Irmãos Unidos

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Capítulo IV

As três sendas


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Diante de Messino, o instrutor, a comissão espiritual de unidade religiosa examinava o caminho mais nobre para a integração com Deus.

A grande assembleia congregava estudiosos desencarnados de matizes diversos. E a discussão prosseguia, calorosa e edificante.

Que ninguém se afadigasse. Tudo se acomodaria, por fim, no seio do Eterno, com a passagem dos milênios…

Outros pareceres, no entanto, salientavam-se, ponderados.

A devoção arredava o espírito da possibilidade de cair. Tanto quanto possível, a criatura deveria acolher-se à paz dos templos. À força de mentalizar a Divina Bondade, o espírito acabaria por desviar a consciência, transferindo-a da Terra para as Esferas Superiores…

Entretanto, diferentes opiniões se faziam ouvir.

Quem poderia esquecer os créditos da ação? E muitos companheiros advogavam a causa do esforço próprio, argumentando que se Deus esperava os filhos em aperfeiçoamento, para se reunirem a Ele, é que decerto lhes reservava serviço na Criação.

Não seria, pois, mais que justo abreviar o serviço probatório?

Messino, em silêncio, esperou que os ânimos serenassem e, quando a calma se espraiou no recinto, convidou os aprendizes a pequena excursão. Em famoso museu terrestre, Messino parou, no que foi acompanhado pelos discípulos.

Sem comentários, caminhou para certa vitrine, em que se via soberba coleção de brilhantes e falou, apontando três peças raras:

— Temos aqui três valores magníficos, procedentes de regiões diversas.

O primeiro é uma gota de beleza acrisolada no tempo. Gastou centenas de séculos, rolando nas artérias do continente africano. À custa de movimentação indiscriminada, perdeu a veste bruta em que se envolvia e foi colhida por hábil garimpeiro.

O segundo é qual se fora pequenino astro fulgente. Era um diamante que servira, por dezenas de séculos, em vários templos, desde que um mercador o ofereceu ao santuário de Amon, quando Tebas era a cabeça pensante do Egito.

Mudava de posição com a mudança de culto e, assim, de tempos a tempos, sofria leves alterações para adaptar-se a pertences da atividade religiosa, até que foi burilado de maneira total.

O terceiro, que mais se parece a um pingo de orvalho, invadido de sol, foi pedra escura, achada em mina vulgar, há menos de cinquenta anos. Comerciada, várias vezes, por mãos mercenárias, e tendo, em muitas ocasiões, adornado o colo de mulheres menos sensatas, foi, afinal, laboriosamente preparada por sábio esmerilador, vindo a figurar entre as pedras mais valiosas do mundo.

Todas as três guardam agora consigo expressão idêntica, alinham-se na mesma glória cultural, em casa importante de uma das mais importantes nações da Terra.


E, fitando-nos, benevolente, concluiu:

— Temos aqui o símbolo das três grandes sendas que conduzem a alma ao Eterno Amor e à Eterna Sabedoria: a evolução que pede inumeráveis milênios; a devoção, que exige dezenas de séculos, e a ação, que solicita, por vezes, simplesmente alguns anos… Como é fácil de observar, todas elas conduzem a Deus; entretanto, quem deseje chegar à meta, em vigor de aproveitamento e oportunidade, escolha, sem vacilar, a trilha da ação. Ainda mesmo entre flagelações da vida moral, nessa estrada de luta alcançará mais depressa a comunhão com o Senhor, para servir-lhe a bondade e estender-lhe a vitória.


(.Humberto de Campos)


Irmão X
Francisco Cândido Xavier

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