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Capítulo XXI

A lição do poço


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O sol descia de manso.

Poente. Calor no ar,

O aprendiz e o professor

Estavam à beira-mar.


Ante as sentenças ouvidas,

O jovem, com atenção,

Falou ao mentor amigo

No término da lição:


— O que me dói, professor,

Ante a luz de tanto ensino,

É ser um cara “manjado”

Tão errado e pequenino.


Oro. Medito. Prometo.

Busco em Deus o meu abrigo,

Mas sofrendo tentações,

As quedas estão comigo…


Sei o que devo seguir

E faço o que não convém…

Deus é tão grande e eu “fracóide”

Serei obreiro do Bem?


O professor disse: — “Filho,

O problema é começar…

Deus nos deu a cada um

O poder de auxiliar.”


Veio o silêncio. Fitavam

Um homem lançando rede…

Depois, o jovem clamou:

— Professor, estou com sede!…


O amigo sorriu, bondoso,

E respondeu, de alto senso:

— “Veja, filho!… Estamos sós,

Diante do mar imenso!…


Tanta água!… Tanta água!…

Que o Céu cobre com carinho!…

E agora necessitamos

Do poço de algum vizinho…”


Não longe, uma casa pobre

Deu-lhes acesso ao quintal;

O poço pequeno e limpo

Apareceu, afinal.


Terminara para os dois

A inesperada procura;

O moço fartou-se de água,

Água simples, água pura…


E disse o mentor contente,

Ao desligar-se de um jarro:

— “Cada qual pode ser poço,

Mesmo que seja de barro.”




Jair Presente
Francisco Cândido Xavier

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