Muita alegria em viagem,

Para festa de surpresa,

Paga pedágio somente

Para chegar à tristeza.

Bendita seja a pessoa,

Sem garbos de fantasia,

Que fala espalhando, a jorros,

As pérolas da alegria.

Alegria? O rancho pobre…

A esteira aberta no chão…

O cão rafeiro a meu lado…

Meu sonho… meu violão…

Estranho comportamento

Era o de Adão Alenquer:

Sua única alegria

Era bater na mulher.

Na casa que não estuda,

Não planta, nem tece ou cria,

Não há lugar adequado

Para a bênção da alegria.

Tenho visto e percebido

Que em muita festa avançada,

Há sempre muito gemido

Em forma de gargalhada.

Um pato esnobou folia

Com mais razão de surpresa,

Sem saber que engordaria

Para ser um prato à mesa.

Contentamento demais

Não tem a base segura;

Muitas vezes, a alegria

É a véspera da amargura.

Queres achar a alegria?

Não te aflijas. Basta ver

O Sol acendendo o dia

Na hora do amanhecer.

Podem surgir sobre a Terra

Prova, desgosto e mudança,

Mas Deus jamais nos retira

A alegria da esperança.