Palavras Sublimes

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Capítulo LXIII

Do discípulo ao mestre


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I

Torna Caim ao lodo subterrâneo.
Ante a espada homicida se prosterna,
Apagando a flamívoma lanterna
Do raciocínio que lhe flui do crânio.

Nele o impulso do bem morre frustrâneo
Sob a força que, ríspida, o governa
Desde o negro machado da caverna
À tragédia dos átomos de urânio.


Rei protervo da carne, a sombra estende-o
Num caminho de sangue e vilipêndio,
— Triste lobo a exibir trismos medonhos!


Anjo e besta, no ergástulo da treva,
Chora e ruge no orgulho que o subleva
E cai vencido sob os próprios sonhos.


II


Senhor, este é o herói do desconforto,
De fronte enorme e pensamentos parcos
Que ainda escarnece dos divinos marcos,
Que acendeste no mundo amargo e morto…


Sofre a angústia do náufrago sem porto
E embora eleve chamejantes arcos
Traz consigo o veneno que há nos charcos
E os resíduos genésicos do aborto.


Multiplica-lhe os títulos avulsos
De sofrimento que lhe algeme os pulsos,
Vigiando-lhe o espírito inconverso!


Sem tua cruz de lágrimas divinas,
Transformaria a Terra que iluminas
Em trevoso presídio do Universo!





Reformador — Novembro de 1948.

Consta do original a informação de que esse soneto foi psicografado em 31 de outubro de 1948.



Augusto dos Anjos
Francisco Cândido Xavier

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