Instruções Psicofônicas

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Capítulo XLI

Sentimento


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O encerramento da nossa reunião de 16 de dezembro de 1954 assinalou grande regozijo para o nosso Grupo.

Através do médium, recebemos a visita de Áulus, abnegado Instrutor Espiritual, que nos falou acerca do sentimento como base de nossa vida mental, oferecendo-nos interessante conceituação educativa sobre o assunto e salientando que na comunhão mais intima com o Divino Mestre é que poderemos consolidar o equilíbrio de que carecemos para realizar o nosso aprimoramento interior.


Amigos.

Em nossas relações com o Senhor, com os nossos semelhantes, com a vida e com a Natureza, é importante lembrar que a nossa própria alma produz os modelos sutis que nos orientam as atividades de cada dia.

Tanto quanto a segurança de um edifício corresponde ao projeto a que se subordina, o êxito ou o fracasso em nossos menores empreendimentos correspondem à nossa atitude espiritual.

Sabemos em fotografia que o clichê é a imagem negativa obtida na câmara escura, do qual podemos extrair inumeráveis provas positivas. Assim também o pensamento é a matriz que compomos na intimidade do ser, com a qual é possível criar infinitas manifestações de nossa individualidade.

Mas a formação do clichê depende da película sensível que, em nosso caso, é o sentimento antecedendo-nos toda e qualquer elaboração de ordem mental.

É imprescindível, dessa forma, melhorar sempre e cada vez mais as nossas aquisições de fraternidade, entendimento e simpatia.

A estrela é conhecida pela luz que desprende de si mesma.

A presença da flor é denunciada pelo perfume que lhe é característico.

A criatura é identificada pelas irradiações que projeta.

Sorvemos ideias, assimilamos ideias e exteriorizamos ideias todos os dias.

É imperioso, assim, em nosso intercâmbio uns com os outros, observar os nossos estados sentimentais nas bases de nossas reflexões e raciocínios, como origens de nossa vitória ou de nossa derrota no campo de luta vulgar.

Ilustrando-nos a conceituação despretensiosa, evoquemos a natureza para simbolizar alguns de nossos sentimentos e clarear, tanto quanto possível, a lição que a experiência nos oferece.

O ódio é comparável à hiena, espalhando terror e morte.

A inveja é semelhante à serpente que rasteja, emitindo raios de venenoso magnetismo.

O ciúme parece um lobo famulento, estendendo aflição e desconfiança.

A agressividade assemelha-se ao ouriço, arremessando espinhos na direção daqueles que lhe respiram a presença.

O amor é comparável ao sol que aquece e ilumina.

A compreensão copia a fonte amiga.

A tolerância fraterna é qual árvore que serve e ajuda sempre.

A gentileza é irmã da música construtiva, desdobrando consolações e mitigando o infortúnio.

O sentimento elevado gera o pensamento elevado e o pensamento elevado garante a elevação da existência.

Sintamos bem, para bem refletir, assegurando o bem na estrada que fomos convidados a percorrer.

Em verdade, o pensamento é a causa da ação, mas o sentimento é o molde vibrátil em que o pensamento e a causa se formam.

Sentindo, modelamos a ideia. Pensando, criamos o destino.

Atendamos à higiene mental, entretanto não nos esqueçamos de que a casa, por mais brilhante e por mais limpa, não viverá feliz sem alimento. E a bondade é o pão das almas.

Em razão disso, recomendou-nos o Divino Mestre, em sua lição imperecível: — “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. (Jo 13:34)




Áulus
Francisco Cândido Xavier


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