Instruções Psicofônicas

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Capítulo XXXV

Caridade


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No momento preciso das instruções, na noite de 4 de novembro de 1954, foi nosso amigo espiritual José Silvério Horta, mais conhecido por “Monsenhor Horta”, quem ocupou os recursos psicofônicos do médium, dirigindo-nos a sua palavra cristã.

Sacerdote católico na última romagem terrestre, Monsenhor Horta deixou em Minas formosas tradições de humildade, simplicidade e amor cristão, destacando-se por fiel servidor de Jesus, e, confirmando as noticias que lhe exornam o nome, teceu, para a nossa edificação espiritual, significativas considerações em torno da caridade, que transcrevemos a seguir.


Filhos, em verdade, outra virtude não existe mais bela.

Todos os dons da vida, emoldurando-a, empalidecem como os lumes terrenos quando o sol aparece vitorioso.

Desde a antiguidade, a ciência e a filosofia erigem à própria exaltação gloriosos monumentos que se transformam em cinza, a fim de que elas mesmas se renovem.

Em todos os tempos, a autoridade e o poder fazem guerras que esbarram no sepulcro, entre sombra e lamentação.

Só a Caridade, filha do Amor Celeste, é invariável.

Com ela, desceu Nosso Senhor Jesus-Cristo à treva humana e, abraçando os fracos e enfermos, os vencidos e desprezados, levantou os alicerces do Reino de Deus que as Forças do Bem na Terra ainda estão construindo.

Vinde, pois, à Seara do Evangelho, trazendo no coração a piedade fraternal que tudo compreende e tudo perdoa!…

Acendamos a flama da caridade quando orarmos!

Em nossas casas de socorro espiritual, enquanto nos devotamos à prece, achamo-nos cercados por todos os tipos de sofrimento que decorrem de tristes almas desencarnadas a carregarem consigo as escuras raízes de ilusão e delinquência, com que se prendem à retaguarda…

São as filas atormentadas daqueles que traficaram com o altar, que venderam a consciência nos tribunais da justiça, que mercadejaram com os títulos respeitáveis, que menosprezaram a bênção do lar, que tripudiaram sobre o amor puro, que fizeram do corpo físico uma porta à viciação, que se renderam às sugestões das trevas alimentando-se de vingança, que fizeram da violência cartilha habitual de conduta, que acreditaram na força sobre o direito, que se desmandaram no crime, que sepultaram a mente em pântanos de usura e que se abandonaram, inermes, à ociosidade, à perturbação, à perversidade e à morte moral…

Para todos esses corações encarcerados na sombra expiatória, é indispensável saibamos trazer, em nome do Cristo, a chama do sacrossanto amor que ilumina e salva, esclarece e aprimora…

Inegavelmente, enquanto na carne, não conseguis analisar a extensão das consciências em desequilíbrio que se nos abeiram das preces, como sedentos em torno à fonte…

Viveis, provisoriamente, a condição do manancial incapaz de saber quão longo é o caminho da própria corrente na regeneração do deserto.

Cabe-nos, assim, o mais amplo esforço para que a caridade persista em nossos pensamentos, palavras e ações, porquanto é imprescindível avivá-la também quando agimos.

No círculo doméstico e na vida pública, tanto quanto em todos os domínios de vossa atuação nas lides terrestres, sois igualmente defrontados pelos companheiros em desajuste que, como nos acontece a todos, anseiam por reerguimento e restauração.

Guardemos caridade para com todos aqueles que nos rodeiam… Para com os felizes que não sabem medir a própria ventura e para com os infortunados que não podem ainda compreender o valor da provação que os vergasta, para com jovens e velhos, crianças e doentes, amigos e adversários!…

Cultivemo-la em toda parte… Caridade que saiba renunciar a favor de outrem, que se cale ajudando em silêncio, e que se humilhe, sobretudo, a fim de que o desespero não domine os corações que pretendemos amar…

Todos na Terra suspiram pelo melhor.

A mulher que vedes, excessivamente adornada, muita vez traz o coração chagado de angústia.

O homem que surge, assinalado pela riqueza terrestre, quase sempre é portador de um vulcão no crânio entontecido.

A juventude espera orientação, a velhice pede amparo.

Onde estiverdes, não condeneis!

O lodo da miséria nasce no charco da ignorância em cujos laços viscosos a leviandade ainda se enleia.

Nós, porém, que já conhecemos a lição do Senhor, quinhoados que fomos por sua bênção, podemos abreviar o caminho para a grande libertação, desde que a caridade brilhe conosco, dissipando a sombra e lenindo o sofrimento.

É assim que vos concitamos à mais intensa procura do Cristo para que o Cristo esteja em nós, de vez que somente no Espírito Divino de Jesus é que conseguiremos vencer a dominação das trevas, estendendo no mundo o império silencioso da caridade, por vitoriosa luz do Céu.




José Silvério Horta
Francisco Cândido Xavier


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