No Mundo de Chico Xavier (Especial)
Versão para cópiaChico Xavier e o Cronista Valentim Lorenzetti
A Valentim Lorenzetti, valoroso jornalista de São Paulo, devemos, nós, os espíritas, brilhante e fiel reportagem no grande diário “Folha de S. Paulo”, em sua edição de 10 de julho de 1967, em torno dos quatro decênios de serviço mediúnico de Chico Xavier. Mas a cooperação do notável cronista na divulgação do trabalho realizado pelo médium amigo não ficou apenas nisso. Valentim Lorenzetti quis ouvir Xavier pessoalmente, na sua residência de Uberaba e, desse encontro, surgiu a curiosa entrevista, que ele deu a lume, na folha espírita “O Despertador”, de São Paulo, em seu número de julho de 1967, e que temos a honra de trasladar para o conjunto de nossas páginas, como peça indispensável de nosso livro.
PERGUNTAS E RESPOSTAS EM UBERABA
O Jornalista Valentim Lorenzetti entrevista o médium Chico Xavier:
R — Ser espírita, segundo Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, é ser o cristão genuíno, com a obrigação de pautar a vida pelos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus-Cristo, dentro da liberdade de raciocinar e discernir no campo da própria fé.
R — Desde criança sentia necessidade de conhecimento em torno dos fenômenos mediúnicos de que me via objeto e, acompanhando o tratamento espiritual de uma irmã doente, em 1927, tive a felicidade de encontrar, pelas mãos de um amigo, os princípios codificados por Allan Kardec.
R — Todos os direitos autorais dos livros por mim recebidos de nossos benfeitores Espirituais, pertencem às instituições espíritas que os editam para fins de divulgação da Doutrina Espírita e para a sustentação de obras assistenciais.
R — Nunca recebi cousa alguma pela venda das livros de nossos Amigos Espirituais, por intermédio de minhas faculdades mediúnicas, de vez que esses livros são de autoria deles, cabendo-me tão somente a alegria de cooperar com eles, os amigos da Vida Maior, na função de intermediário, durante as horas de cada dia, que posso dar ao serviço mediúnico.
R — Uma das experiências que mais me comoveram nos Estados Unidos foi a que colhemos, em nosso primeiro contato com o movimento espiritualista da grande nação amiga. Tendo chegado pela primeira vez a Washington, na tarde de 22 de maio de 1965, um sábado, resolvemos visitar um templo de nossa fé, no dia imediato, para começar as nossas tarefas, entre os nossos irmãos norte-americanos, com uma prece de silencioso agradecimento ao Plano Espiritual que com tanta generosidade nos facultara a viagem. Para isso, sem qualquer aviso prévio, fomos nós, um grupo de quatro brasileiros, senhorita Maria Aparecida Pimentel Gonçalves (hoje Mrs. Ventton Harrison, residente na capital norte-americana), Dr. Waldo Vieira; Dr. Irineu Alves e eu, ao “Templo Espiritualista dos Dois Mundos” (The Church of Two Worlds), sediado em 3038 Q Street, N.W. Georgetown, Washington D. C., templo esse dirigido pelo médium Ministro Gordon Burroughs. Quinze horas de domingo, 23 de maio de 1965. O “service” começava. Sentamo-nos os quatro, em lugares do último banco, à retaguarda. Ninguém ali nos conhecia. Acompanhávamos as preces, cânticos e comentários de doutrina, com as nossas orações de reconhecimento a Jesus.
Na parte final da reunião, uma senhora, a médium encarregada de transmitir mensagens ao público, em se dirigindo da tribuna do templo às pessoas presentes, de modo particular, indicou nós quatro à assembleia ali reunida e comunicou, em voz alta, que, nós, os irmãos de outro País, ali presentes, levávamos aos Estados Unidos uma tarefa de renovação espiritual e de aproximação fraterna, acrescentando que o trabalho iniciado reclamava tempo e sacrifício, entretanto, cabia-nos prosseguir, porquanto não nos faltaria o amparo de Jesus e de seus enviados.
