Maria Dolores
Versão para cópiaMensagem da Terra
O Homem que esmorecera no trabalho; Deitando-se no chão por rebeldia, Ao sentir-se infeliz e descontente, De ouvido rente ao solo, Escutou, de repente, As palavras que a Terra lhe dizia: — Sou tua mãe, a Terra!… Ergue-te e anda!… Não te magoes, meu filho, contra a vida, Tudo o que Deus nos manda É luz que aperfeiçoa… A dor vem dessa luz que nos convida Ao trabalho do bem que não se cansa De criar a alegria e gerar a esperança… Levanta-te, caminha, ama, serve e perdoa!… Fita-me a pele desolada, Fiquei ferida assim, ante os golpes da enxada, Para que tenhas pão à mesa!… Sofrer para ajudar é lei da Natureza!… Deus pede que eu responda à injúria dos tratores, Mais frutos produzindo, em braçadas de flores… A quem me atire lama, lodo ou estrume O Senhor determina Que eu forneça mais verde e mais perfume, Porque, segundo as leis da Bondade Divina, De tudo quanto existe, o amor somente É valor permanente Do verme que se oculta em baixo nível, À estrela que parece inatingível!… Embora eu tenha o Céu por segurança e escolta, Tenho milhões de filhos em revolta E, às vezes, eles mesmos se exterminam Em conflitos sangrentos, Mas nunca sabem de meus sofrimentos, Porque sou mãe vivendo aos sóis no Espaço, E a todos acalento em meu regaço. Deus é Pai que jamais, amaldiçoa, Por isso, filho meu, ama, serve e perdoa!… Um dia, ao ver o mal a envolver-me de todo, Em torrentes de ódio, sangue e lodo, Supliquei ao Criador nos mandasse mais luz E o Céu nos enviou o ensino de Jesus!… Jesus veio e entreabriu-se nova aurora, Amou e fez de si divina doação, E muito embora Muita gente buscasse a redenção É preciso dizer que, até agora, Quase que ninguém quis Receber de Jesus o dom de ser feliz. Notando o orgulho a dominar o mundo, Nas guerras sem razão sob o ódio iracundo, Pisando, desprezando ou destruindo, Tudo aquilo que fiz de mais puro e mais lindo, Derramo, às vezes, lágrimas ardentes… O vulcão é meu choro em lavas comburentes!… Nunca roguei, porém, compensações nem mimos. Guarda a fé, filho meu, contempla de altos cimos No firmamento azul que nos recobre A divina grandeza do porvir Porque o trabalho, em si, não é triste, nem pobre… E todos viveremos Nos triunfos supremos Do privilégio de servir!… Desperta, filho meu, ergue-te e vem, Trabalhemos com Deus na Seara do Bem!… E o homem deslumbrado, Levantou-se do chão que atravessara a esmo… — “Servirei, servirei!…” — prometeu a si mesmo. Ao erguer-se, sentiu a vida em torno… Não longe, alguém guardava o pão no forno… Enxergou renovado, Árvores, animais, lavradores cantando, As flores se entreabrindo e as abelhas em bando… Depois, em oração que a fé viva descerra, Gritou alçando ao Alto os braços seus: — “Louvado seja Deus! Ouvi a voz da Terra, Obrigado, meu Deus!…” |
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