O Espírito de Cornélio Pires

Versão para cópia
Capítulo III
Ilustração tribal

A morte de Nhá Mina


Temas Relacionados:

Nhá Mina morre aos poucos, num palheiro!…

Lembra a orquestra do Mestre Carmelinho…

Quando moça, rasgava o cavaquinho

Nas noites de alegria no terreiro.


Sozinha lembra… A flauta de Antoninho,

A sanfona, de Juca, Funileiro,

Depois… o mundaréu triste e inzoneiro,

Os maus-tratos e as mágoas do caminho…


Larga o corpo… Ouve acordes na janela,

A orquestra antiga toca junto dela,

Juca, Antoninho, Rita, Zico Prata…


A lua brilha… A noite é uma beleza !…

Nhá Mina sai… Parece uma princesa

Que vai casar no céu com serenata.


Na cova de jasmineiro

Do avarento Calatrava:

— Morreu como carcereiro

Da fortuna, que guardava.


Li no túmulo de Ormindo:

— Foi cristão dos mais fiéis,

Ganhou duzentos mil contos,

Deu mil e quinhentos réis.


Qualquer defeito é mal grande,

Nenhum deles é pequeno.

Escorpião miudinho

Tem a morte no veneno.


Maricotinha enjeitou

Dez filhos de porta em porta;

Hoje, ela quer reencarnar,

Quando nasce, nasce morta.




[As poesias destacadas com o texto em cor diversa do negro são devidas à psicografia de Francisco Cândido Xavier, e as outras à de Waldo Vieira.]



Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier

Este texto está incorreto?