Mentores e Seareiros

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Capítulo VIII

Educação


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Amparar a infância é auxiliar a sementeira. Orientar a mocidade para o bem é auxiliar a floração.

A felicidade e a paz constituem serviço de aprimoramento.

Transposto o escuro portal da morte, reconhecemos que o professor detém no mundo o cetro do mais alto sacerdócio.

A escola é santuário da revelação Divina. Dentro dela a mente humana retoma os tesouros do passado e entra em contato com as grandes vozes da sabedoria para a sublime ascensão no amor.

E nos altares invisíveis de que se enriquece de Luz, a alma que ensina participa, com o Senhor, do júbilo de criar.

O mestre é, por isso, o oleiro milagroso das imagens, descerrando novos horizontes à vida e abrindo preciosas oportunidades de elevação.


Ó vós, que buscastes na fonte do Espiritismo com Jesus um campo diferente de ação, vós, cujas antenas de fé viva conseguiram captar a palavra da Verdade Vitoriosa, contemplai conosco a paisagem atormentada e escura da experiência humana!…

Em toda parte, a aflição clama por segurança, a dor espera lenitivo, a sombra pede luz e a desarmonia roga paz.

É imprescindível nos devotemos todos à obra regenerativa do Bem, recompondo destinos e sanando males aparentemente irremediáveis.

Não nos fixemos, porém, na breve existência de um dia!… Procuremos a vida, a Vida Imperecível, que sobrepaira além do tempo e da morte.


Na criança jaz o recomeço. No jovem surge a base.

Centralizar os nossos esforços no aperfeiçoamento, é dever de quantos abraçaram na Terra o idealismo de soerguimento e sublimação.

Não desejamos, com semelhantes enunciados, sentenciar a velhice ao abandono. A senectude dolorida ou desprezada é sempre credora de compaixão. O lar dos deserdados é serviço que não podemos esquecer.

Reportamo-nos, contudo, à madureza, da qual devemos aguardar os melhores testemunhos de aplicação do Evangelho Salvador.


Curto é o período de possibilidades substanciais de trabalho, para a criatura de passagem na Terra. Aproveitar esses dias rápidos, na missão do Bem, é impositivo da lei, que necessitamos respeitar se não desejamos os duros ensinamentos do reinício.

E se sabemos que a reencarnação, por divino instituto de aperfeiçoamento, nos abre incessantemente as portas abençoadas de novas realizações, não será lícito olvidar que o serviço prestado à infância e à juventude é obra de caridade e proteção a nós mesmos.

Ressurgiremos, amanhã, dos pais que hoje estamos formando.

Integrados no conhecimento de semelhante realidade, saibamos preparar o caminho iluminado e feliz para as crianças e para os moços do presente.

Ninguém está exonerado da cooperação de boa vontade em favor das gerações renascentes.

Quem se consagra a Jesus Cristo aprende a legar um mundo melhor aos que lhe seguem os passos, através do concurso fraterno ao próximo e da bondade para com a vida de que comunga nas lides habituais.


O Evangelho não é um livro simplesmente. É um templo de ideias infinitas — miraculosa escola das almas — estabelecendo a Nova Humanidade.

Para isso, gera santos e heróis, artistas e trabalhadores que, em se espalhando no mundo, nele determinam, de século a século, fecundas renovações para a glória do Amor Universal.

De certo, estamos ainda longe do tipo biológico habilitado a refletir integralmente a inspiração do Cristo, mas, atendendo aos imperativos da educação, reduziremos a longa e porfiada luta.


Reconduzir para a dignificação, distribuir a cultura e o trabalho edificantes, animar a chama dos ideais redentores e proclamar os méritos da fraternidade é a maneira mais elevada e mais fácil de apagar as trevas do passado e inflamar os horizontes do futuro.

Tocados pela claridade da sublimação, ao esplendor da Verdade, pelo conhecimento da sobrevivência além da morte, uni aos nossos os vossos braços e corações e construamos o Reino de Deus com as sementes divinas da escola, coroada de luz e compreensão, segurança e solidariedade.

A técnica prosseguirá levantando cidades e monumentos, traçando estradas e comunicações, ajustando máquinas e inventos, materializando a facilidade e o conforto para a civilização, mas só o amor garantirá no mundo a alegria de viver.


Façamos da oração a nossa escada de intercâmbio com o Céu, socorramos a enfermidade e aliviemos o desespero, repartamos o pão e o remédio com os famintos e doentes, ergamos teto acolhedor aos que vagueiam sem rumo e consolemos a dor que nos aparece de mil modos, cada dia, nas sendas do mundo, mas não nos esqueçamos de que Jesus, acima de tudo, é o nosso Divino Mestre e de que o Cristianismo é serviço de educação.




João Bosco
Francisco Cândido Xavier

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