Intervalos

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Capítulo XIV

Auxílio aos desencarnados


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Considera o coração que te antecedeu na grande viagem da morte, não como a criatura aniquilada, mas como alguém que continua a viver.

Se ainda ontem, no mundo, em lhe retendo o corpo enfermo ou agonizante, desfazias-te em carinhosa assistência, hipotecando-lhe solidariedade e ternura, por que razão lhe infligirás, agora, o onominável suplício do desespero, atirando-lhe brasas ao coração?

Se a saudade e a distância te flagelam a alma, não te esqueças de que invisibilidade não quer dizer ausência.

Fortalece-te para o ministério da fé que vence a dúvida e lembra-te de que o viajor amado te requisita socorro e compreensão.

Por vezes, vagueará nas trevas transitórias do próprio “eu”, entre as paixões que ainda o subjugam… Oferece-lhe o clarão silencioso da prece calma e sincera, através da qual as almas se comunicam, vencendo o espaço além.

Terá deixado problemas na retaguarda, agrilhoando-se a eles, no círculo de ilusões a que se afeiçoa… Ajuda-o, amparando-lhe as lutas aflitivas, suavizando-lhe as penas e os dissabores, para que siga, valoroso, ao encontro da Luz Divina.

Em muitas ocasiões, terá legado ao lar pobreza e provação, desalento e infortúnio… Alivia-o, envolvendo-lhe os entes amados no clima de tua amizade pura a exprimir-se em valiosas migalhas de carinho e reconforto.

Em muitas circunstâncias, permanecerá enovelado nas teias do arrependimento tardio… Liberta-o, com teu devotamento amigo, auxiliando-o a colocar a bênção do amor onde, imprevidente, terá situado o espinheiro do ódio…


Recorda que serás amanhã o morto imaginário entre os vivos da Terra e estende a oração e a bondade, em favor dos que partem antes de ti, para que a bondade e a oração dos outros estejam contigo, no dia em que te ausentares também.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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