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Capítulo III

Convite fraternal


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Efetivamente, grandes tribulações varrem a Terra. E decerto que os teus ouvidos lhes registram os ecos. São grupos de criaturas em sofrimento.

Vemos os companheiros tresmalhados na delinquência, nos recantos de reajuste e reeducação que os segrega;

as mulheres que fizeram da liberdade a pesada corrente que as prende à solidão;

os casais infelizes que acreditaram nas seduções do amor livre e caíram nos cativeiros da alma;

os amigos entediados que se inclinam para o suicídio;

os pais agoniados procurando os filhos queridos que a provação ocultou nas sombras da morte,

e os doentes que se entregam ao desespero…


Vimos outros: os desencarnados que nos engajamos na Causa do Cristo e que nos espalhamos por toda parte, rogando vozes que lhes traduzam a palavra junto dos homens e mãos operosas que os auxiliem no pronto socorro da paz.

Se o nosso apelo te alcança o coração, vem e auxilia-nos!…

Aceita o nosso convite à solidariedade e trabalhemos unidos.

Vem e age conosco, que também somos servidores frágeis e pequeninos…

Para isso, ninguém te pede certidão de santidade, em demonstrações de grandeza. Basta que nos estendas a tua migalha de colaboração e uma réstia de luz.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

ACORDA E VIVE

EMMANUEL

Espiritualmente falando, a Terra, para os grandes seres que já se evangelizaram, oferece o espetáculo de berçário imenso onde o espírito humano continua dormindo na infantilidade que lhe caracteriza a evolução iniciante.

Os homens, quase todos, estáticos ou cristalizados na ignorância, imitam os sonâmbulos hipnotizados pelas próprias criações.

Aqui, alguém sonha ostentando ilusório manto de dominação, acolá, alguém passa, á maneira de autônomo infeliz, acreditando-se mendigo.

Além, um homem comum, que apenas consegue realizar magra refeição por dia, estabelece imensos monopólios de farinha ou de azeite, vitimado pela loucura de amontoar utilidades sem proveito justo; mais além, uma criatura vulgar, que somente vestirá um costume de cada vez, açambarca o mercado de algodão ou o comércio de lã, supondo-se capaz de consumir sozinho o suprimento destinado a milhões.

Há quem administre os bens públicos, julgando-se exclusivo senhor deles, e há quem desperdice as próprias forças, deliberadamente, presumindo na saúde um caminho para a própria destruição.

É por isso que quase todos, enquanto na Terra, centralizamos a atenção no próximo, olvidando a nós mesmos.

Quando nos desvencilhamos, porém, das teias da ociosidade mental que nos anestesia, observamos que a vida apenas pede visão, a fim de descerrar-nos o luminoso roteiro para os cimos que nos compete atingir e, então, se nos dispomos realmente a ver, identificamos em derredor de nós, a sementeira e a seara de luz, à espera de nosso esforço no bem para conferir-nos paz e sublimação.

Se a dor te visita, se a indagação te convoca ao conhecimento, se a curiosidade te convida à reforma íntima e se o mundo te solicita renovação, recorda que o Senhor terá reconhecido o teu amadurecimento para ávida que nunca morre e te procura ao necessário despertamento.

Acorda e vive para a realidade que nos rodeia.

Acorda e serve e servindo, encontrarás a ti mesmo em nível mais alto, entretecendo as próprias asas para o voo excelso no rumo da imperecível libertação.



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