Mãe Antologia Mediúnica

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Capítulo XVII

Poema de mãe


Meu Filhinho:

O santuário de minhalma acendeu todas as lâmpadas de que dispunha e adornou-se com todas as flores do jardim de minhas longas esperanças para receber-te.

Cada frase tua possui uma vibração diferente e sublime para o meu organismo espiritual e, por isto, utilizo-me hoje da vida, adaptando-me ao teu país interior, guardando a alegria e a obediência da Terra, que se move ao redor do Sol para melhor reter-lhe os divinos raios.

Antes que pousasses em meu colo, os dias eram para mim a expectativa torturante e secular em sombria furna; entretanto, quando me beijaste pela primeira vez, tudo o que era obscuro e monstruoso banhou-se de inesperada luz.

Fontes ocultas se desataram cantando, e calhaus que feriam mostraram gemas celestiais…

O pesado orvalho das lágrimas converteu-se em chuva de bênçãos, precipitando-se na terra sequiosa e fecundando divinas sementes de amor e eternidade…

Prelibei, desde então, a glória da vida, nos deliciosos segredos que a envolvem. Celebrei-te a vinda como acontecimento máximo de minha passagem no mundo.

Renovaste-me o calendário íntimo e consolidaste novas forças no governo do meu destino, ensinando-me a louvar o Poder Celeste, portador do teu coração de luz às minhas células mais recônditas que, à maneira de um grande povo, reverenciam em ti o enviado de redenção e paz, concórdia e alegria.

Rei de minhalma, vieste aos meus braços com a destinação de uma estrela para o meu caminho e orgulho-me de sentir-te os raios renovadores. Minha serenidade vem da tua harmonia.

Só aspiro a uma glória: a de permanecer contigo no reino da perfeita compreensão.

Só desejo uma felicidade: a de contemplar a alegria calma e bela em teus olhos misteriosos.

Teu coração é o tenro arbusto que se converterá em tronco abençoado com a ajuda de minha alma, que, manancial de carinho, te afagará as raízes…

Em breve, serás a árvore robusta e magnânima, enquanto continuarei sendo a fonte inalterável aos teus pés, rejubilando-me com a graça de ver-te espalhando flores e frutos, perfume e reconforto aos viajantes da estrada…

Filho de minha ternura, de onde vens? de onde vimos?

Cale-se o cérebro que, muitas vezes, não passa dum filósofo negativo, e fale, entre nós, o coração, que é sempre o divino profeta da imortalidade.

Vens para mim da Coroa Resplandecente da Vida e venho, por minha vez, ao teu encontro, emergindo do Amor que nunca morre…

Abro-te as portas do mundo e elevas-me ao santuário da fraternidade, porque, ao influxo de tua claridade indefinível em meu ser, a minha existência se dilata, cresce e se renova, fazendo meus os filhos alheios e desfazendo-se em amor e renúncia no Templo da Humanidade inteira.



Anália Franco n
Francisco Cândido Xavier

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