Poetas Redivivos

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Capítulo CVII

O avarento


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Vivera encastelado entre pepitas de ouro,

Conservava os dobrões em constante revista…

Padecera penúria, avaro e calculista,

Para afagar, sozinho, o metal frio e louro.


Por mais a angústia, cerce, implore, clame e insista,

Dar lhe parece ater-se à loucura e ao desdouro;

A ambição pede mais para o tempo vindouro,

Mas o tempo galopa e a morte surge à vista.


Regela-se-lhe o corpo em triste pesadelo!…

Afanam-se na cova os vermes para vê-lo…

Ele acorda, estremece, agita-se, reclama…


Dementado, a razão, por fim, se lhe tresmalha,

Crê-se no leito antigo, ao toque da mortalha,

E vê ouro e mais ouro onde há lama e mais lama.




José Cirilo das Chagas
Francisco Cândido Xavier

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