O Espírito de Cornélio Pires

Versão para cópia
Capítulo XIV
Ilustração tribal

A tagarela


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Nhá Zizita, na Rua do Barreiro,

Já sentia, de muito dar na trela,

Calo de cotovelo na janela

Onde espiava gente o dia inteiro.


Calúnia e invencionice era com ela,

Gostava de folia e de berreiro.

O povo comentava, chocarreiro:

— “Jabiraca da língua de sovela!”


Nhá Zizita morreu… Desencarnada,

Viu atrás dela enorme trapalhada

E gritava: — “Meu Deus! Meu Deus, me acuda!


Deus teve dó de tanto sofrimento

E deu a ela um novo nascimento,

Mas Nhá Zizita, agora, nasceu muda…


Lição que toda pessoa

Aprende com muito custo:

Antes de ser generoso

É necessário ser justo.


Micróbio! Um bichinho inquieto,

Nas verdades que hoje sei,

Parece agente secreto

Em muito caso de lei.


Descrença? Ninguém se importe.

Ateu que vive a dizer

Que a vida acaba na morte

Muito em breve vai saber.


Preguiça quando conversa,

Sob o verniz da instrução,

Parece fala de ouro

Em goela de papelão.




[As poesias destacadas com o texto em cor diversa do negro são devidas à psicografia de Francisco Cândido Xavier, e as outras à de Waldo Vieira.]



Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier

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