O Espírito de Cornélio Pires
Versão para cópia
A morte de Nhá Mina
Nhá Mina morre aos poucos, num palheiro!… Lembra a orquestra do Mestre Carmelinho… Quando moça, rasgava o cavaquinho Nas noites de alegria no terreiro. Sozinha lembra… A flauta de Antoninho, A sanfona, de Juca, Funileiro, Depois… o mundaréu triste e inzoneiro, Os maus-tratos e as mágoas do caminho… Larga o corpo… Ouve acordes na janela, A orquestra antiga toca junto dela, Juca, Antoninho, Rita, Zico Prata… A lua brilha… A noite é uma beleza !… Nhá Mina sai… Parece uma princesa Que vai casar no céu com serenata. |
Na cova de jasmineiro Do avarento Calatrava: — Morreu como carcereiro Da fortuna, que guardava. Li no túmulo de Ormindo: — Foi cristão dos mais fiéis, Ganhou duzentos mil contos, Deu mil e quinhentos réis. |
Qualquer defeito é mal grande, Nenhum deles é pequeno. Escorpião miudinho Tem a morte no veneno. Maricotinha enjeitou Dez filhos de porta em porta; Hoje, ela quer reencarnar, Quando nasce, nasce morta. |
[As poesias destacadas com o texto em cor diversa do negro são devidas à psicografia de Francisco Cândido Xavier, e as outras à de Waldo Vieira.]
Este texto está incorreto?