Jovens no Além

Versão para cópia
Capítulo III

Terceira mensagem de Wady Abrahão Filho

Queridos papai e mamãe, queridos irmãos Axima e Wilson. De pensamento em preces de gratidão a Jesus, estou aqui.

Aniversário de queda comemorado em levantamento: Graças a Deus, não há motivo para lamentação. Estou mais vivo do que naquele outro 6 de julho que já passou. E começo esta carta lembrando, acima deste aniversário, aquele outro de paz e amor — o aniversário da querida mãezinha que foi ontem e que será sempre.

Querida mamãe, seu carinho perguntou naquela nossa primeira noite de renovação por que tanta alegria na véspera e tanta tristeza depois. Agora, é preciso sorrirmos todos e concluir que não havia razão para a dor.

Nossas flores de ternura e gratidão ao seu devotamento estão mais vivas. Quantos cravos e quantas rosas pude trazer ontem e hoje. São tantos, querida mãezinha, que eu mesmo não sei contar. São colhidos no jardim de Cristo e foram adubados com amor e orvalhados de lágrimas. Aquelas boas lágrimas de saudade que nos iluminam, porque nos aproximam de Deus.

Venho pedir a todos os meus a continuação do auxílio em apoio de conformação e de paz. Nesse sentido, meu querido papai, não só em meu nome, mas em nome do vovô Abrahão rogo a sua serenidade e paciência.

Papai, auxilie o seu Wadyzinho. Afinal, o seu coração é meu apoio de sempre. Como seguir adiante sem cobertura espiritual? Quando a saudade aumentar, procure o meu resto na face dos rapazes cansados e quase sozinhos em luta pela construção do futuro melhor. Vá, papai, ao Colégio, ao grupo de nossos amigos, à casa de nossas crianças de Jesus e da nossa benfeitora Irmã Albertina, mas não somente passeie. Detenha-se, papai, ao ouvir os rapazinhos que precisam de um amigo e de um benfeitor paternal.

Agradeço as suas preces e as suas visitas ao cemitério. Afinal, temos ali um recinto de silêncio e meditação, mas não se demore tanto, meu paizinho, naquelas pedras respeitáveis mas frias. Às vezes é preciso que Amigos Espirituais me procurem para buscá-lo. Ouço as suas palavras e perguntas, pedidos e reclamações. Mas providencio logo aquele abraço e aquele beijo para faze-lo voltar à casa.

Não pode imaginar quanto dói em seu filho aquelas horas terríveis em que ficamos lutando mentalmente um com o outro. O senhor a sofrer e atormentar-se e eu a tentar consolá-lo sem conseguir. Lembre-se, papai. Seu filho amou a imortalidade e a fé no Cristo enquanto aí esteve. Levantei-me da morte com a ânsia de trabalhar com Cristo e pelo Cristo no exemplo que o senhor e mamãe sempre me deram. Ajude-me agora a destruir o coreto da morte e não apenas a balançá-lo.

Tantos caretas na terra a pregar negação e nós a confirmarmos o que eles dizem? Não se alarme se digo caretas. Não quero ofender a ninguém. No Colégio prometemo-nos uns aos outros, especialmente o amigão e eu, a usar o mesmo idioma dos nossos dias para melhorar a comunicação. E o serviço não é de crás-crás-crás. Tantos companheiros esbanjões de cultura fugindo à verdade e tanta gente a morrer de fome espiritual!…

Sei que tanto caretas e caras, amizades e ligações, somos todos irmãos em Deus. Quem não crê em Cristo vai crer. Já sei. Não posso me iludir, quanto a isto. Entretanto, a nossa corrente aqui prossegue firme. Temos de trabalhar em renovação. Somos muitos. Muitos irmãos unidos, qual acontecia com o Cláudio e seu filho, para levarmos adiante a nossa campanha.

As trevas são quadrilhas de irmãos que fogem do Cristo. Não temos laços para tolher-lhes os movimentos, porque Deus nos fez livres. Mas temos a luz do conhecimento para distribuir.

Não fique parado nas pedras, não, papai querido. Liguemos pensamento e coração no melhor a fazer. Procuremos sair de nós mesmos. Nosso caro Wilson está entrando agora em mediunidade. Está ajudando e sendo ajudado. Mostra-se espiritualmente e vê em espírito caminhos novos. Papai querido, comunique-se também no grupo dos médiuns, com a experiência de nossa irmã Guiomar na frente dos assuntos.

