Dois Maiores Amores, Os

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Capítulo VIII

Estrela


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Mãezinha querida. Enquanto a música festiva celebra a passagem de teu dia na Terra, venho falar-te a sós.

Sei que te ocultas na humildade, como se não fosses a nossa heroína de cada dia, entretanto, estás escondida entre nós, qual estrela brilhando na escuridão!…

Ante os poemas de louvor com que te honram a bênção, entro no santuário da memória para lembrar-te. E recolho, na concha da saudade, as canções com que me guardaste o berço, as palavras de ternura com que me deste apoio aos primeiros passos, o aconchego de teu colo e o veludo de tuas mãos…

Mas revejo, igualmente, o olhar agoniado com que recebias o golpe de nossos erros e o teu silêncio misturado de lágrimas, quando nosso gesto impensado te buscava ferir. Nunca falaste em perdão, porque nunca te detiveste nas nossas altas, para seres em nossa estrada somente amor. Sei agora, contudo, quantas cruzes invisíveis de sofrimento te algemamos no coração…

Os dias passaram, ensinando-me o alfabeto da experiência no livro de tua própria renúncia e eis-me aqui, de alma renovada, para exaltar-te a glória desconhecida.

Quisera ofertar-te os mais belos tesouros do mundo, no entanto, mãezinha, o ouro da terra é simples metal duro e frio, quando se trata de brindar uma estrela…

Trago-te, assim, as flores do meu afeto, para que o perfume da minha oração de enternecimento e alegria desfaleça de amor aos teus pés, no trono de sacrifício em que Deus te coloca.

E estendendo os meus braços, sequiosos de teu carinho, repito, de novo, em preces — Estrela divina, envolve-me em tua luz!…




Meimei
Francisco Cândido Xavier


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