Logo após, a médium, em transe, anunciou a presença junto de nós, no recinto, de um professor e de um médico (a teacher and a doctor) que para logo identificamos. Eram nossos benfeitores desencarnados Emmanuel e André Luiz, cuja presença conosco, no momento, o médium Waldo Vieira e eu já havíamos registrado, benfeitores esses geralmente conhecidos em nossas atividades espíritas no Brasil.
Essa mensagem, assim, de público, pelo caráter de espontaneidade com que foi transmitida, nos trouxe imenso estímulo ao trabalho e profundo reconforto aos corações.
Profundamente sensibilizados, ao término da reunião, recebemos o abraço do Ministro Burroughs. Na emoção que me tomara de assalto, quis guardar algum traço daquele inolvidável momento em minha lembrança. Instintivamente contemplei as belas gladíolas róseas que enfeitavam a sala. Perguntei à senhora encarregada da livraria do templo de onde tinham chegado aquelas flores tão lindas. A dama simpática não compreendeu o Inglês paupérrimo de que eu dispunha e julgou que eu perguntava de quem eram as flores e me respondeu que as bonitas gladíolas eram oferecidas às orações daquele dia por Mrs. Fannye M. Wright, em memória de sua mãe Mrs. Ella Debane Johnson.
Tomei nota desses dois nomes e cito-os aqui, não só em homenagem de gratidão aos nossos amigos norte-americanos, mas também como elementos comprobatórios que me autentiquem as informações.
R — Os nossos amigos espirituais Emmanuel e André Luiz, através do médium Waldo Vieira e igualmente por mim, programaram a nossa viagem aos Estados Unidos, de conformidade com os planos de trabalho, formados por alguns confrades brasileiros, lá residentes, no sentido de algo realizarmos pela difusão do Espiritismo Cristão do Brasil, junto aos nossos irmãos norte-americanos.
R — O Espiritismo evangélico, tal qual conhecemos e praticamos no Brasil, está começando agora a ser cultivado na América do Norte. Esta é a impressão que trouxemos de duas viagens consecutivas ao grande país de Lincoln.
R — Por influência de nossos Amigos Espirituais, notadamente através dos nossos companheiros Dr. Waldo Vieira, hoje médico no Rio, e Dr. Irineu Alves, de São Paulo, ficou fundado, em Washington, o “Christian Spirit Center”, que mantém os serviços iniciais de difusão da Doutrina Espírita, como é vista e praticada no Brasil. Além disso, vão sendo regularmente distribuídos, na grande nação do norte, impressos com mensagens de nossos Benfeitores Espirituais, tendo sido lançado em 17 de maio de 1966, o primeiro deles, por nosso intermédio, o “The World of the Spirit”, pela Philosophical Library, de New York.
R — A minha experiência mediúnica nada apresenta, em regime de exceção, comparativamente às observações de outros companheiros da mediunidade. De tudo o que eu poderia dizer, nesse sentido, é que o mundo espiritual próximo de nós reflete o Plano físico em que vivemos, impondo-nos, depois da experiência carnal, os resultados de nossas próprias ações.
R — Os Espíritos Amigos nos advertem que todas as religiões são respeitáveis pelo conteúdo de verdade que encerram. Todas elas são caminhos que conduzem a Deus e ao aprimoramento da alma. Acentuam, porém, que encontramos na Doutrina Espírita, o Consolador prometido por Nosso Senhor Jesus-Cristo à Humanidade, explicando-nos o verdadeiro e claro sentido de seus ensinamentos no Evangelho, de modo a sabermos que não há morte, que a vida continua para lá do túmulo, que a Justiça Eterna funciona na consciência de cada um de nós e que receberemos neste mundo ou nas outras estâncias da Vida Espiritual, os resultados de nossos próprios atos.
A maior diferença entre o Espiritismo e as outras religiões, a nosso ver, é que o Espiritismo nos faculta indagar e conhecer o que devemos aprender e saber, com respeito aos nossos Espíritos eternos, sem que a fé nos imponha barreiras nesse sentido, de vez que no campo espírita a fé precisa ser raciocinada. Temos no Espiritismo o cumprimento da promessa do Cristo: “conhecereis a Verdade e a Verdade vos fará livres”, (Jo
Este texto está incorreto?
Veja mais em...
João 8:32
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa