O Espírito de Cornélio Pires
Versão para cópia
A enxada
Com febre alta, o velho Zé da Hora Limpa a roça no Sítio da Chapada, Treme, cai… De repente não vê nada, Tudo escuro no campo, terra a fora. Tanto tempo serviu . Mas Zé agora Tem a cabeça branca e fatigada; Morre o sol, vem a noite, e ao pé da enxada, De mão no peito aflito, reza e chora. Zé larga o corpo e, Espírito liberto, Pede luz e eis que a luz surge de perto; Tropeçando, levanta-se… Quer vê-la… Mas cai de novo em pranto de alegria: A enxada do seu pão de cada dia Brilhava convertida numa estrela. |
Inveja em torno? Desculpa. Todo o despeito de alguém É quase sempre louvor Aquilo que não se tem. A luta pior da vida É aquela de se manter Uma luta com quem luta Sem ter nada que perder. Independência real Tem muito que obedecer. Quem deseje liberdade Que se escravize ao dever. Muito herói parece quadro Composto de traço incerto Que só pode ser louvado Se não é visto de perto. |
[As poesias destacadas com o texto em cor diversa do negro são devidas à psicografia de Francisco Cândido Xavier, e as outras à de Waldo Vieira.]
Este texto está incorreto?