O Espírito de Cornélio Pires
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Partida de Nhá Cota
Sigo com o povo o enterro de Nhá Cota, Fazendeira mandona, viúva e rica… Tanta reza na Mata da Mumbica!… Nunca se viu sovina tão devota. Contava e recontava prata e nota, Brigava por restolho de canjica… Bebeu muito remédio de botica, Mas morreu na tigela de compota. Baixado o corpo à cova grande e calma, Procuro ver Nhá Cota em véu e palma, Subindo ao céu, na capa de ouro e renda… Mas, só depois de muito pega-pega, Fui encontrar Nhá Cota, surda e cega, Agarrada no cofre da fazenda. |
Grande inscrição de lembrança Na campa do João de Souza: — Afinal, aqui descansa Quem nunca fez outra cousa. Legenda na sepultura Do devoto Zé Pilão: — Morreu fazendo uma prece Com dois porretes na mão. Causa e efeito — lei segura Que a gente enxerga de sobra. Mordida de cobra cura Com veneno de outra cobra. Quem lhe fala, meu amigo, Dos tristes defeitos meus, Se vem conversar comigo Chega falando dos seus. |
[As poesias destacadas com o texto em cor diversa do negro são devidas à psicografia de Francisco Cândido Xavier, e as outras à de Waldo Vieira.]
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