Palavras Sublimes

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Capítulo VIII

O mesmo brado de imortalidade e de fé


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Bem doloroso é o espetáculo da época que vindes atravessando, a qual apresenta a mais profunda característica de uma transição no terreno político-social. Afigura-se-nos que no mundo terreno periclitam, abalados em seus alicerces, todos os institutos do progresso, apesar dos grandes surtos evolutivos da ciência e da civilização nestes últimos tempos. Aliás, o vosso século, desde o seu início, se assinala por lutas de toda espécie, como se a humanidade, no limiar de uma era nova, se houvera perturbado diante da nova senda de sua evolução. Desse estado singular da consciência coletiva nascem as lutas medonhas a que assistis, como índices de renovações necessárias e benfazejas.

A confusão parece completa. As administrações não se entendem e a paz é um mito fugitivo, não obstante as organizações políticas mantenedoras da sua intangibilidade. Quer isso dizer que os institutos pró-paz faliram nos seus programas como vindes observando continuamente. É que não pode haver paz por imposição. A paz tem que ser um reflexo de sentimentos generalizados por efeito do esclarecimento das consciências. Ora, a paz que pretendem implantar é a que resulta dos regimes de força, aparentes e fictícios, como todas as coisas transitórias do mundo. No planeta terrestre, todos os distúrbios são fruto da crise espiritual que avassala os corações. Jamais, como agora, os homens necessitaram tanto da verdade. Não será, pois, ocioso repetirmos que, atualmente, há mais necessidade de luz espiritual do que de pão e é por isso que os desencarnados cooperam ativamente convosco na extinção da irreligiosidade universal, causadora das grandes perturbações da consciência humana. Ela crucifica os corações, incentiva os abusos de toda espécie, dando causa ao malogro de todas as iniciativas edificantes, empobrecendo a economia e devorando a vida dos povos.

Faz-se mister uma compreensão mais profunda e mais clara da obra cristã, deturpada em seus sagrados princípios pelos exploradores, que vêm traficando com o objeto divino das religiões, atreitos exclusivamente aos interesses materiais, num funesto esquecimento dos grandes bens da vida.

Colaboremos com Jesus, que se conserva sempre na direção dos destinos humanos, não obstante afigurar-se, às vezes, o contrário.

Nos tempos hodiernos, a palavra dos “mortos” se faz ouvir concitando os homens ao cumprimento dos seus nobres deveres. Por enquanto, essas vozes estão isoladas. Mas não passará muito tempo em que todos nós soltaremos unidos , consagradas todas as energias ora dispersas para a edificação do monumento da luz e da verdade no futuro.

Quanto a essas guerras que tanto vos comovem com os seus quadros vivos de desolação, de crueldade e de dor, considerai que há uma sabedoria inescrutável dirigindo o nosso destino, apesar da parcela de liberdade que nos é concedida para desenvolvimento das nossas faculdades de iniciativa.

Ai dos algozes dos povos! Para eles, o futuro será noite mais erma e mais tenebrosa! Na Terra e no Espaço universal há um processo de justiça inacessível ainda ao entendimento dos vossos juristas.

Ponderando, pois, todas essas verdades, auxiliai-nos com o vosso esforço, porquanto é da ação conjugada de todos os elementos a prol do bem que poderá nascer o novo dia, radiante e feliz, da humanidade!





Reformador — 1º de dezembro de 1935.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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