Lar-oficina, esperança e trabalho
Versão para cópiaFamília Minaya
O sonho de pilotar aviões para Marco Antônio, acabou aos 15 anos de idade.
Tudo fazia para alimentar esse sonho.
De porte atlético, com seus 1,72 metros de altura, Marco Antônio se destacava nas competições esportivas de sua escola.
Sempre requisitado pelo professor de Educação Física do seu Colégio Maria Petronila, em Santo Amaro para disputas com outras agremiações escolares, era um jovem feliz, bem quisto entre seus amigos e familiares.
No final de junho, começou a perceber certo cansaço e leves dores em suas costas.
Encaminhado ao médico clínico da família, diagnosticou possível estado gripal. Passaram-se alguns dias e outra preocupação surgiu para Marco Antônio: as suas gengivas começaram a apresentar uma inflamação muito forte, a ponto de cobrirem seus dentes.
O odontólogo da família aplicou-lhe tratamento durante dias, sem nada conseguir. Procurou-se, então, um especialista que também nada conseguiu no momento, obtendo alguma melhora dias depois.
Em julho, aproveitando as férias escolares, seus irmãos, Cláudio, Consuelo e Rosemaire saíam em excursão para Assuncion, no Paraguai. Marco Antônio, feliz, dizia aguardar os seus 18 anos para poder acompanhá-los. Dona Wilma seguiu até o local de embarque acompanhando seus filhos.
Na sua volta, Marco lhe diz que urinara vermelho. Aflita com essa informação, percebeu ali certa gravidade, telefonando ao marido e ao Dr. Juan Cuevas Sans. O médico chegou e imediatamente solicitou a remoção para o Hospital Santa Paula, para os exames devidos que acusaram baixa resistência orgânica.
Sr. Santiago não se conformando, solicita a presença do seu amigo especialista e professor em Faculdade de Medicina, Dr. Antranik que, acompanhado de sua equipe médica, transporta Marco Antônio para o Hospital das Clínicas.
Ficou em tratamento e, no dia 12 de julho, com forte hemorragia veio a desencarnar com leucemia aguda.
A família, católica, fez celebrar as missas de 7.° e 30.° dias e, surpresos, os pais constataram nesta a presença de todos os alunos do Colégio que foram liberados pela Sra. Diretora, pois na missa anterior estavam em férias.
Os caminhos da paz pareciam não existir mais para o casal, o mundo como que desabara sobre o seu teto. D. Wilma, frequentadora de grupo espírita, tentava amenizar a dor.
A saudade, esta força incontida, propulsora do desejo, impele-a a procurar o consolo. Por informações, achava ser difícil chegar-se a Chico Xavier.
Conformada, procurou a misericórdia de Deus através do trabalho ao próximo. Após um ano começou a frequentar com alegria o LAR-OFICINA, aguardando pacientemente o contato com o seu filho. Não desanimou e durante três anos e meio, várias vezes foi a Uberaba e voltava sem revolta. O prazer de ver Chico a satisfazia.
As palavras de Marco Antônio chegaram como lenitivo para a saudade, no dia 23 de abril de 1986. É a sua presença. É o reconforto que substitui as lágrimas da tristeza. Marco vive!
Atualmente, a felicidade de Dona Wilma é ver seus filhos e marido juntos na fé Espírita Cristã, consolidando cada vez mais a fé em Deus.
Para o casal Wilma e Santiago, Chico Xavier é pessoa para convívio diário e lamentam a falta de programas como os da TV Record, quando ele apresentava-se e supria-os na fé, reforçando-lhes o coração para a caridade, no contato com o semelhante.
ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS DE PESSOAS OU FATOS CONSTANTES NA MENSAGEM ESPIRITUAL
MARCO ANTÔNIO MINAYA: Nascimento: 14 de abril de 1967 — Desencarnação: 12 de julho de 1982 — Idade: 15 anos.
PAIS: Santiago Minaya Hernan e Wilma Aparecida Minaya — Rua Cabo York, 82, São Paulo, SP.
IRMÃOS: Cláudio Minaya, Consuelo Minaya, Rosemeire Minaya.
.: Antecipamos os nomes de pessoas ou fatos, para melhor identificação na leitura da mensagem espiritual.
Querida mãezinha Wilma e querido papai Santiago, sei que desejam as minhas notícias e apresso-me em comunicar-lhes, que vou seguindo tão bem quanto se me faz possível.
Não acreditem que eu estivesse desejando a minha volta para cá porque adivinhava à minha frente, muito trabalho a fazer, no entanto, compreendo pelo severo tratamento a que me submetiam que a gravidade de minhas condições era manifesta. A princípio a esperança que nos animava a todos, entretanto, em seguida as chances foram rareando.
