Mãe Antologia Mediúnica

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Capítulo LXXVII

Mãe sozinha

Dizem “mulher da alegria”,

Quando ela passa na rua;

A pobre mãe continua,

Os olhos fitos no chão!…

Quanto fel, quanta agonia

Nessa mulher que condenas!…

Ninguém lhe conhece as penas

Cravadas no coração.


Tristeza no desconforto,

Sem palavra que a revele,

Trapos dourados na pele,

Traz a angústia por dever.

Viúva de um vivo morto,

Ei-la que segue sozinha,

Tem ao longe, a pobrezinha,

Um filho quase a morrer.


Já bateu a tanta porta,

Já pediu a tanta gente!…

Dói-lhe a ferida pungente

De ter sido mãe sem lar;

Abatida, semimorta,

Apenas vê no caminho

A febre e a dor do filhinho

Que a morte lhe quer roubar.


Tu que cresceste na estrada,

Desde o berço de ouro e rendas,

Entre mimos e oferendas

De paz, segurança e luz,

Fita essa mãe desolada,

Na penúria que a consome…

Talvez que ela tenha fome

Ao peso da própria cruz.


Não lhe zombes da amargura,

Também foi criança, um dia,

Brincava, estudava e ria,

Rosa ao fulgor da manhã;

Também foi bela e foi pura,

Hoje, nas mágoas que trilha,

Podia ser nossa filha

Assim como é nossa irmã.


Mãe na dor!… Bendita seja!…

Escrava de toda hora,

Honra as lágrimas que chora,

Nas dores por onde vai!…

Sem esposo que a proteja,

Sem arrimo, sem tutela,

Em Deus que sofre com ela

Encontra a Bênção de Pai.




Irene Souza Pinto
Francisco Cândido Xavier

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