Poetas Redivivos

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Capítulo XXXIII

Bailarina


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Lembro-me agora, sim… O crepúsculo entorna

Tons velutíneos de ouro entre nuvens de opala.

Entontece-te o vinho, a música te embala

E ofereces na dança a taça doce e morna.


Quantos caem no sonho em trágica madorna!

Arrastas sob os pés os corações sem fala…

Imperas, soberana; e obedeces, vassala;

Ninfa, volves da estrela e a lama te suborna.


Flor de gaze e cetim, na ribalta de Roma,

Hoje, trazes no peito horrendo carcinoma,

Em cujo lodo triste o pretérito arrasas.


No entanto, pela dor, hás-de reerguer-te, um dia,

E bailarás, no Céu, por vestal da alegria,

Exaltando o amor puro, ao sol das próprias asas!…




Cícero França
Francisco Cândido Xavier

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