muita aceitação ante as Leis Divinas.

Mãezinha, explique a meu pai que o Garibaldo não morreria, e por isto, me reconheço aqui sem vontade de comentar o meu caso, com lágrimas que possam apagar a chama da nossa alegria de viver. O acidente que me trouxe para este Lado Diferente da Vida, foi semelhante a outros. Compreendi para logo que a carreira terminara ali naquele ponto em que o meu uniforme da escola terrestre se fizera sem conserto. Compreendi e aceitei.

Entre os meus colegas de partidas e partidas muitas vezes repetíamos o slogan — “Os jovens também morrem”. Por isso, de algum modo não me faltava preparação. Agora precisamos imprimir nova direção ao volante da vida. Reconhecer que existem outros Robertos necessitados de socorro.

Espero que o seu coração e meu pai Diogo me favoreçam com essa virada. Não estou fornecendo alguma de santo. Quero dizer que vou compreendendo a extensão da família extra-paredes.

Mamãe, não pense com tanta dor em minha ausência. Novo dia aconteceu. É preciso vivê-lo com a fortaleza de ontem. Não parar na ideia de angústia é obrigação nossa. Temos muito a fazer e a construir aqui e também aí.

A vovó Faustina me guardou nos braços. Se registrei alguma impressão de dor, foi apenas a de arranhões que sararam depressa. Ficou a saudade, mas vamos abatê-la com a força de esperança. Confiemos. Estaremos todos juntos.

Não desejo falar ao seu carinho, nesta carta, com a emoção por cima de meus raciocínios. O que aconteceu é que cheguei onde todos chegarão. Decerto que desejo a todos os amigos e a todos os companheiros de experiência humana uma permanência longa aí na Terra, mas que a viagem do retorno é certa, disso ninguém duvide. Desse, modo, procuremos povoar o tempo com a felicidade para os outros porque nesse tipo de felicidade encontraremos a nossa.

Estimaria escrever muito para acentuar a nossa fé no futuro e vê-la sorrir, mas o tempo é escasso nas possibilidades de que disponho.

Querida mãezinha, a meu pai os meus pensamentos de respeito e de gratidão misturados do imenso amor que ele me ensinou a cultivar, e para o seu carinho, todo o carinho e reconhecimento do seu filho


Roberto
Garibaldo.
Roberto de Salas.

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Psicografada por F. C. Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, a 10/8/1979, em Uberaba, Minas.


2 — Avô Diógenes — Diógenes de Salas Soler, falecido em 1971.


3 — Meu pai — Diogo de Salas Fortunato. Residência da família: Rua dos Ciclames, 152, São Paulo, Capital.


4 — Vou compreendendo a extensão da família extra-paredes — Refere-se à grande família espiritual de cada um de nós.


5 — Vovó Faustina — Faustina Fortunato Salas, falecida em 1961.


6 — Roberto de Salas — Nasceu em 14/4/1957 e desencarnou em acidente automobilístico, na cidade de São Paulo, a 12/11/1977. Iniciou-se no basquete pelos juvenis do Tênis Clube de São José dos Campos, onde o técnico Edvar o apelidou de Garibaldo. Em 1976, foi convidado a integrar a equipe do Jockey Club de Goiânia, época em que, jogando pela seleção principal de Goiás, sagrou-se Campeão Brasileiro. Foi Campeão Panamericano ao integrar a seleção de novos. Quando faleceu era titular e técnico dos infantis do S. C. Corinthians Paulista, da Capital.



Roberto
Francisco Cândido Xavier


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