Palavras do Coração Vol. 1

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Capítulo IV

Caravana


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Qual se te visses em meio de grande multidão, da qual participas, observas os que passam, renteando contigo na caminhada.


Natural que te enterneças, ante os que se apresentam infortunados e enfermos.

Os tristes e os fracos, os cansados e os esquecidos te arrancam melodias de ternura às cordas do coração.

Entretanto, não silencies essa música da alma à frente daqueles outros que te pareçam felizes.


Não raro, indagas a ti mesmo porque passam tantos deles, como se não enxergassem o sofrimento dos semelhantes, qual se andassem sob a hipnose do luxo e do prazer.

Não te precipites, porém, no espinheiral da censura. Abençoa e serve a todos, tanto quanto puderes.


Bastas vezes, o homem que se te adianta em caminho, na posição de comandante da fortuna, traz um cérebro esfogueado por aflições que não conseguirias suportar; outro, que se te afigura perdulário, quase sempre é doente buscando a fuga de si próprio; outro ainda que avança, recolhendo condecorações e medalhas pelos recursos que conseguiu entesourar, frequentemente, é um mendigo de amor, relegado à solidão; a mulher que enxergaste ricamente trajada costuma ocultar no peito enorme vaso de lágrimas que não conseguem cair; e aquela outra que se te revela por expoente de beleza e poder, muitas vezes, transporta uma cruz de fel por dentro do coração.


Não critiques e nem apedrejes criatura alguma. Na Terra e fora da Terra, integramos a imensa caravana que se desloca incessantemente para diante.


Não reproves ninguém. Todos somos viajores nas estradas da vida, necessitando do auxílio uns dos outros e todos estamos seguindo com sede de compreensão e fome de Deus.




(Anuário Espírita 1999)



Meimei
Francisco Cândido Xavier


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