O Espírito de Cornélio Pires

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Capítulo VII
Ilustração tribal

Partida de Nhá Cota


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Sigo com o povo o enterro de Nhá Cota,

Fazendeira mandona, viúva e rica…

Tanta reza na Mata da Mumbica!…

Nunca se viu sovina tão devota.


Contava e recontava prata e nota,

Brigava por restolho de canjica…

Bebeu muito remédio de botica,

Mas morreu na tigela de compota.


Baixado o corpo à cova grande e calma,

Procuro ver Nhá Cota em véu e palma,

Subindo ao céu, na capa de ouro e renda…


Mas, só depois de muito pega-pega,

Fui encontrar Nhá Cota, surda e cega,

Agarrada no cofre da fazenda.


Grande inscrição de lembrança

Na campa do João de Souza:

— Afinal, aqui descansa

Quem nunca fez outra cousa.


Legenda na sepultura

Do devoto Zé Pilão:

— Morreu fazendo uma prece

Com dois porretes na mão.


Causa e efeito — lei segura

Que a gente enxerga de sobra.

Mordida de cobra cura

Com veneno de outra cobra.


Quem lhe fala, meu amigo,

Dos tristes defeitos meus,

Se vem conversar comigo

Chega falando dos seus.




[As poesias destacadas com o texto em cor diversa do negro são devidas à psicografia de Francisco Cândido Xavier, e as outras à de Waldo Vieira.]



Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier


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