Mensagens de Inês de Castro
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Alfabeto de Estrelas
Amado rei. Um dia, Fosse pela verdade ou pela fantasia, Procurei sobre a terra Onde haveria de encontrar O poema de amor, o mais terno e o mais lindo, O poema de Luz que me pudesse dar A notícia de Deus na grandeza da vida. Procurei a açucena por ser flor De aroma estranho e raro, E ela disse não ter para ofertar Semelhante poema De grandeza suprema Porque, na essência, unicamente era Um enfeite gentil da primavera. Pedi ao sol esse tesouro, Mas jorrando os fotônios que produz, Disse o sol balançando os cachos de ouro Que somente podia oferecer Poemas de calor, de alegria e de luz. Roguei à fonte que me desse Algum desses poemas imortais, Mas a fonte me disse que podia Afastar-me da sede e nada mais. Pedi à brisa me envolvesse o anseio Nesse poema assim profundo, E a brisa respondeu, alígera e singela, Que Deus unicamente dera a e1a O poder de acalmar o calor do verão, Quando o verão quisesse incendiar o mundo. Então sob a fadiga da procura Na longa caminhada Dormi na própria estrada E cheguei a sonhar Que vinhas do mais Alto, De longe, muito longe, Da imensidão celeste. E me trouxeste, oh! Soberano Amado, O excelso poema inexplicado. Nada disseste pelo verbo humano, Mas me entregaste, amado soberano, O poema divino em versos dos mais sábios, Na esplendente mudez dos próprios lábios. Então senti, precipitadamente, Que o poema esperado Estava todo escrito em vibrações sublimes, Em altas vibrações, E eu para entendê-las Fazia inesperadamente em mim Um alfabeto de estrelas. E compreendi, amado rei, Que o poema aguardado Era feito de luz, vida e canção E que somente existe para mim, Por força eterna da Divina Lei, Na luz do vosso amado coração. |
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