Sentia-me aflito, desencantado e lia nos olhos dos médicos o meu próprio estado físico que era confirmado nos olhares dos pais queridos que o brilho triste não me enganavam.
Indagava quanto à moléstia de que me sentia assediado mas somente encontrava respostas que eu não conseguia decifrar. Notando o meu quadro de tratamento com tantas injeções de permeio, comecei a desconfiar sobre a problemática de que me via possuído. Sangue doente, necessidade de glóbulos vermelhos, suprimentos diversos.
Ah! Querida mãezinha Wilma, eu seguia o curso de suas orações silenciosas, percebendo nelas a petição de socorro de Deus em benefício do filho que se via cada vez mais anemiado. E eu também rezava, a meu modo solicitando amparo, a fim de que, minhas energias se reconstituíssem.
Não é fácil ser obrigado a refletir na morte do corpo antes dos vinte anos e eu recusava a ideia de me render à evidência.
Via meus irmãos fortes e robustos, o Cláudio, a Consuelo e a Rosemeire e invejava-lhes a sorte, conquanto me esforçasse para nada dizer que lhes pudesse tisnar a alegria de viver e movimentar-se a vontade, sem qualquer impedimento que lhes travasse os desejos.
De meu lado, enquanto, queria pensar na vida e na felicidade de encontrar alguém que me partilhasse a juventude, chorando por dentro de mim a minha própria situação, já que não me reconhecia com forças suficientes para reerguer-me como quisesse. Mas Graças a Deus e às orações da mãezinha Wilma a minha tristeza não chegou ao nível da revolta.
Quanto mais intensificaram as instruções dos médicos amigos com picadas dolorosas de injeções — daquelas injeções de que eu necessitava, entendi que eu precisava de uma virada na intimidade de mim mesmo, a virada da aceitação difícil e indispensável.
Compreendi, por fim, que eu não nascera num corpo capaz de terçar armas contra a doença quase fulminativa que avançava. Então, mãezinha Wilma, entreguei-me a Deus, chorando embora, mas ocultando-lhe as minhas lágrimas que não tinham razão de ser.
Não me competia combater com os desígnios de Deus que me impunham a libertação da vida física e por isso, o meu desagrado era absolutamente impróprio e inoportuno. A febre, a aflição, aquela impaciência contida, o medo do desconhecido me dominavam quando ouvi a voz da criatura maravilhosa que se me dá a conhecer por minha bisavó, a convidar-me ao descanso…
Notei que as suas lágrimas de mãe me alcançavam sem que eu pudesse confortá-la, que os nossos me fitavam com expressões de angústia e escutando a voz que me buscava a atenção, perguntava a mim próprio a que espécie de descanso poderia ser conduzido se eu unicamente desejava viver, estudar, trabalhar, namorar à maneira de um rapaz qualquer…
A voz, porém, insistia comigo referindo-se ao repouso e por fim, incapacitado para a resistência, aceitei a sugestão e supus dormir tranquilamente; mas aquele sono não era a calma do corpo dolorido e sim uma outra serenidade que eu desconhecia.
Um torpor inarredável me tomou a forma habitual e sonhei que uns braços repletos de amor me protegiam para a retirada…
Quanto tempo estive nessa hibernação para mim indefinível não sei dizer, no entanto, voltei a mim e encontrei ao meu lado a senhora cuja presença vislumbrara no leito e de quem só registrara a voz inesquecível.
Gradativamente fui conscientizado de que deixara o corpo doente e tomara posse do meu veículo de manifestação, esse mesmo que na Terra, nos sustenta o instrumento físico sem que venhamos a perceber.
Chorei muito na excitação que me possuía e destacava a falta de nossa casa e da família querida que era a minha, mas, aos poucos, os benfeitores da Vida Maior me convenceram quanto a realidade e agora, mãezinha Wilma, com o papai Santiago e os nossos saibam que vou melhorando através da compreensão que me induz a conformar-me com a minha própria situação.
Felizmente estou a renovar-me e agradeço-lhes os pensamentos de amor com que me fortificam.
Querida mãezinha Wilma, são estas notícias que me propunha a trazer-lhes e peço-lhes não me esquecerem com as vibrações de paz e reconforto de que ainda necessito para consolidar as melhoras conquistadas.
Não se preocupem se lhes digo que sofri, mas não me seria possível mentir, quando a verdade é que a travessia de uma vida para outra não é a mesma para todos.
Um abraço ao meu irmão e às irmãs Consuelo e Rosemeire e os pais queridos recebam todo o amor com as muitas saudades do filho que lhes pertence pelo coração, em nome de Deus.
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