O Espírito de Cornélio Pires

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Capítulo II
Ilustração tribal

A mensagem e a resposta


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Dava dó ver o Sítio do Espigão!

O velho dono, o Nico do Norato,

Desanimou de chão; tudo sem trato,

Só carrapicho e mancha de pulgão.


Um dia, a fome veio de arrastão

E o povo aflito, andando pelo mato,

Começou a comer carne de gato

Refogada no sumo de picão.


O patrão foi à prece… Pediu passes,

Um guia aconselhou por João de Casses:

— “Meus filhos, o trabalho é o nosso bem.”


Mas Nico disse irado: — “Acaba isso!

Nós pedimos socorro e não serviço…

Ninguém aqui é burro de ninguém!”


Alguém gravou no carneiro

Do velho Joaquim Lobão:

— Ensinava abstinência,

Morreu numa indigestão.


Da lousa do mestre Armando,

Há muito tempo esquecido:

— Este viveu ensinando

Sem nunca ter aprendido.


Lalau liquidou Quinquim

Com veneno no mingau,

Mas hoje Quinquim é o neto

Que vai herdar de Lalau.


Quem mata o tempo na vida,

Por muito que se conforte,

Acaba enterrado em vida

Muito tempo antes da morte.




[As poesias destacadas com o texto em cor diversa do negro são devidas à psicografia de Francisco Cândido Xavier, e as outras à de Waldo Vieira.]



Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier

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