Lar-oficina, esperança e trabalho

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Capítulo VI

Família Dell’Erba

Sidney, ao retornar de carro com sua namorada Roberta Fanti da casa do Comandante José Maria Whitaker, na via Expressa da Marginal do Rio Pinheiros, sob o Viaduto Euzébio Matoso, veio a colidir com uma carreta que, aparentemente, encontrava dificuldades para ultrapassar o viaduto, em virtude de sua alta carga. Faleceu no local. Sua noiva, mesmo socorrida, veio a falecer.

Cursou a Escola O Mundo das Crianças, Colégio Rio Branco e Colégio Campos Salles. Formou-se piloto comercial e instrutor de pilotagem, elementar no Aero Clube de São Paulo. Aos 17 anos completou seus estudos de aviação na EVAER (Varig) Rio Grande do Sul. Aos 18, começou a trabalhar como instrutor de pilotagem no Aero Clube de São Paulo e, aos 20, ingressou como Co-piloto do 727, na Transbrasil.


“A admiração que sentimos pela obra incessante e incansável do querido Chico sempre foi muito forte, seu trabalho tem sido um bom exemplo de abnegação, dedicação, amor e fraternidade.

O mundo seria muito melhor se pudéssemos ser um milésimo do que ele é. Não há palavras suficientes para descrevê-lo.

Sempre desejei conhecê-lo, mas nunca houve um motivo bastante forte que me impelisse a ir até ele. Mas a partir do momento do acontecido, uma determinação muito grande se apossou de mim, havia mesmo uma necessidade de vê-lo, de ter notícias para o nosso reconforto e lutei prontamente para que o fato se realizasse.

Embora há algum tempo estudasse a Doutrina Espírita e a praticasse, meu marido não tinha fé e achava que tudo estava acabado com a morte. Ele acreditava apenas no “aqui” e “agora”. Mas depois do falecimento do nosso querido filho, ele recebeu muita ajuda espiritual, muitos amigos queridos começaram a conversar com ele e ajudá-lo, principalmente Mario Pisanequi e Sra., que muito conforto lhe trouxeram, mas, apesar da enorme vontade de aprender e crer, eu notava, bem no seu íntimo, ele ainda relutava com alguma coisa que o incomodava.

Ele dizia: Eu realmente vou crer profundamente quando alguém me chamar como ele me chamava.

E, assim, o tempo ia passando.

Quando finalmente fomos ao Chico, recebemos a mensagem.

A emoção foi imensa, impossível conhecer o Chico e não tentar ser ainda melhor do que se é. Eu me senti tão abençoada por Deus e ali mesmo agradeci infinitamente a misericórdia com que Ele havia me abençoado. Desde a perda do meu querido filho, sentia uma dor constante no coração. Já havia até me habituado a conviver com ela, mas bastou tocar em suas mãos para que esta dor se esvaísse e nunca mais retornasse.

Chico leu a mensagem sempre nos citando como papai e mamãe. Qual não foi nossa surpresa quando, relendo a mensagem no Hotel, notamos num determinado trecho, que ele dizia “Pá”, e tal e qual costumeiramente se referia ao pai.

Foi o reencontrar do nosso filho.

Hoje, meu marido se conscientizou. A fé existe em todos, basta apenas um empurrão para que ela nasça e floresça, tornando nossa jornada mais proveitosa.

Para nós foi uma dádiva preciosa de Deus, pela fé, confiança, coragem e a certeza de que o nosso querido filho havia aceitado o ocorrido e estava bem. Gostaríamos que todos que sofreram uma dolorosa perda, tivessem a graça infinita que nos foi concedida.

A mensagem muda em muito a nossa de pensar, refletimos longamente sobre a maneira de viver. Devemos aproveitar ao máximo a nossa vivência em família, dar a maior importância e valor aos pequeninos no dia a dia e agradecer sempre por estarmos juntos, não após perdê-los para reconhecer quanto eles eram importantes.”


Palavras sentidas, honestas, de um coração que emergiu da intranquilidade para a aceitação dos desígnios de Deus.

Um pai, uma mãe, uma família que carrega o fardo dos seus compromissos em resgate.

Em agradecimento, transcrevemos uma dedicatória de Dona Nadia que registra as vibrações do seu coração para seu filho, como se estivesse representando os corações de todas as mães e familiares que se encontram na mesma situação de amor e saudade.


Você partiu

Sem um lamento

Sem uma palavra

Sem um sorriso

Sem uma lágrima

Sem um abraço

Sem um beijo

Sem um adeus


Você partiu

Após tantos anos

Após tantas alegrias

Após tantas vitórias

Após tanto amor

Após tanto carinho


Você partiu

E deixou tantas perguntas

Tantos anseios

Tantas incertezas

Tantos desencontros

Tantas saudades

Tanto vazio


Você partiu

E levou um pedaço de minha alma

Um pedaço do meu coração

Um pedaço da minha ilusão

Um pedaço da minha vida

Um pedaço de mim mesma


E eu chorei

Chorei pela sua vida

Chorei pela sua falta

Chorei pelos seus sonhos

Chorei por tantas saudades

E de tanto chorar por ti

Chorei por mim mesma

De sua mãe Nádia

ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS DE PESSOAS OU FATOS CONSTANTES NA MENSAGEM ESPIRITUAL


SIDNEY DELL’ERBA: Nascimento: 12 de março de 1966 — Desencarnação: 16 de dezembro de 1986 — Idade: 20 anos.

