Fulgor no Entardecer

Versão para cópia

Prefácio de Emmanuel


Temas Relacionados:

O engenheiro Dr. Cirilo Mariano fora convidado para promover a construção de extensa ponte, que ligaria a fazenda de um amigo à grande cidade, onde possuía a própria residência.

Dr. Cirilo ganhara expressiva concorrência e se rejubilava com isso, embora suportando a crítica de muitos colegas.

O chefe de serviço doara-lhe uma casa modesta que se erguia entre a cidade e a fazenda. Uma habitação para três ou quatro dias. Tratava-se de uma edificação rústica onde o fazendeiro o cercou do máximo conforto. A moradia, no entanto, não dispunha de força elétrica.

Para lá se transferiu para estudar o mapeamento que presidiria a construção da ponte necessária, levando consigo o filho Rogério, não só para aproveitar parte das férias usuais, como também a fim de fazer companhia ao pai afetuoso. Rogério era um garoto robusto que servia ao progenitor na maior atenção.

No primeiro dia de trabalho o engenheiro estava cercado de desenhos e orçamentos, quando a noite se avizinhou, envolvendo pai e filho na escuridão compreensível e justa.

Dr. Cirilo não se acomodou com a luz da vela e, dando um murro em mesa próxima, disse para o filho:

— Meu filho, veja as nossas dificuldades!

E acentuou, depois de longa pausa:

— Se Deus criou o dia com tanta luz, por que terá deixado tão escura a noite, impedindo-nos de trabalhar?

Você futuramente verá que tenho razão! Por que o dia foi aquinhoado de tanto brilho, largando a noite para uso das trevas?

O pai não esperou pelas observações do menino que ainda não completara doze anos de idade. Em seguida, abeirou-se de uma janela próxima, parecendo repentinamente mergulhado nos pensamentos de dúvida que lhe invadiam a mente de homem prático.

O filho seguia-lhe os movimentos com atenção.

O engenheiro demorou-se bastante tempo em meditação. Ao voltar-se para o filho adolescente, mostrava um semblante calmo, muito longe do desespero de momentos antes.

Afagou os cabelos do menino e comentou com voz pausada e natural:

— Rogério, meu filho, alguns minutos de reflexão, ante a natureza exterior, me transformaram as disposições mentais.

Nunca pensei nisso antes, mas vejo agora que o Criador agiu com precisão e sabedoria. Reconheço terá estabelecido a noite para o descanso de nossas energias desgastadas e aproveitou essas horas de repouso, quase compulsório, para descerrar os milhões de estrelas que povoam o firmamento, dando-nos a entender quanto progresso nos espera no futuro.

Apontando os astros, acrescentou:

— Veja bem as constelações! São poemas escritos nos céus, e as estrelinhas, a meu ver, lembram trovas perfeitas, cuja significação saberemos mais tarde.

Estou feliz por haver encontrado a solução do problema em mim mesmo…

O filho abraçou-o e disse, entre alegre e comovido:

— Papai, se o senhor está positivamente voltado para o Bem, falando sobre o assunto com a sua elevada compreensão da Vida, rendamos Graças a Deus!



Uberaba, 23 de janeiro de 1991



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 0.
Para visualizar o capítulo 0 completo, clique no botão abaixo:

Ver 0 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?