Palavras Sublimes

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Capítulo XI

Sobre o livro de Findlay


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Meu amigo, seja a minha palestra desta noite a opinião despretensiosa do irmão mais velho sobre a obra de Arthur Findlay.

De fato, grande valor elucidativo nos apresenta o seu conteúdo meditado no cadinho das análises minuciosas.

O grande objeto de todos os centros espiritualistas na atualidade deveria ser o de movimentarem-se, dentro da atividade e do estudo, colocando a feição moral da Doutrina em colaboração com a análise científica das expressões fenomenológicas que os fatos psíquicos oferecem no seu desdobramento incessante. É certo que semelhantes fenômenos nos conduzem indubitavelmente às ilações morais e religiosas, básicas e imprescindíveis. Todavia, a contribuição científica se reveste de grande eficiência como fator de alicerce inamovível das consoladoras certezas espiritualistas.

tem essa vantagem: a de conduzir o estudioso aos limites mais profundos da questão, dentro de raciocínios bem formados e de lógica irretorquível. Espírito incansável de investigador, esse cientista procura apresentar demonstrações do nosso modo de vida, com as características novas do nosso meio. Contudo, temos a considerar que tantas são as modalidades sob as quais se nos apresenta a vida espiritual, e tantas as dificuldades de nos expressarmos fielmente dentro de nossas realidades de aquém-túmulo, em virtude da ausência de leis analógicas para que estabeleçamos um devido termo de comparações, que se torna altamente difícil descrever em seu todo as verdades de ordem material do ambiente onde nos movemos, fora das vossas impressões sensoriais. De fato, o mundo que denominais Plano Errático, onde nos conservamos logo depois de nossa desencarnação, e onde guardamos o corpo de nossas impressões físicas mais íntimas, não está longe do vosso meio comum.

Bem sabeis que o ar que respirais ainda é um elemento bastante grosseiro, em face do éter, elemento primordial da energia, onde repousam, com toda a grandiosidade das leis que lhes presidem aos destinos, todos os seres e todos os mundos. Portanto, além das vossas formas de matéria, de movimento e de energia, outras existem, mesmo no ambiente da vossa vida comum, mais delicadas e mais rarefeitas, como expressões transitórias entre dois Planos. Semelhantes atividades são, por enquanto, inapreensíveis aos vossos sentidos restritos, sobremaneira limitados. Mesmo à perquirição científica, esses movimentos da natureza invisível estarão sempre ocultos, porquanto temos a considerar, a par dos instrumentos imperfeitos de que dispõe a vossa ciência, a estrutura do olho humano, apto a surpreender apenas a quantidade exata de fenômenos vitais necessária à evolução pessoal dos indivíduos.

Leis sábias e equitativas imperam sobre essa ordem de coisas e, daí, a existência dessa porta, até agora inviolável e inacessível ao vosso conhecimento, onde as religiões colocam a figura extravagante do dogma e em cujo local a ciência materialista colocou o denominado “incognoscível”. Todavia, o futuro muito revelará ainda ao homem, desde que ele se disponha ao trabalho de aquisição do preciso progresso moral, quintessenciando a matéria e apurando o mundo de suas sensações. A ciência, então, caminhará no roteiro da descoberta de novas forças ocultas, novas, aliás, em virtude de sua ignorância com respeito à existência delas, chegando-se, assim, a um acordo entre as forças subjetivas e objetivas, dentro de cuja esfera se desdobra o panorama das vossas existências, compreendendo-se, igualmente, a grande lei unitária que rege todas as coisas do Universo, que aos vossos olhos espirituais se apresentará na sua grandeza como infinito repositório de forças fisiopsíquicas, extinguindo-se a velha luta do dualismo versus monismo e reconhecendo-se as forças inteligentes da unidade em todos os Planos da natureza.

Quanto à parte fenomênica e experimental de que essa obra é portadora, poderá o amigo, mais tarde, fornecer-me o seu questionário para organizarmos um plano útil aos estudiosos do assunto.

Sobre a possibilidade de realizarmos fatos idênticos aos que foram observados pelo autor, tornar-se-á mister descobrirmos em nosso ambiente novas forças mediúnicas, que nos prestassem o devido coeficiente de possibilidade de realização.

Entre os “sujets”, poderemos considerar duas grandes classes: os eminentemente passivos e os altamente ativos, no plano da sua inconsciência no transe. Os primeiros concentram em si o “quantum” de forças emissoras que podemos congregar, dentro de nossas atividades, para a efetivação dos fenômenos mais íntimos que a metafísica classifica de intelectuais. Os segundos tomam essas forças e as irradiam do seu ponto de concentração, operando os chamados fenômenos físicos, onde se incluem a levitação, os movimentos de contato, a ectoplasmia nas materializações, a pneumatografia, as vozes diretas, etc. O nosso médium está incluído na classe dos primeiros, daí a necessidade de recrutarmos elementos novos, aptos a nos fornecerem as possibilidades requeridas para a realização desses fenômenos mais diretos em nossas reuniões.

Que Deus auxilie os meus amigos nos bons propósitos de que se acham possuídos. Mais tarde, voltarei a escalpelar de novo o assunto.




Reformador — 1º de maio de 1936.

A obra On The Edge Of The Etheric: Being An Investigation Of Psychic Phenomena, de Arthur Findlay, de 1931, foi posteriormente publicado pela Federação Espírita Brasileira em português com o título No limiar do etéreo. A referida mensagem foi dirigida ao Dr. Rômulo Joviano, chefe de Chico Xavier na Fazenda Modelo, na noite de 8 de abril de 1935, com suas considerações sobre a obra.

Em referindo-se a Chico Xavier.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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