PAIS: Benedicto Antonio Dell’Erba e Nádia Breim Dell’Erba — Rua Duarte da Costa, 178 São Paulo, SP.

IRMÃOS: Cláudio Breim Dell’Erba e Lara Breim Dell’Erba.

AVÓ MARIA FACKRI: Bisavó por parte de mãe, faleceu em 31.03.1985. Ela se chamava Maria Elias, gostava muito de ser chamada pelo nome de solteira Maria Fackri. Uma prova evidente para os familiares. Chico desconhecia esse nome.

NOIVA: Roberta Fanti, desencarnou juntamente com Sidney. Faleceu em 16.12.1986.

TIOS: Miguel Dell’Erba (tio avô) faleceu em 22.05.1984; Felipe Farhat (tio bisavô) faleceu em 11.09.1974; Salomão Antonio (tio bisavô) faleceu em 31.09.1961.


.: Antecipamos os nomes de pessoas ou fatos, para melhor identificação na leitura da mensagem espiritual.



Querida mãezinha Nádia, tudo passou como num pesadelo.

Por muitas semanas tive na memória a visão daquele caminhão de alta formação mantendo os faróis apagados e procurando recursos para vencer o embaraço em que caiu.

O impacto de máquina sobre máquina me estragou todo o corpo, de vez que fiz força para salvar em vão a querida noiva ao meu lado.

O que se passou comigo naqueles momentos, não saberia descrever e não tenho motivos para emitir qualquer culpa sobre o motorista que parara o veículo para medir a altura que parecia superior à capacidade de varar o tropeço para seguir adiante.

Senti que braços fortes me retiravam para fora das engrenagens e traziam para fora a querida companheira ali na marginal de Pinheiros, mas a minha cabeça começou a divagar sem o próprio controle. Queria falar, mas não conseguia. Sei que me levaram para um hospital onde sofri as aflitivas dificuldades dos doentes graves.

Sentia as agulhas e os tubos de soro que pretendiam carrear os medicamentos que me aliviassem, mas tudo em vão.

Pensamos muitas vezes que encontraria possivelmente a desencarnação num desastre aéreo, tamanha era minha paixão pelo destino dos pilotos do ar e via-me ali inerte, aguardando o benefício da morte na Terra mesmo.

Os meus sofrimentos chegaram ao ápice, quando vi a senhora que me estendia os braços acompanhada de outros amigos. Ela me falou de maneira perfeitamente audível para mim, para relaxar o corpo atormentado quanto pudesse, porque chegara o momento de me desligar do veículo já imprestável e, francamente, procurei relaxar-me e ela, num abraço de mãe, me retirou, aconselhando-me dormir.

Caí num torpor muito grande e só depois de alguns dias vim a saber que a nossa Fanti, a querida noiva, estava ali mesmo desencarnada, em tratamento de recuperação.

Mãezinha Nádia, creio que me habituara a ser forte para enfrentar qualquer emergência no ar, entretanto, ali chorei à maneira de criança ferida, pois reconheci para logo que a permanência na vida cessara para mim.

A saudade de sua presença me pesou no coração e quis voltar a ser de novo criança em seus braços e chorei pelo papai Antonio que tanto desejava ver-me formado para a Aeronáutica.

Chorei com a falta dos irmãos que me eram afeiçoados; a minha querida avó Maria Fackri, tal qual ela desejava ser chamada, custou a reconfortar-me com o auxílio de nossos parentes que me acompanhavam com bondade e atenção.

Agora, porém, já fiz os meus votos de aceitação e somente desejo refazer meu corpo espiritual para ser-lhes útil.

Peço-lhe compreender, com a sua dedicação, o papai Antonio que ainda sofre muito ao lembrar-me frustrado em meus planos para a aviação.

Você, mãezinha Nádia, que trabalha tanto e que chora comigo quando posso ir vê-la no Bazar, auxiliará o meu “Pá” a ajudar-se.

Querida mãezinha, estou bem e já compreendo que os Desígnios de Deus devem ser cumpridos. Encontrarei um modo de trabalhar logo que eu puder, para auxiliá-los em suas tarefas que amparam a tantos desvalidos. Lembre-se de que a Lei de Deus sabe o que vem a ser o sofrimento de um coração de mãe que trabalha para esquecer-se e ser útil. Os seus sacrifícios serão compensados.

A querida noiva está melhorando e eu já estou com meus novos sonhos de inventar um tipo de asa delta que possa transportar o o homem, a motor, mas com estação de partida e de chegada, sem qualquer aventura nos ares terrestres.

Minha avó Maria diz que todo o progresso do mundo nasceu do desejo e do ideal de alguém e por isso, Deus abençoará, um dia, os meus propósitos.

Diga ao papai Antonio que o amo sempre mais, distribua os meus abraços com meus irmãos e receba as saudades imensas e o imenso carinho do seu filho, que se sente cada vez mais ligado à sua alma querida, até que um dia Deus nos permita a completa e definitiva união.


Sidney Dell’Erba

Rubens A. Germinhasi


De sua mãe Nádia
Francisco Cândido Xavier

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