Na Era do Espírito

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Capítulo XXVII

Discussões acaloradas


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Chico Xavier

“Não sei se porque os problemas afetivos são atualmente os mais debatidos na Terra, antes da nossa reunião pública as conversações giravam intensamente em torno de sexo e suas manifestações. Os amigos que permutavam ideias a respeito vinham de cidades diversas e o tema provocava discussões muito acaloradas e interessantes no que se refere à liberdade na vida. Iniciada a reunião veio para nossos estudos a questão 938 de O Livro dos Espíritos. () E após os comentários habituais o nosso caro Emmanuel nos ofertou a mensagem intitulada “Vida Afetiva” que lhe envio desejoso de vê-la complementada com os seus estudos e reflexões.”



Emmanuel

Todos os problemas da vida afetiva serão devidamente aclarados quando o conhecimento da reencarnação for concebido na base da .

Faremos a outrem, nos domínios afetivos, aquilo que desejamos se nos faça. Isso porque de tudo o que doarmos ao coração alheio recolheremos de volta.

O amor em sua luminosa liberdade é independente em suas escolhas e manifestações; no entanto, obedece igualmente ao princípio: “Livre na sementeira e escravo na colheita”.

Ligeira recolta de observações nos fará pensar nisso. Em muitas ocasiões, o rival que abatemos, de um modo ou de outro, induzindo-o a desencarnação, é o filho que a vida e o tempo nos colocam nos braços, a cobrar-nos em abnegação e renúncia a assistência e a proteção que lhe devemos;

o jovem ou a jovem que furtamos dos braços de nossos filhos, considerando-os indignos de nossa equipe doméstica, impondo-lhes, direta ou indiretamente, a morte do corpo físico, voltam na condição de netos, em muitas circunstâncias, compartilhando-nos o leito e a vida;

a criança nascitura que arrojamos à vala do aborto desnecessário e que deveria nascer e crescer para o desenvolvimento da afetividade pacífica, entre os nossos descendentes, costuma encontrar novo berço em nosso clima social, reaparecendo na condição do homem ou da mulher que, mais tarde, nos aborda a organização familiar exigindo-nos pesados tributos de aflição;

as criaturas que enganamos, no terreno do afeto, em outras estâncias, habitualmente retornam até nós por filhos-problemas, reclamando-nos atenção e carinho constantes para o reajuste emocional que demandam.


Frustrações, conflitos, vinculações extremadas e aversões congênitas de hoje são frutos dos desequilíbrios afetivos de ontem a nos pedirem trabalho e restauração.

É possível haja longa demora na aceitação geral da verdade por parte dos agrupamentos humanos, em nos reportando ao mundo genésico.

Dia virá, porém, no qual todas as criaturas compreenderão que o espírito, onde estiver, conforme aquilo que plante, em matéria de afetividade, isso também colherá.



Irmão Saulo

O princípio da reencarnação é a chave que nos abre a compreensão para todos os problemas humanos. Sem ele tudo é mistério e confusão em nossos destinos e a justiça de Deus nos parece absurda. Essa chave foi perdida a partir do IV século da nossa era. As religiões cristãs, adaptando-se aos formalismos pagãos e judaicos, perderam a chave que Jesus lhes havia deixado em seus ensinos, como ainda hoje podemos ver de maneira inegável nos Evangelhos. O Cristianismo aturdido não pôde encontrá-la nos caprichosos labirintos da Teologia, formulada pelos novos doutores da lei.

Dezoito séculos depois de Cristo os cristãos se veriam desarmados diante do desafio da razão esclarecida pela evolução cultural. O mundo convertido ao Cristianismo voltaria então às fontes esquecidas da cultura pagã. Essa apostasia, como a do Imperador Juliano, o lançaria de novo nos dilemas insolúveis da razão desprovida de luz espiritual. Há dois séculos nos debatemos nesse torvelinho de loucuras, mas há mais de um século o Espírito da Verdade, prometido por Jesus, vem renovando na Terra o ensino do Mestre, graças ao restabelecimento da comunicação mediúnica permanente e natural que nos devolve a chave perdida da reencarnação.

A liberdade para a vida afetiva, que procuramos nas ilusões do corpo carnal, está na realidade do espírito, onde somos, como Jesus ensinou, semeadores que saíram a semear. A semeadura que fizermos determinará a nossa colheita, pois as leis naturais nos escravizam aos seus resultados inevitáveis. Quem planta joio não pode colher trigo. Se semeamos desequilíbrios afetivos em nosso caminho, como queremos colher os frutos do equilíbrio?

Por outro lado, se a semeadura do passado foi má, como corrigi-la, se continuarmos a semear as mesmas sementes? A chave da reencarnação nos abre as portas do entendimento. Temos de renovar as nossas sementeiras. Mas se dermos ouvido às teorias loucas da razão pagã, desprovida de luz, que pretendem considerar como normais as anomalias sexuais, justificando-as com a falsa plenitude dos gozos materiais, não sairemos do círculo vicioso da escravidão sensorial.



Francisco Cândido Xavier


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