Maria Dolores

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Capítulo III

Serve e confia


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Escuta, alma querida,

Se alguma provação te agita os caminhos da vida

E a jornada te cansa,

Pensa na bênção da esperança

E olha, em torno de ti, no dia a dia,

Das entranhas do abismo aos reinos estelares,

A Natureza em todos os lugares,

Ao entregar-se a Deus, age, serve e confia.


Equilibra-se o mundo, pólo a pólo,

Sem qualquer atropelo,

O verme aduba o solo,

Confiante em que o sol há de aquecê-lo.

A tamareira no deserto

Permanece em trabalho,

Mas no dia esfogueante, sabe ao certo,

Obedecendo a vida e servindo a contento,

Que a noite lhe trará o socorro do orvalho

Por bendito alimento.


Quando o tronco balança ao vento forte,

E a tempestade ruge nos caminhos,

A trovões anunciando os coriscos da morte,

As aves aconchegam-se nos ninhos,

Esperando que as nuvens tresmalhadas,

Muito além das ramadas,

Em movimentação incessante e imprecisa,

Passarão no aguaceiro turbulento

E de que a paz virá nos bálsamos da brisa

Sob o telhado azul do firmamento.


Pensa na história do minério bruto:

Dizem que quando preso aos flagelos do forno,

Ei-lo a emitir imprecações em torno,

A estremecer de horror, de pedaço em pedaço,

E o Céu lhe muda a forma em sublime processo,

Dele fazendo as altas vigas de aço

Assegurando a força do progresso.


Assim também, alma querida e boa,

Quando a prova te doa,

Não desanimes, segue e busca a frente

Porque a paz do Senhor vela constantemente

Sobre toda a Criação…


Por mais pesada a luta em que te vejas,

Conserva o coração

Vestido de tarefas benfazejas.


Entre os braços amigos da esperança,

Guarda sempre, os deveres teus e meus,

Quanto possas, trabalha, ajuda e avança,

Serve e confia em Deus.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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