Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas Universais e ao Apocalipse
Versão para cópiaIntrodução às Cartas de Pedro
Pedro é um dos mais importantes personagens do Novo Testamento. Sendo um dos primeiros apóstolos a receber o convite de Jesus, desde o princípio ele aparece normalmente com algum grau de distinção. Jesus o convida com a proposta de fazê-lo “pescador de homens” (Lc
Apesar das deferências a ele concedidas, Pedro é uma figura que carrega também os seus desafios e idiossincrasias. Normalmente, aparece como alguém rígido, não só nos costumes, mas também nas ideias. Determinado e às vezes impulsivo na defesa do que considera correto, haja vista o episódio em que ele corta a orelha de Malcos, o soldado que vinha prender Jesus no Getsêmani. (Jo
É natural, portanto, que algum legado direto dessa figura tão importante figurasse entre os escritos do Novo Testamento. Temos, assim, as duas cartas a ele atribuídas. Isso, contudo, não é algo isento de controvérsias, uma vez que a autoria dessas duas cartas é motivo de controvérsia entre os estudiosos.
Estrutura e temas
Destaca-se, em ambos os escritos, as orientações que abrangem um espectro amplo da conduta cristã, e abarcam dos anciões aos jovens, dos esposos aos servos e senhores. Estão presentes também as advertências contra os falsos mestres e a exortação à esperança e à fé, diante das tribulações e dores.
Estão presentes também a exaltação do Cristo e uma conexão importante com algumas narrativas do Antigo Testamento, como a história de Noé sendo a prefiguração do rito do batismo (mergulhar) em 1Pe
O autor das duas epístolas conhece e reverencia os textos do Antigo Testamento (2Pe
Temas e versículos:
Saudação e destinatários, 1Pe
Louvor a Deus e exaltação de Jesus, 1Pe
Alegria na fidelidade a Jesus, 1Pe
Os profetas revelaram a salvação presente, 1Pe
Recomendação de conduta, 1Pe
A conduta entre os gentios, 1Pe
A conduta entre as autoridades, 1Pe
A conduta com os superiores, 1Pe
A conduta entre os conjugues, 1Pe
A conduta entre os irmãos, 1Pe
A conduta nas perseguições, 1Pe
Sentido da morte de Jesus, 1Pe
Pregação aos Espíritos em prisão, 1Pe
O batismo prefigurado na história de Noé, 1Pe
Necessidade de romper com o pecado 1Pe
Manter a esperança — o fim está próximo, 1Pe
Hospitalidade, 1Pe
Consagração ao serviço, 1Pe
Felizes os que sofrem pelo Cristo, 1Pe
Exortações aos anciães, 1Pe
Exortação aos jovens, 1Pe
Saudações finais, 1Pe
Temas e versículos:
Saudação e destinatários, 2Pe
Nos foram dadas todas as condições para a vida e a fé, 2Pe
Necessidade de esforço para a aquisição das virtudes, 2Pe
Depoimento pessoal e testemunho, 2Pe
A importância das escrituras, 2Pe
Existiram e existirão falsos doutores e profetas, 2Pe
Ação Divina no passado, presente e futuro, 2Pe
Ações e consequências, 2Pe
Equívocos dos descrentes e escarnecedores, 2Pe
O tempo do Senhor e o dia do Senhor, 2Pe
Apelo à conduta correta, 2Pe
Ensinos das cartas de Paulo, 2Pe
Admoestação e saudação final, 2Pe
Destinatários
As duas cartas atribuídas a Pedro possuem uma destinação genérica. A primeira é endereçada aos “peregrinos da diáspora” e a segunda aos “que conosco adquiram a fé”. Há uma conexão entre as duas cartas em 2Pe
Autoria
Embora os atestados internos e a praticamente unânime aceitação da autoria por parte dos Pais da Igreja, a crítica moderna frequentemente contesta a autoria de Pedro para as duas epístolas. A dúvida normalmente surge tendo por base o excelente uso do grego koiné nas cartas, a citação do Antigo Testamento a partir da septuaginta e uma exegese muito aprimorada da Torá, particularmente nos casos de Noé e Moisés. Isso seria, segundo os que defendem outro autor que não Pedro, incompatível com os dados biográficos presentes em Atos, que classificam Pedro como simples pescador da região de Cafarnaum e Betsaida. Isso, contudo, não é um argumento definitivo. Além disso, a menção ao nome de Silvano, no final de I Pedro, levanta a questão do porquê alguém escrevendo em nome de Pedro, anos mais tarde, utilizaria um nome conhecido dos primeiros cristãos, atribuindo-lhe o papel de responsável por meio do qual a epístola seria escrita e talvez entregue aos destinatários.
Origem e datação
Em termos de local de origem, pesa a utilização do termo Babilônia (1Pe
O problema da datação é um pouco mais complexo, visto estar intimamente ligado à questão da autoria, e oferece em II Pedro desafios adicionais.
Os dados internos das cartas são insuficientes para uma datação inequívoca. Sabemos que Pedro conhece as cartas de Paulo e a sua importância (2Pe
Perspectiva espírita
Pedro é uma figura que personifica o ser humano em suas virtudes e idiossincrasias, desafios e conquistas. Ele nos mostra que as nossas concepções de verdade e de bem devem se afastar cada vez mais do egocentrismo e do preconceito, dando espaço estabeleceu no apóstolo de súbito, demandou tempo e é na perspectiva do tempo que transforma que entendemos mais profundamente a personalidade e a importância de Pedro, já que, em regra geral, a nossa própria transformação demanda também um considerável espaço de tempo e experiências.
Além do tempo, o fator mais importante na transformação de Pedro, que se reflete na nossa própria autotransformação, é a presença do Cristo. Jesus acompanhou Pedro de perto, não faltando com as orientações e advertências, mas sempre confiante na vitória sobre si mesmo daquele que marcaria de maneira indelével o conjunto das comunidades dedicadas à vivência do Cristianismo. Essa permanência deriva do fato de que o olhar de Jesus para Pedro, e, por extensão, para cada um de nós, não é o do superior que desconsidera o inferior, mas o do Mestre que reconhece no discípulo aquilo que ele possui de virtudes em seu íntimo, trabalhando para dilapidar e libertar o que há de bom dos emaranhados transitórios dos equívocos. Por isso Emmanuel nos diz que:
“Aos olhos de muita gente, Simão Pedro era fraco e inconstante; para ele [Jesus], contudo, representava o brilhante entranhado nas sombras do preconceito que fulgiria à luz do Pentecostes para veicular-lhe o Evangelho.”
E prossegue afirmando:
“Em Pedro, no dia da negação, não repara o cooperador enfraquecido, mas sim o aprendiz invigilante, a exigir-lhe compreensão e carinho, e, por isso, transforma-o, com o tempo, no baluarte seguro do Evangelho nascente, operoso e fiel até o martírio e a crucificação.”
Ver em Comentários às Cartas de Pedro - I Pedro
Trecho retirado de Palavras de vida eterna. FEB Editora; CEC. Capítulo 35. — . In. O Evangelho por Emmanuel — Comentários ao Evangelho segundo Mateus. (Nota da Editora.)
Trecho da mensagem . Reformador, janeiro de 1956, p. 6. In. O Evangelho por Emmanuel — Comentários ao Evangelho segundo Mateus. (Nota da Editora.)
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