Mãe Antologia Mediúnica

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Capítulo L

Em plena renovação

Querida mamãe. Eis-me aqui, pontual, para o nosso encontro, através do lápis.

Sinto-me feliz com as suas horas de refazimento. Tão grande é a luta e tão inquietantes os problemas que nos asfixiam o tempo, nos círculos dos mais amados, que naturalmente, de quando em quando, é imprescindível a pausa de repouso para a restauração.

Não sei bem se posso julgar em minha inexperiência, mas, por vezes, pergunto a mim mesma, se a Terra não será uma casa incendiada, reclamando socorro…

Por toda parte multiplicam-se aflições e conflitos. Dores incontáveis sitiam as criaturas, em todos os lugares…

Entretanto, mamãe, o quadro escuro tem ensinado novas lições ao meu Espírito, compelindo-me a buscar a verdadeira luz para clarear o caminho. Essa luz é a oração, o fio misterioso que nos coloca em comunhão com as Esferas divinas.

Pela prece encontramos o remédio salutar para as nossas feridas, bálsamo para as nossas dores, equilíbrio para as nossas emoções atormentadas.

Creio, hoje, que alta percentagem das moléstias que perseguem a saúde dos homens é perfeitamente curável pela oração, de vez que a maioria das afecções orgânicas são simples quedas espirituais de nossa própria alma, nos caminhos do coração.

Vejo-me, felizmente, mais forte, mais senhora de mim mesma. Presentemente, o ideal de trabalhar, em meu próprio reajuste, absorve-me a vida.

Não tenho descansado. Sinto a necessidade de caminhar para a frente, de abrir novas rotas e descobrir horizontes novos. Esforço-me na reconquista de mim própria.

Não tive tempo de viver suficientemente, na posição de médica, para desaprender certos enganos que a Ciência nos impõe, nos bancos acadêmicos, razão pela qual hoje me desvelo na recomposição dos meus conhecimentos.

A senhora ainda é a minha instrutora maior, porque se a paciência me ajudou a vencer alguns capítulos difíceis de minha passagem pelo corpo, devo-a aos seus exemplos incessantes de paz, tolerância, renúncia e carinho.

Há situações das quais, realmente, não nos compete o conhecimento deliberado. É preciso ignorar a existência de certos flagelos para que possamos cooperar em sua extinção. Sejam a serenidade e a fé nossas companheiras de viagem.

Tenhamos confiança no Céu. De lá, vem todo o suprimento de que necessitamos para o desempenho fiel de nossas obrigações.

Seus pensamentos me alcançam como chuva de flores a se despetalarem sobre mim.

A fé é o guia sublime que, desde agora, nos faz pressentir a glória do grande futuro, com a nossa união vitoriosa para o trabalho de sempre.

Agradeçamos a Terra pelas dores que nos deu… O mundo que conhecemos é somente degrau e o corpo é pesada roupagem de serviço que, por determinado tempo, devemos utilizar, com respeito e reconhecimento, a benefício de nossa própria redenção.

Com lembranças a todos os nossos, beija-lhe o coração e pede a senhora que a abençoe, a filha muito reconhecida e muito amiga




Aparecida
Francisco Cândido Xavier

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