Fé e Vida
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Tristes viajores relegados à intempérie conhecem, de sobra, as convulsões e angústias da natureza.
Apreensivos e atormentados, toleram agora o assédio do temporal que lhe encharca a veste rota, compelindo-os a atravessar o pântano em movimento.
Em seguida, sofrem o impacto de insetos escarninhos, que lhe sugam o sangue à flor da epiderme, quando não padecem o assalto oculto da fauna microscópica que lhe intoxica os centros de força.
Para eles, a noite é mais densa e a ventania mais áspera, constrangendo-os a caminhar…
Eis, porém, que lar amigo se lhe reponta à frente, ofertando-lhe à aflição sossegado refúgio.
Acolhidos, com amor, repousam e reaquecem-se ao aconchego da confiança, cobrando energias novas na procura da meta que deve continuar.
No quadro simples de cada dia, encontramos a alma humana entregue às sombras da tempestade moral, na hora difícil que atravessamos…
Flagelações e perigos cercam-lhe o passo, através de todos os flancos da luta, enquanto venenos sutis de cansaço e discórdia lhe imobilizam as esperanças…
Entretanto, o coração fraternal que a fé esclarece, ao Sol do Cristo eterno, é o abrigo de amor que a estrada lhe propicia, santuário ditoso em que há paz e remédio, alimento e consolo…
Guardemos, pois, no mundo, a tarefa da bênção que o Senhor assinala à nossa fé sublime, a fim de que sejamos, hoje, agora e amanhã o altar de entendimento em que a vida de todos se refaça mais límpida, na romagem da Terra, para a luz do porvir.
(Pedro Leopoldo (MG), 8 de novembro de 1957)
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