Agradeço a alegria que me deu. Barbeou-se para o nosso encontro através do lápis e da oração. Seu rosto demonstra o seu revigoramento da alma. Continuemos aniversário sempre. Esqueçamos a morte para fixar-nos na vida. É preciso embarcar no rio da vida. Acontecer, papai, é participar. Viver é conviver. Tenha paciência e creia. Quanto mais conformação, mais ligação. Quanto mais entendimento, mais alegria. Ajude mamãe e Axima, Wilson e os nossos com a sua serenidade. Amamos tanto a você, papai querido, que é impossível ficarmos felizes sem a sua felicidade.

Axima está esperando gente nova. Sou tão pequeno ainda aqui que não posso e nem devo entrar neste assunto, mas precisamos ajudar a irmãzinha a ficar tranquila. Peço a Deus para que a nossa festa de paz e amor em casa seja completa. Axima, não tema. Estamos com Jesus e Jesus não nos abandona. Descanse com algum exercício nos movimentos regulares. E com a oração e com tratamento dos passes, a assistência médica funcionará com segurança.

Mãezinha e papai, estejamos alegres e tranquilos. Vejam Axima e Wilson conosco. Dois gigantes de carinho que nos trazem nos braços. Mãezinha, desculpe o papai, quando o papai se mostre aflito e agoniado. É saudade, mamãe, e saudade é doença, enquanto não a entregamos total no Amor Infinito de Deus. Eu também chorei, mas agora é esperança que cultivo em tudo.

Lembranças ao grupo do Colégio e muito amor à nossa Mocidade na luz do Perseverança.

Agradeço o fato de terem analisado o que eu disse. Também ainda estudo e vivo procurando conhecimento e progresso.

Mais uma vez muito carinho e gratidão pela festa de aniversário. Recebi tudo o que vocês leram com minhas pobres mãos. Quereria escrever mais, entretanto, é necessário respeitar as limitações.

Papai querido e querida mamãe, queridos irmãos Axima e Wilson, com as bênçãos de vovô Abrahão e da tia Sara que vieram comigo, peço receberem o coração todo o coração daquele que sendo filho e irmão está sempre em casa, tanto quanto possível, rogando ao Cristo nos proteja e nos abençoe.


Wadyzinho

COMENTÁRIOS


Voltado à preocupação de restituir o equilíbrio e a paz ao lar querido, aqui ainda vemos as palavras do Wadyzinho dirigidas ao consenso familiar. Nomes já nos são conhecidos, não havendo necessidade de maior identificação das personalidades envolvidas neste diálogo mediúnico.

Surpreendendo a gravidez incipiente da irmã e o desenvolvimento da mediunidade do cunhado, Wady é sempre o mesmo: carinhoso e solícito.

Quando da explicação sobre o encadeamento dos fatos que levaram a família até o Chico, comentamos as visitas do Sr. Abrahão à lápide do filho, com as noites intermináveis de excogitações à margem do caixão do filho querido. Mesmo após a primeira visita a Uberaba e consequente reencontro com o Espírito do filho, o pai continuou em suas lúgubres permanências no cemitério. Nesta 3ª mensagem Wadyzinho vem pedir-lhe do Plano Espiritual para que assim não proceda mais, pois em inúmeras vezes ele, em Espírito, ia despertar o pai, no próprio túmulo, pedindo que voltasse para casa… (“Às vezes é preciso que amigos espirituais me procurem para buscá-lo”).

Sabendo, pelas numerosas informações dos Espíritos, sobre as dificuldades que envolvem o retorno dos recém-mortos à Terra, sobretudo, ao contato de seus corpos cadaverizados, podemos entender a grandeza espiritual deste jovem que em sua existência fugaz apenas teve tempo para pregar entre nós a mensagem consoladora do Cristo.

Após o pedido explícito do filho, o Sr. Abrahão não voltou mais ao Cemitério da 4ª Parada, senão para as visitas rotineiras da família.

Esta página foi psicografada no primeiro aniversário da desencarnação do Wadyzinho, um dia depois do aniversário de sua mãe, D. Jandira, daí no início da mensagem o lúcido Espírito do jovem haver dito à mãe: “Querida mamãe; seu carinho perguntou naquela nossa primeira noite de renovação por que tanta alegria na véspera e tanta tristeza depois”.

Aliás, podemos observar que nas duas primeiras mensagens o autor assina Wady e nesta Wadyzinho, atendendo a pedido de sua mãe, formulado em prece, sem que ninguém o soubesse.

D. Jandira sempre chamou o filho por Wadyzinho.


Caio Ramacciotti


Wadyzinho
Francisco Cândido Xavier

Este texto está incorreto?