Capítulo X

Variações da mediunidade


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Médium de muita cultura

Que vive de lero-lero

Ou fica em zero de estaca

Ou retorna à estaca zero.


Mediunidade, a rigor,

Sobre a Terra, onde se estira,

É um talento que o Senhor

Empresta, aumenta ou retira.


Médium que deixa o serviço,

Falando em luta na estrada,

Entra em novo compromisso

E acha luta mais pesada.


Muito médium que começa

Estourando fantasias

Acaba sempre em promessa

Na brasa de poucos dias.


De minha longa jornada

Tenho esta nota do bem:

Mediunidade guardada

Não auxilia a ninguém.


O médium desenvolvido

Largando o arado que é seu,

Deixa o mundo, antes da hora,

No tempo que recebeu.


O médium que anda à-toa

E de si próprio envaideça

Pode ser boa pessoa

Mas tem mosca na cabeça.


Médium que sempre duvida

Vacilando a vida inteira

Parece gangorra viva

Na folha da bananeira.


Médium que nunca se apronta

Para servir por amor,

Um dia, fica por conta

De Espírito obsessor.


O médium sem disciplina

Que vive sempre em recreio

Tem pinta de caminhão

Quando está no desenfreio.


Grandes médiuns que conheço

Ao defini-los, não erro,

São cofres fartos de ouro

Com grandes trancas de ferro.


No intercâmbio entre os dois mundos,

Médium que não se degrade

Parece uma vela acesa

Nas sombras Humanidade.




Leandro Gomes de Barros
Francisco Cândido Xavier

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